segunda-feira, março 29, 2010

O último frete

(imagem Kaos)
Para Cavaco Silva, o pior que lhe poderia acontecer em sua estratégia a caminho de nova eleição presidencial, seria deparar-se agora com uma crise governamental. Conhecendo Sócrates e a sua habilidade para ganhar junto da opinião pública os conflitos que com mestria provoca, o presidente foge, como gato de água fria, de todas as situações que de algum modo podem dar pretexto à irascibilidade do primeiro-ministro. A desaprovação do PEC no Parlamento seria uma delas.
Manuela Ferreira Leite acedeu ao pedido do presidente, apesar de contrariar a vontade da comissão política do PSD, ao viabilizar a aprovação do PEC.
São frouxos e caricatos os argumentos com que Cavaco Silva pretende condicionar a nova liderança do PSD. Ninguém acredita que nos tempos de hoje as empresas de rating se deixem manipular pelas opiniões dos políticos, dos partidos ou dos parlamentos. São os dados económicos técnicos e objectivos que analisam, que condicionam os seus pareceres e não as vontades subjectivas dos governos ou dos parlamentos. Mais do que a irritação dos mercados financeiros o que Cavaco Silva teme é a irritação de Sócrates.

As flores de Sócrates

(imagem "o indesmentível)
A empresa de arranjos florais Nada Mais Nada Menos contratada pelo Estado por 63 mil euros para fornecer flores à residência oficial do primeiro-ministro, José Sócrates, apresentou desde que abriu portas, em Outubro de 2008, um volume de negócios trimestral no valor de 900 euros, o que dá 300 euros por mês.
A empresa está matriculada na Conservatória do Registo Comercial de Lisboa, mas não tem site na internet nem funciona como estabelecimento comercial público. Segundo apurou o CM, a empresa está registada num quarto andar na freguesia de São José, em Lisboa, no mesmo endereço que serve de residência à proprietária, Maria Margarida Subtil.
A 22 de Janeiro passado, a Nada Mais Nada Menos celebrou um contrato por ajuste directo com a Secretaria-geral da Presidência do Conselho de Ministros para o fornecimento de flores a São Bento nos próximos três anos, por 63 mil euros, o mesmo que dizer 57,5 euros por dia
.

Kashmiri women cry upon seeing a relic of Sheikh Abdul Qadir Jeelani, a Sufi saint, on his death anniversary in Srinagar March 28, 2010. Thousands of Kashmiri Sufi Muslims gathered on Sunday at the shrine of Jeelani, also known as Shah-e-Baghdad (King of Baghdad), on his 870th death anniversary to offer special prayers. (Reuters)

A child stand at the site where Ultra-Orthodox Jewish man collect water from a spring near the West Bank Jewish settlement of Beit Horon, as they take part in the ritual of "Mayim Shelanu" March 28, 2010. The water is used to prepare matza, the traditional unleavened bread eaten during the upcoming Jewish holiday of Passover. Passover commemorates the flight of Jews from ancient Egypt as described in Exodus. (Reuters)


Judíos ultra ortodoxos queman pan en Bnei Brak, a las afueras de Tel Aviv. La quema de pan marca el comienzo de la pascua judía conmemorando el escape bíblico de los judíos de su esclavización en Egipto. Durante la pascua los productos con levadura están prohibidos y cualquier sobra de éstos debe ser quemada antes del comienzo de la pascua. (20 minutos)

sábado, março 27, 2010

O PEC (II)


O PEC, agora apresentado por Teixeira dos Santos, não procura a diminuição do défice através da redução da Despesa Corrente Primária (DCP). Nem outra coisa seria de esperar. Recordemos que enquanto no período 1986-1995 a DCP representava 29,7% do PIB, no período 1995-2001 ela galgou para 35,0%. Uma subida astronómica e não justificável por não ser acompanhada por quaisquer melhorias nos serviços prestados pelo Estado. Os cidadãos não sentiram melhorias na Educação, na Saúde, na Justiça ou na Segurança. A verba correspondente a 5,3% do PIB foi assim completamente desbaratada sem constituir qualquer benefício para os cidadãos. A criação de empresas municipais e outros órgãos do Estado paralelos aos serviços existentes, com dirigentes recrutados das clientelas partidárias, são a principal causa desta fortíssima subida da DCP. Este “edifício” da Administração Pública bem arquitectado pelos nossos políticos, ampliar-se-ia continuamente nos anos seguintes o que explica a subida, sempre crescente, da DCP. É um ónus, que os portugueses desde então pagam anualmente com o seu trabalho e com os seus impostos. Pagam o desperdício, a ociosidade e a corrupção institucional deste “sistema político-administrativo”. E será completamente absurdo pensar que a nossa classe política, por sua iniciativa, poderá algum dia deixar de usufruir tais privilégios.
Ao contrário de medidas de congelamento de salários na Função Pública como o PEC agora determina, num país com os mais baixos salários da UE15 (o salário médio em Portugal é de 645 euros enquanto na Grécia, o segundo país com mais baixos salários na UE15 é de 1.167 euros, dados 2008), um combate à DCP deveria iniciar-se por uma verdadeira Reforma da Administração Pública que extinga as empresas municipais e os outros órgãos do Estado parasitários, criados sobretudo a partir de 1995, e que não prestando qualquer serviço útil à sociedade, acarretam como vimos, gastos na ordem dos 6.000 milhões de euros.
A sociedade portuguesa terá que ver-se livre deste ónus, deste fardo que pesa sobre os seus ombros, que todos os anos se torna mais pesado e que inviabiliza um crescimento económico saudável e convergente com a UE. Só que, para tanto, terá que ver-se livre primeiro deste “sistema” político corrupto - partidário, destas elites políticas, destes partidos de notáveis, desta nova aristocracia sufragada pelas televisões e sondagens.

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sexta-feira, março 26, 2010

O PEC(I)


Dado o descontrolo do Défice Público que atingiu os 9,3% do PIB em 2009, o governo vê-se obrigado a apresentar, por imposição da Comissão Europeia, um plano a quatro anos, pomposamente apelidado de "estabilidade e crescimento". Uma única imposição reclama a CE – a redução do défice para 3% do PIB. Pouco importa à CE, se tal redução é obtida através de receitas de privatizações, de cortes sociais, de aumento de impostos, de redução da despesa pública ou mesmo da venda de território como à Grécia foi recomendado (a venda das suas ilhas).
É absolutamente irracional esta cega exigência da CE, como se da redução do défice através de aumento de impostos ou de redução da despesa pública resultassem os mesmos efeitos no crescimento económico. Enquanto o aumento de impostos afecta negativamente a produção, o desemprego, o crescimento económico e social, a redução da despesa pública corrente primária provoca precisamente efeitos contrários.
Não são portanto indiferentes as opções tomadas, bem pelo contrário, enquanto uma não resolve nem ultrapassa os problemas estruturais dos países, adiando e empurrando as dificuldades sempre crescentes para anos posteriores, a redução da despesa corrente primária fomenta um crescimento económico sustentado.
Não pode assim ser tratado como plano de estabilidade e crescimento (PEC) um plano que apenas se preocupa com a redução do défice, indiferente aos seus efeitos no crescimento económico e social; seria seguramente mais correcto chamar-se de plano de redução do défice, simplesmente.

Flamenco dancer Sara Baras performed during a media preview of her upcoming farewell tour in Madrid Monday. The Spaniard is taking a break from dancing for the first time in 12 years to become a mother (photo journal)

Argentina’s Valeria Pereyra stretched her legs against a wall before competing at the South American Games in Medellin, Colombia, Wednesday. (photo journal)

terça-feira, março 23, 2010

Parabéns Obama


Quando a Europa vira as costas aos seus cidadãos e os obriga a suportar os custos de uma crise, de que não foram minimamente responsáveis, através de aumento de impostos e de “reformas” que se traduzem em cortes nas funções sociais do Estado, Obama, ao contrário, avança com uma verdadeira reforma na Saúde. Com a universalização dos cuidados de saúde agora aprovada vai proporcionar cuidados de saúde a 33 milhões de cidadãos americanos, cidadãos que até aqui não tinham qualquer tipo de sistema de saúde e se encontravam completamente desamparados. É uma reforma com um alcance extraordinário e à revelia dos grandes interesses instalados das companhias seguradoras. Uma reforma que vai custar 940 mil milhões de dólares em 10 anos.
É uma nova América esta. Pela primeira vez contrária às medidas neoliberais que a União Europeia insiste em prosseguir. Uma UE preocupada apenas com os interesses das oligarquias económico-financeiras especulativas, responsáveis pela “crise”, e desprezando em absoluto o cidadão europeu. Com PECs e outras restrições semelhantes, insiste em obrigar o cidadão a suportar do seu bolso as perdas daquelas oligarquias, ávidas de repor quanto antes as ganâncias perdidas. A Comissão Europeia não é senão o comité de gestão dos negócios comuns das oligarquias financeiras especulativas.

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lucian freud

domingo, março 21, 2010

todos iguais


Uma vez mais, o PSD irá desaproveitar a oportunidade histórica de se constituir numa verdadeira alternativa às políticas da governação socialista. Qualquer dos dois candidatos melhor colocados à liderança do PSD, lidos a “Moção de Estratégia Global” de Paulo Rangel e o livro “Mudar” de Pedro Passos Coelho, não encarnam e não apresentam uma verdadeira alternativa política, nem de “ruptura” nem de “mudança”, como as suas candidaturas anunciam.
Uma candidatura que invertesse as políticas neoliberais de Sócrates, na Saúde, na Educação e na Justiça. Cujo equilíbrio das contas publicas não fosse alcançado à custa de cortes nas Funções Sociais do Estado ou do aumento dos Impostos dos trabalhadores e da classe média. Uma candidatura que acreditasse nos ideais da Social-Democracia e colocasse em pratica os seus princípios e interrompesse desse modo o continuado agravamento económico e social do País.

Paulo Rangel é claro quando afirma: “finalmente, o mito da imutabilidade dos mecanismos de protecção social tem prolongado na sociedade portuguesa uma verdadeira ilusão de “status-quo” das políticas sociais…”; “tornam-se igualmente necessárias políticas de forte contenção salarial na função pública”… ;“no lado da receita, são necessários novos modelos de financiamento, nomeadamente através de privatizações…” ou ainda não podemos ficar agarrados aos velhos cânones e às exaustas soluções históricas da social-democracia clássica, desenhadas num contexto histórico marcadamente diferente”. Tudo para a “construção de uma sociedade decente seja lá o que isto quer dizer. Pedro Passos Coelho por seu lado com a mesma clareza enuncia os seus propósitos “Eu concordo com este princípio de acabar com a universalidade na área da saúde e não só".

No fundo, o que Paulo Rangel e Passos Coelho criticam em Sócrates, não são as “reformas” que resultam em cortes nas políticas sociais, nem o congelamento de salários da função pública, nem as privatizações, nem tão pouco o seu neoliberalismo económico e social. O que na verdade os candidatos do PSD criticam, é a falta de eficácia das “reformas” ensaiadas pelo governo de Sócrates, o que constitui uma “alternativa” muito modesta, uma alternativa disposta apenas a gerir a crise, mas não a ultrapassar a crise, o que estará muito longe de uma verdadeira e mobilizadora alternativa ao governo. Lamentavelmente, seguem as pisadas dos seus antecessores - “o Estado não pode ter o monopólio da Saúde, Educação e Segurança Social, o Estado deve sair do ambiente, das comunicações, dos transportes, dos portos, e na prestação do Estado Social deve contratualizar com os privados” (Filipe Menezes); "A política da saúde vai ter muita dificuldade em ser financiada da forma como é. Considero que o SNS gratuito ou tendencialmente gratuito para todos é um aspecto que provavelmente vai ter que ser revisto" (Ferreira Leite).

Nada de novo portanto. Perde assim o PSD a oportunidade de afirmar a sua matriz social-democrata e constituir-se numa verdadeira alternativa de governo, numa mudança, numa ruptura com as políticas neoliberais de desenvolvimento económico que, como a recente crise financeira, económica e social provou, têm provocado nas últimas décadas a par de fracos e sempre decrescentes crescimentos económicos, as maiores e sempre crescentes desigualdades sociais.

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sábado, março 20, 2010

tadinho...


Sócrates: "Comissão de inquérito só serve para me atacar"

sexta-feira, março 19, 2010

Limpar Portugal

quarta-feira, março 17, 2010

menos trabalhadores, mais gestores


As dezenas de milhar de nomeações políticas para cargos de gestão do Estado (incluindo empresas com participação do Estado) são outro factor importante do nosso atraso económico. Ao escolherem-se “gestores” políticos em vez de gestores com curriculum necessário e capaz acarreta inequivocamente como resultado uma gestão menos correcta, por vezes manifestamente errada, e com custos económicos graves. (29.05.2006)

Assim, dezenas e dezenas de milhares de privilegiados, cujo número aumenta a cada ano, têm vindo a esbanjar em benefício próprio, ao longo dos anos, a parca riqueza produzida pelos cidadãos deste País. (12.10.2006)

Assim é na verdade, e não há crise económica que faça recuar esta lógica despesista dos nossos governantes. Na verdade os dados revelados pelo Instituto Nacional de Estatística mostram que há algumas profissões onde, apesar das dificuldades do mercado de trabalho, continua a ser criado emprego. A direcção de empresas ou serviços públicos é uma delas: comparando com o período pré-crise, o aumento foi de 26% e face ao mês homólogo a subida foi de 18%
No Verão de 2008, a taxa de desemprego estava em 7,7% e existiam pouco mais de 80 mil gestores de topo em Portugal. No último trimestre de 2009, já depois de os impactos da crise terem arrasado o mercado de trabalho português, a taxa de desemprego saltou para 10,1%, foram destruídos 114,9 mil postos de trabalho por conta de outrem, mas existem 102.300 directores, ou seja, um crescimento de mais de 20 mil.

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Pilar Rubio, Amaia Salamanca, Norma Ruiz y Salomé Jiménez durante la presentación en Madrid de la película Tensión sexual no resuelta, del director Miguel Angel Lamata (20 minutos)

sábado, março 13, 2010

Congresso PSD


Todos à espera
van gogh

quarta-feira, março 10, 2010

o peso da crise


A EDP Renováveis terminou o ano de 2009 com um lucro de 114,3 milhões de euros, o que corresponde a mais 9,6% face a 2008.

Os Lucros da EDP atingiram 1.212 milhões de euros em 2008 e 1.024 milhões de euros em 2009.

A Portugal Telecom (PT) apresentou hoje um lucro de 684 milhões de euros em 2009, mais 19 por cento do que no ano anterior

O lucro do BES subiu 29,8 por cento no exercício de 2009, face ao ano anterior, para 522,1 milhões de euros

O resultado líquido do Millennium BCP ascendeu a 225,2 milhões de euros em 2008, uma subida homóloga de 11,9 por cento

A Brisa lucrou 161 milhões de euros em 2009, um aumento de 6,4 por cento face ao ano anterior.

Lucros da Mota-Engil terão quase triplicado em 2009

segunda-feira, março 08, 2010

encobrimento


Na comissão Parlamentar de Ética afirmei que todos os dados disponíveis apontam para que existe actualmente em Portugal não apenas «conivência» mas «encobrimento» do poder político por parte do poder judicial.
E quando digo poder judicial refiro-me à cúpula da Justiça e não aos tribunais, aos juízes ou aos magistrados.
Quais são esses sinais?
Vou enumerá-los um a um, para que não haja dúvidas.
Quando o SOL publicou a primeira notícia sobre o caso Freeport, o procurador-geral da República veio a público, no próprio dia, desmentir o jornal.
O título da notícia, como o leitor se recordará, era Ingleses apontam o dedo a ministro português.
Não dizíamos quem era o ministro e muito menos falávamos em José Sócrates.
Mas o PS tocou a rebate – e Pinto Monteiro veio dizer que não havia qualquer carta das autoridades inglesas, nem qualquer suspeita sobre um membro «deste ou doutro Governo».
Só que a notícia era totalmente verdadeira – e Pinto Monteiro teve depois de dar o dito por não dito.

Quando rebentou o caso Face Oculta, Pinto Monteiro disse ao semanário Expresso, em jeito de desabafo, que se fosse preciso punha as escutas cá fora, e assim dissipavam-se de uma vez por todas as suspeitas.
É claro que Pinto Monteiro sabia muito bem que isso não era possível.
E apenas o disse para transmitir a ideia de que, naquelas escutas, não havia nada de menos claro.
Recorde-se que, uns dias depois, Armando Vara viria dizer mais ou menos a mesma coisa – solicitando autorização para divulgar as escutas em que ele intervinha, o que também não era legalmente exequível, como Vara estava farto de saber.

Quando se viu desmentido pela publicação das primeiras escutas – que não eram irrelevantes, como afirmara –, Pinto Monteiro mudou de agulha e passou a dizer que não havia nelas indício de «nenhum crime».
Dando de barato que o PGR tenha deliberado sobre isso sozinho, sem mandar abrir um inquérito, a sua opinião era tudo menos consensual.
Ainda na semana passada, Diogo Freitas do Amaral escrevia: «O caso das escutas só é ‘meramente político’, como diz o PGR, porque este optou por uma concepção muito restritiva do conceito de ‘atentado ao Estado de Direito’».

Esta actuação do PGR veio recordar outro caso, que já estava meio esquecido: o problema do diploma.
Também aí foi Pinto Monteiro a concluir, acedendo a uma solicitação de José Sócrates, que não houve qualquer irregularidade no modo como o primeiro-ministro obteve o diploma na Universidade Independente.
Na altura, toda a gente aceitou como boa a conclusão de Pinto Monteiro.
Mas agora, tendo conta a protecção que o PGR tem dado a Sócrates, também isso é passível de dúvidas.

A suspeita mais grave de todas não é, porém, nenhuma destas.
A suspeita mais grave, que é muito difícil o procurador explicar, é a seguinte: ele sabe há muito tempo que os suspeitos foram avisados de que estavam sob escuta – e que, a partir de 24 de Junho de 2009, as conversas não merecem credibilidade.
Pois bem: Pinto Monteiro, no despacho que fez sobre o caso, enfatiza especialmente uma escuta de 25 de Junho que ‘iliba’ o primeiro-ministro no caso da TVI – escuta essa em que se diz, pela boca de um boy (o impagável, embora bem pago, Rui Pedro Soares), que Sócrates não foi avisado do negócio e está contra ele.
Para proteger o primeiro-ministro, o PGR valorizou, pois, uma conversa que sabe não merecer crédito (e que, com toda a probabilidade, foi forjada).
É a história do gato escondido com o rabo de fora.
Como irá Pinto Monteiro explicar isto – que parece constituir a prova definitiva de que agiu conscientemente para encobrir o chefe do Governo?

Ao ‘abafar' o caso do diploma, ao desmentir notícias do Freeport que depois se confirmaram, ao arquivar certidões do caso Face Oculta sem abrir inquérito, ao desvalorizar escutas que se provou serem relevantes, ao não encontrar quaisquer indícios de crime onde outros encontram, e sobretudo ao valorizar escutas que ele sabia não serem dignas de crédito, o procurador mostrou completa falta de independência.
Pretendeu esconder, iludir, baralhar, desmentir informações, sempre com o mesmo objectivo: ilibar José Sócrates.
Nestas condições, creio que o Presidente da República não tem já alternativa que não seja retirar a sua confiança ao procurador-geral da República.
Pinto Monteiro deixou de ter junto dos portugueses a imagem de isenção e credibilidade necessárias ao exercício da sua elevada função.
Não quero acabar esta crónica sem uma nota sobre o presidente do Supremo Tribunal de Justiça.
Numa mesma noite – e num acto absolutamente inédito em termos nacionais e talvez mundiais, pelo menos em países democráticos –, Noronha Nascimento deu três entrevistas a três televisões.
No essenciaI, o presidente do Supremo disse que, nas escutas a José Sócrates que ouviu, não havia nada de criminalmente relevante.
Aquelas três entrevistas transmitidas quase em simultâneo, como se algo de muito grave tivesse sucedido em Portugal, tiveram como principal consequência a defesa do primeiro-ministro.
E, dado o momento de tensão que se vivia, assumiram um inquestionável significado político.
Ora, Noronha Nascimento tinha obrigação de ter pensado nisso
.

domingo, março 07, 2010

O FESTIVAL


Entram televisões rádios e jornais
e mantilhas pretas
entram compassos e brancos aventais
e alguns poetas
entram risos confusões e mentiras colossais
porque tudo o mais
são tretas.

Entram falas e entrevistas
que não esclarecem nada
Soam brados e olés dos camaradas
que não pagam nada
e só ficam os peões de brega
cuja profissão
não pega.

Entram velhas raposas e juízes
entram sabichões
entram maricas e meretrizes
entram aldrabões
entram procuradores e arrivistas
entram galifões
de crista

Entram boys em catadupa
e o seu amadorismo
entra aquela música maluca
do clientelismo
entra a cândida e a caduca
mais o snobismo
e cismo...

Entram bastonários oportunistas
entram frustrações
entram ferros velhos e futebolistas
e certidões
e entra muito euro muita gente
que dá lucro aos milhões.

E diz o inteligente
que acabaram o jornal das sextas e as canções.

quinta-feira, março 04, 2010

Pinto Monteiro desacreditado


Mas este não é o único engano na cronologia. O despacho que arquivou o caso em que José Sócrates é suspeito de um crime de atentado contra o Estado de direito que tanta confusão gerou, já que o procurador-geral inicialmente disse tê-lo proferido a 21 de Novembro e dois meses mais tarde afirmou que o fez três dias antes, dia 18, vem agora referido como tendo sido realizado a 19 de Novembro.


Una empleada de Carrefour se cuelga un cartel con el mensaje "Super ganga. (20 minutos)

Portugal's Hugo Almeida (L) jumps next to China's Du Wei and Zhang Linpeng (45) during their international friendly soccer match in Coimbra, central Portugal March 3, 2010.
REUTERS/Nacho Doce

quarta-feira, março 03, 2010

como é possível?


Como é possível o Procurador-Geral da Republica, em seus despachos, basear a não abertura de inquérito (como propunham o juiz, o procurador e a policia judiciária de Aveiro), nas escutas que o PGR sabia que com toda a probabilidade eram “escutas plantadas”?

Como é possível o PGR dar todo o crédito a estas “escutas plantadas” e ao mesmo tempo nenhum crédito às outras escutas anteriores a 24 de Junho (quando ainda os arguidos desconheciam que estavam a ser escutados)?

Como é possível este PGR, continuar ainda em funções?

Como é possível o silêncio sobre este assunto do Presidente da República e dos Partidos?

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terça-feira, março 02, 2010

a lógica dos factos


Segundo o magistrado de Aveiro, desde 1 de Julho de 2009, os suspeitos mudaram de telemóvel.
Em 15 de Julho foi instaurado em Coimbra um inquérito para se investigar a origem e autoria da violação do segredo de justiça que favoreceu os suspeitos.
Em 23 de Junho de 2009, Rui.Pedro.Soares, com conhecimento do CEO Zeinal, deslocou-se a Madrid em jacto privado, para "ultimar o negócio da compra da TVI aos espanhóis da Prisa", segundo o Correio da Manhã de 28.2.2009.
Em 24 de Junho de 2009, as conversas gravadas entre suspeitos, eram no sentido de o negócio TVI/PT se encontrar em vias de facto, com contratos já escritos.
Em 25 de Junho, à tardinha, o negócio frustrou-se e os escutados começaram a falar "ao contrário" e a apresentar o negócio que ia de vento em popa, como "um sonho de Zeinal" e como se José S. nunca soubesse do mesmo.
Assim, perante estes elementos que parecem factuais e indesmentíveis ( a não ser que haja erro grave das datas) , algo ocorreu entre o dia 24 de Junho e o dia seguinte.
O que terá ocorrido?
Mais elementos de facto:
Às 11 horas da manhã do dia 24 de Junho, houve uma reunião na PGR entre o procurador de Aveiro e o PGR, com a presença do procurador-geral distrital de Coimbra.
À tarde desse dia, houve uma reunião do PGR com uma equipa especial do DIAP e à tardinha, uma reunião do mesmo PGR no STJ.
Até então, não tinha havido qualquer violação de segredo de justiça, o que é evidente perante o teor das escutas.
E a partir desse dia, como se verifica pelo teor das mesmas e demais elementos que são conhecidos, houve efectivamente um conhecimento pelos suspeitos de algo que os fez alterarar radicalmente o discurso e alterar mesmo o "negócio" que ia de vento em popa e a jacto privado.
Outros elementos de facto:

Em 15 de Julho já havia um inquérito à violação desse segredo de justiça.
Em 23 de Julho o PGR pronuncia-se por escrito relativamente a indícios que lhe foram presentes, em 24 de Junho e posteriormente, por escrito e já com um conhecimento, obrigatório, das suspeitas de existência de violação do segredo de justiça perante os suspeitos.
Em 18 de Novembro 2009, pelo menos, o PGR deu relevo a uma conversa entre os suspeitos que ilibam José S. , conversa essa suspeita, porque mantida depois de 25 de Junho e quando se sabia já que poderiam ser "desconversas" e manobras de diversão para iludir a investigação. Foi essa conversa, além do mais que fundamentou dessa vez, a ausência de "indícios probatórios" para se instaurar inquérito pelos factos denunciados pelos magistrados de Aveiro. (portadaloja)

Há que dizer que sequências não provam nexo, causa ou consequência. Mas também não podem ser omitidas, nem proibidas de referir, por motivo do nexo eventual.
Porém, mais importante é obter uma resposta clara à pergunta: por que o Procurador-Geral da República, Dr. Fernando Pinto Monteiro, no seu despacho de 18-11-2009, terá dado relevo decisivo - sem referir dúvida da veracidade dos factos que os escutados transmitem, nem mencionar o inquérito aberto em 15 de Julho de 2009 no DIAP de Coimbra à fuga de informação para os envolvidos -, a uma conversa alegadamente ocorrida depois de 25 de Junho entre o primeiro-ministro Sócrates e Armando Vara, altura em que os referidos no processo dão indícios de saberem estar a ser escutados, pois alteram completamente a alegada direcção, participação e conhecimento, que dias antes citavam de forma aberta, do primeiro-ministro sobre o negócio de compra da TVI pela PT e ainda de outros meios?
(portugalprofundo)


Não foram as críticas do primeiro-ministro ao jornal de sexta da TVI que levou a direcção a acabar com ele.
Bernardo Bairrão, administrador da TVI, hoje na Assembleia da Republica
photo journal


A tourist takes a photograph with his mobile phone of a woman posing at a piece called "White Cub/Colour Cub" at Belem Cultural Centre in Lisbon March 1, 2010.
REUTERS/Nacho Doce

as multinacionais ganharam

segunda-feira, março 01, 2010

O PGR e as Fugas




Taxa de desemprego

EU (27) --------- 9,5%
Portugal --------10,5%
(Eurostat 01.03.2010)
El pais