terça-feira, maio 25, 2010

eles e nós


Não responsabilizem os cidadãos, não responsabilizem os portugueses pelo estado miserável a que chegaram as contas nacionais. Não nos digam que estamos a viver acima das nossas possibilidades. A média mensal dos salários dos portugueses é a mais baixa da EU a 15, cerca de 850 euros ficando a Grécia, país que nos segue nos mais baixos salários, mas já muito distante de nós, com 1.300 euros.
É certo que a despesa pública primária é relativamente elevada, mas atenção, não são os portugueses, a generalidade dos cidadãos que colhe os benefícios desta despesa pública elevada. Já demonstrámos como este dinheiros públicos são usurpados por uma classe política que os desbarata em seu proveito pessoal, protegida pelo sistema corrupto institucional que tão bem soube urdir ao longo dos últimos anos. Se a despesa pública é elevada não é porque os portugueses usufruam dos benefícios que uma tal despesa faria supor. Hoje suportamos um esforço fiscal superior (em valores relativos) aos de uma Suécia mas estamos a anos-luz dos apoios sociais que este país proporciona aos seus cidadãos.
Portanto, não sejam cínicos ao ponto de atribuir às vítimas o papel de carrascos. Conhecemos os vossos métodos. Manipulando os meios de comunicação social ides procurar manter os vossos privilégios lançando apelos “patrióticos” e tentando forçar os cidadãos a aceitar mais sacrifícios, unidos, num único bloco central de interesses de classe oligárquica.
Em 1996, a nossa dívida líquida externa era de 9.625 milhões de euros o que correspondia a 10,4% do PIB. Em 2009, a nossa dívida líquida externa é de 182.678 milhões de euros que corresponde a 111,7% do PIB. Este aumento brutal, este descontrolo, reflecte uma total irresponsabilidade das nossas elites políticas. Nos últimos cinco anos apenas, por outro lado, a nossa dívida pública directa aumentou 54,73%, cerca de 44.480 milhões de euros. Contudo, se considerarmos o endividamento das empresas públicas não financeiras, as parcerias público privadas e as concessões, haverá que acrescentar àquele valor mais 56.280 milhões de euros.
É o completo descalabro das contas públicas. Compreende-se assim o desnorte que têm demonstrado nestes últimos dias, Sócrates, Teixeira dos Santos e todo o governo.

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sexta-feira, maio 21, 2010

"ataque especulativo”


Queixa-se o governo das dificuldades de financiamento porque o País atravessa, adiantando que tal se deve ao “ataque especulativo dos mercados”. Como se os montantes da Dívida Pública, da Dívida Externa Líquida, da Dívida Externa Bruta, não alcançassem em tão curto período números tão elevados que mais parecem ter fugido a qualquer controlo (a dívida pública subiu de 2004 a 2009, em 44.480 milhões de euros; a dívida externa líquida no mesmo período aumentou de 72.484 milhões de euros; a dívida externa bruta aumentou em igual período em 129.761 milhões de euros (atingindo o valor astronómico de 487.675 milhões de euros). Por outro lado, o crescimento económico do País tem vindo a decrescer de modo acentuado, em média, de 2004 a 2009, a taxa de crescimento económico não foi além de 0,5% ao ano, enquanto o défice orçamental naquele mesmo período atingiu, em cada ano e em média, o valor de 4,6% do PIB (muito acima do mínimo desejável e aceite por Bruxelas de 3,0%).
Emprestar hoje dinheiro a Portugal tornou-se na verdade num grande risco. Com um crescimento económico a decrescer todos os anos, com défices públicos elevadíssimos e com dívidas pública e externa brutais e em descontrolo, torna-se natural que o preço dos credit default swaps se torne cada vez mais alto e os juros dos títulos de dívida pública igualmente cada vez mais altos. É o mercado a funcionar e a pesar os riscos de compra destes produtos financeiros.
Esta, uma situação que se irá agravar seguramente devido à deterioração da situação económica do País como consequência inevitável das medida de austeridade agora impostas pelo PS e o pelo PSD. Com as medidas de política económica propostas pelo PS e pelo PSD, em tudo semelhantes, Portugal seguirá inevitavelmente o seu trajecto rumo ao abismo e à bancarrota. E não haverá Sarcozy ou Merkel que o salve. Voltará o franco e o marco deixando o euro para os pigs, ou então, muito simplesmente, correm com eles do euro.

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quinta-feira, maio 20, 2010


Sócrates aumentou em 79% a Dívida Externa Líquida do País, de 2004 a 2009.

Em 2004, a Dívida Externa Líquida cifrava-se em 64% do PIB ou seja 92.205 milhões de euros. Em 2009 atingiu 100,6% do PIB, isto é 164.689milhões de euros. Em euros, a Dívida Externa portuguesa aumentou portanto naquele período, em 72.484 milhões de euros, ou seja um aumento de 78,6%.

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Afghanistan, May 18, 2010. (reuters)

domingo, maio 16, 2010

BLOCO CENTRAL (II)

Os responsáveis do PSD e do PS, praticamente os mesmos de há três décadas, souberam paulatinamente criar um mundo de privilégios para si e para as suas clientelas, que sugam os recursos nacionais e atrofiam a nossa economia.
O mundo de órgãos do Estado que a nossa classe politica vem criando ao longo dos anos, sem qualquer fundamento de racionalidade ou eficácia de gestão, mas com o objectivo primeiro o de ocupar os cargos em tais órgãos, a que ela própria soube atribuir esplêndidas remunerações e que são naturalmente oferecidos por nomeação politica, com total desprezo pelo mérito e pela competência minimamente exigíveis, a indiferença que manifesta pelo funcionamento da Justiça (que chegou a um estado de degradação insustentável), a indiferença ou até e ao contrário, um certo “proteccionismo” da corrupção politica e económica que alastra no País, são apenas alguns exemplos das reais motivações das nossas elites políticas.
Naturalmente que ninguém poderá acreditar que os autores e beneficiários deste mundo de privilégios, sejam capazes, virando-se contra si próprios, de romper com o mundo paradisíaco em que têm vivido. Pelo contrário, esta Situação, um tal Sistema continuará o seu caminho até que o continuado e consequente agravamento da Despesa Pública e o não menos continuado e consequente aumento de Impostos se torne insustentável. E os partidos da Situação, as elites políticas da Situação, quando fora do poder continuarão a fazer oposição ao governo mas, simultaneamente parcerias às políticas.
(Post colocado no classepolitica em 22.06.2008)

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sexta-feira, maio 14, 2010

PSD desastrado


O que Passos Coelho conseguiu, com o acordo de austeridade anunciado pelo governo, foi demonstrar aos portugueses que para a grave situação económica e social em que o país vive, o PSD não tem qualquer alternativa diferente da do PS. Não se limitou a apoiar Sócrates, partilhou mesmo das suas propostas.
Para ultrapassar a crise em que vivemos, o PSD veio dar a conhecer aos cidadãos que comunga das mesmas soluções do PS e que com ele é solidário.
O PSD prefere assim a solidariedade do PS à solidariedade do país.
Nas anteriores alternâncias de governo entre o PS e o PSD, existiu sempre a ilusão, alimentada pelo partido que se encontrava na oposição, que ele constituía uma "alternativa" à política do governo em funções. Ora, desastradamente, o PSD veio agora desbaratar a oportunidade de se apresentar perante os portugueses como alternativa e com soluções diferentes. Será difícil encontrar uma actuação tão desastrada, e em tão curto espaço de tempo, em toda a vida do PSD.
PRISÃO JÁ, para os governantes que assinaram o contrato do “TGV Poceirão-Caia”, por atentado contra o estado de direito.




Festival de Cannes

desenganem-se


Mais inteligentes que os políticos, parecem ser as agências de rating e os “mercados”.
Considerando, e bem, que as medidas de austeridade impostas pelos países de dívidas públicas e défices elevados, irão penalizar os seus próprios crescimentos económicos e assim agravar a médio e a longo prazo as suas débeis economias, a resposta aí está, com a desvalorização do euro e com o aumento das taxas de juro da dívida pública. Os sinais estão a ser dados hoje nas Bolsas com a queda do euro e os índices a acentuarem as quedas.
Se os nossos governantes pensavam que tinham o problema resolvido, desenganem-se. As medidas de aumento de impostos não agradaram aos mercados. Eles conhecem bem os resultados destas medidas restritivas. A resposta só poderia ser dado com cortes efectivos na despesa corrente do estado, coisa a que os nossos governantes são avessos, por razões óbvias.

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quinta-feira, maio 13, 2010

BLOCO CENTRAL


Passos Coelho e Sócrates chegaram a um acordo de princípio sobre um aumento de impostos. Não se trata de um acordo que vise uma estratégia económica de desenvolvimento do País, mas apenas, de modo cego, encontrar receita para acudir ao acumular do défice público fruto do desperdício e gastos parasitários do estado. Acontece que o combate a este desperdício e gastos parasitários do Estado não foram “acordados” pelo “Bloco Central” agora formalmente criado. Para além das palavras não se avista um efectivo combate à despesa corrente (d.c.) do estado.
De 1.995 a 2.009 esta d.c.p. aumentou cerca de 50%, correspondente a um aumento de 15% do PIB (passaram de 29% do PIB para 44%). Neste período, as despesas com a administração do estado engordaram portanto em 50%!!! Como a esse brutal consumo não correspondeu quaisquer melhorias dos serviços prestados pelo estado, na Saúde, Educação, Justiça, Segurança, só poderemos concluir que tais gastos foram absolutamente desnecessários. É um fardo que os portugueses carregam sobre os seus ombros, um “monstro” que impede o desenvolvimento económico do país, gastos, portanto, absolutamente parasitários.
Mas afinal para onde vai todo este dinheiro? A criação de múltiplos e parasitários órgãos do Estado, sem sentido e num total e astronómico desperdício de verbas, com o único objectivo de proporcionar lugares bem remunerados para as clientelas partidárias por um lado e proporcionar as estas elites dirigentes os mais variados negócios particulares aproveitando-se das suas posições na administração do estado por outro, são responsáveis por todo este esbanjamento de dinheiros públicos. Sem esta pesada carga, que se amplia ano após ano, teríamos o défice público reduzido a zero e uma economia saudável e em crescimento. A oligarquia partidária que nos tem governado, o “sistema” corrupto institucional que sabiamente ergueram ao longo dos anos, são os únicos responsáveis pelo estado miserável das nossas contas públicas, pelo agravamento das condições de vida dos portugueses e pelo aumento das desigualdades sociais.
O “Bloco Central”, vendo ameaçados os múltiplos privilégios que vem desfrutando ao longos dos anos, soube agora colocar-se de acordo quanto ao aumento de impostos que vão impor aos portugueses, não para “salvar” o país da crise, como com dramatismo anunciam, mas para salvaguardarem o “sistema”, o mundo dos benefícios de que sempre gozaram. Porque o país não se salva com aumento de impostos, que atrofia o crescimento económico, mas com a redução da despesa pública parasitária de que eles próprios são os únicos beneficiários. Uma redução do défice à custa do aumento de impostos, à custa do crescimento económico só agravará as condições económicas do país. Não se espere portanto que o “Bloco Central” seja capaz de extinguir ou pelo menos reduzir os múltiplos órgãos de estado parasitários (institutos, agências, autoridades, fundações, comissões…), reduzir o número de deputados e os seus subsídios, extinguir os governos civis, extinguir as empresas municipais, extinguir os cargos de representante do estado nas regiões dos Açores e Madeira, extinguir todas as mordomias de que gozam os gestores dos órgãos do estado e políticos…, enfim, uma verdadeira Reforma Administrativa do Estado, única via de equilibrar as contas nacionais e relançar o desenvolvimento económico e social do país.
Portugal encontra-se assim numa situação desesperada. Vem sendo governado por uma oligarquia partidária que defende interesses completamente antagónicos aos interesses nacionais. Uma oligarquia parasitária que vive à custa dos sacrifícios que impõe aos portugueses.
Os portugueses terão que encontrar quanto antes uma nova alternativa política fora do quadro partidário vigente, uma vez que a nossa classe política é contrária à implantação de medidas e de uma efectiva Reforma Administrativa capaz de inverter o sentido das políticas que nos têm desgovernado. Os portugueses poderão estar certos que não há futuro com o Bloco Central e que os sacrifícios que agora lhe são exigidos se tornarão perfeitamente inúteis.

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La imagen de la Virgen de Fátima es transportada durante una misa del papa Benedicto XVI en el santuario de Fátima, en Portugal (20 minutos)

quarta-feira, maio 12, 2010

VIVÓ Bloco Central


Não propôs o PSD, uma efectiva e verdadeira reforma da administração pública com um efectivo ataque à despesa pública (como “ad nauseam” não me cansarei de repetir), com a extinção ou pelo menos a redução dos múltiplos órgãos do Estado parasitários ou a redução do número de deputados e o corte dos seus subsídios ou a extinção dos governos civis parasitários e das empresas municipais igualmente parasitárias ou ainda a extinção dos cargos dos representantes do estado dos governos regionais. A proposta de redução de 2,9% dos salários dos políticos e gestores públicos torna-se demasiado ridícula face à gravidade do peso da despesa pública do Estado. O PSD demonstra assim, ser incapaz de uma alternativa política capaz de inverter a desastrosa gestão do País.
Em Espanha, Zapatero, reduz o salário dos membros do governo em 15%.

terça-feira, maio 11, 2010

PCP e os grandes projectos


Não se entendem as razões que levam Jerónimo de Sousa a afirmar que a paralisação dos projectos da terceira ponte sobre o Tejo e o aeroporto são uma cedência aos grandes interesses financeiros, quando os bancos e os grandes consórcios são, efectivamente, aos olhos do comum dos mortais, os principais interessados na concretização dos mesmos.

Pelo aumento da Dívida Pública a que chegámos, não se podem responsabilizar por igual (como o faz certa comunicação social sócretina), os economistas que foram a Belém, quando Sócrates, em apenas cinco anos, de 2004 a 2009, a elevou em 55%.

domingo, maio 09, 2010

Sócrates aumentou em 55% a Dívida Pública, de 2004 a 2009.
Em 2004, a Dívida Pública cifrava-se em 58,3% do PIB ou seja 81.270 milhões de euros. Em 2009 atingiu 76,8% do PIB, isto é 125.750 milhões de euros. Em euros, a Dívida Pública portuguesa aumentou portanto naquele período, em 44.480 milhões de euros, ou seja um aumento de 54,73%. É obra.
Entretanto, o nosso ministro das finanças, a propósito do empréstimo português de 2.000 milhões de euros à Grécia, vem agora afirmar que tal empréstimo significa um “sinal muito forte aos mercados”, como se os “mercados” não se encontrassem já demasiado e fortemente elucidados quanto aos sinais que lhe chegam do governo e do ministro português.

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o recuo de Sócrates, em números



Em 23.04.2010 “os mercados” colocam em 8,73% os juros da dívida pública à Grécia.
A Portugal já exigiam 5,02%.
Hoje, os juros à Grécia estão a 12,62% e a Portugal já se encontram nos 7,32% e à Espanha estão a 4,44%.
Esta, a explicação em números, para o recuo de Sócrates.

sábado, maio 01, 2010

PS, PSD, ou os dois juntos


Tudo não passa afinal de um tremendo equívoco. Os “mercados” insistem em confundir a situação económica de Portugal com a da Grécia. E, de pouco valem as declarações em contrário do presidente da república, do primeiro-ministro, do ministro das finanças, do líder da oposição e dos economistas do sistema. Esses “malandros” das agências de rating teimam em não aceitar como boas todas estas beatas declarações. Simplesmente não acreditam na palavra dos nossos políticos. Sem razão naturalmente, porque se há gente que não mente, essa gente é seguramente a nossa classe política. Os portugueses podem confiar nos políticos que têm e colocar todo o odioso da situação nas ditas agências de rating. Podem acreditar nos seus governantes e aceitar mansamente o cabresto que estes lhe querem enfiar pela cabeça abaixo.
Claro que se a dívida pública subiu de 60% do PIB em 2004 para mais de 80% em 2009, qualquer coisa como 44.500 milhões de euros, os responsáveis não são os governantes mas as agências de rating. É seguramente também da responsabilidade das ditas agências a colocação dos títulos de dívida pública nos mercados internacionais e não colocar a dívida internamente. Este enjeitar de responsabilidades dos políticos, esta tentativa de desculpabilização, é de bradar aos céus.
Previa-se, desde há muito, este resvalar contínuo das contas públicas e da economia nacional. O sistema corrupto institucional que paulatinamente foi erguido, em especial nesta última década, com a criação de múltiplos e parasitários órgãos do Estado, num total e astronómico desperdício de verbas, associado às políticas (as ditas “reformas” indispensáveis e da “modernidade”) de figurino único desta Europa neoliberal, só poderiam ter o desfecho a que agora assistimos.
E, como as políticas continuarão a ser as mesmas, com o PS, o PSD, ou os dois juntos, como não existe uma verdadeira alternativa (não se discute a redução da despesa pública pela extinção das empresas municipais, dos institutos e outros órgãos do estado e dos seus gestores, da extinção dos governos civis, redução de deputados, …), os portugueses poderão esperar tão somente o agravamento da situação económica do país, o agravamento dos impostos e mais cortes nas funções sociais do estado. Os custos da má gestão, os custos da corrupção institucional instalada, continuarão a ser pagos pelos mesmos de sempre, pelos funcionários públicos, pelos aposentados, por todos os que trabalham por conta de outrem e, seguramente também, pelos pequenos e médios empresários.

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