segunda-feira, janeiro 31, 2011

Índice Gini

En economía, se utiliza en Índice de Gini para medir la desigualdad en una sociedad. Simplificando, es una forma de medir hasta que punto son abultadas las diferencias entre los ingresos de los más ricos y de los más pobres.
Cuando mayor es el índice, más desigual es la sociedad, y, cuanto más bajo, más igualdad existe entre ricos y pobres.
En el siguiente mapa, aparecido en el artículo, pueden verse los países coloreados según su índice de Gini.



Aquí puede verse la lista de todos los países, ordenados por su índice.
De los 134 países analizados:
Namibia es el país más desigual del mundo. (Índice 70.7)
EEUU es el 42 país más desigual. (Índice 45.0)
Túnez ocupa el puesto 62. (Índice 40.0)
Egipto ocupa el puesto 90. (Índice 34.4)
España ocupa el puesto 102. (Índice 32.0)
Suecia, el país más igualitario del mundo, ocupa el puesto 134. (Índice 23.0)

Portugal encontra-se em 72 lugar (índice 38,5), último dos 27 da UE.

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sexta-feira, janeiro 28, 2011

Esforço fiscal

Os juros da Divida Pública a 10 anos encontram-se hoje novamente acima dos 7% (7,09). Não se adivinha circunstância alguma no país que possa inverter o ciclo de subida destes juros nos mercados. Ao contrário, a tendência será seguramente para uma subida continuada. Aproxima-se assim, a hora do pedido de resgate ao Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF). Os aumentos de impostos, a redução de salários e o congelamento de pensões, irão contribuir além do mais, para uma acentuada recessão económica em 2011, já prognosticada aliás pela OCDE e FMI. O recurso, mais fácil mas ineficaz, de aumento de impostos a que o governo tem recorrido encontra-se esgotado e ultrapassou de há muito o “ponto de equilíbrio” acima do qual qualquer aumento da taxação em vez de provocar aumento de receitas provoca exactamente o contrário, isto é, uma redução de receitas.


Dizem-nos os governantes e os “economistas e comentadores do sistema”, que existem países europeus onde os impostos são mais elevados que em Portugal. Na verdade assim é, contudo, e não levando em conta os apoios sociais prestados pelo Estado muito mais elevados nesses países quando comparados com o nosso, o que está realmente em causa, é o esforço que os cidadãos fazem para cumprir com os suas obrigações fiscais. O esforço fiscal dos portugueses, índice medido pela razão entre a pressão fiscal e PIB por capita, é o maior dos países da zona euro, a uma distância abismal sobre o segundo com maior esforço.


A situação económica e social do país tornou-se insustentável. E o mais lamentável é que não se descortinam movimentações políticas e, ou sociais, capazes de romperem com ela e dar alguma esperança de futuro aos portugueses.

(gráfico 10 - datado de 2008, antes portanto dos PEC e medidas recessivas recentes)

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quarta-feira, janeiro 26, 2011

A “via sacra” do euro


Duelo de egos na eurozona

Com Portugal aparentemente pronto para um humilhante resgate da UE e do FMI e as conversações sobre a ampliação do fundo de estabilidade, crescem as tensões na eurozona. A culpa recai nas divergências entre os líderes europeus e o grande problema de comunicação na Europa.
Angela Merkel encontra-se imersa em conversações sobre a crise do euro quando toca o telefone na reluzente chancelaria de Berlim. Ao telefone, o primeiro ministro português José Sócrates, desde Lisboa, suplicando por ajuda. Segundo os prognósticos, Portugal será o terceiro país a cair com o peso da sua dívida soberana, pelo que necessitará de um resgate liderado pelos alemães. Sócrates parecia desesperado e submisso, segundo testemunhas.
Perguntou a Merkel o que deveria fazer, prometeu fazer o que quer que fosse, com excepção de uma coisa: não pediria um resgate com condições extremamente duras. Segundo as versões que circulam em Berlim, Merkel manteve Sócrates em espera, enquanto pedia opinião aos seus poderosos visitantes: Dominique Strauss-Kahn, o director francês do FMI e Giulio Tremonti, o respeitado ministro dos negócios estrangeiros italiano que esteve recentemente pressionando pela introdução dos “eurobonds”. Ante as interrogações de Sócrates, Strauss-Kahn, o chefe do FMI que fala alemão, mostrou-se indiferente. A súplica do português não tinha sentido, afirmou, porque Sócrates não seguiria nenhum conselho que se lhe desse.
Esta situação que se produziu a semana passada em Berlim, mostra o que um alto funcionário alemão descreve como “o grande problema de comunicação da Europa”. No meio de uma das piores crises da UE de todos os tempos, o nível de confiança entre os principais líderes políticos e os responsáveis pelas decisões é tão baixo, que complica enormemente a procura de uma solução ante o desafio existencial do euro.
Os fundamentos económicos na eurozona tomam direcções opostas: a Alemanha e o norte da Europa saem reforçadas da recessão, enquanto o sul da Europa está imerso num círculo vicioso de dívida e deflação. Esta situação e os problemas da dívida soberana de meia dúzia de países colocam em risco o euro. Contudo os perigos agravam-se com as fricções entre os líderes políticos encarregados de resolver a crise. No mesmo dia em que Berlim fez caso omisso de Sócrates, José Manuel Durão Barroso, o presidente da Comissão, anunciou em Bruxelas que o fundo de resgate do euro deveria reforçar-se. Publicamente Merkel e o seu ministro de Finanças Wolfgang Schauble, qualificaram a intervenção de Barroso de desnecessária. Em privado, o gabinete da chancelaria disse a Barroso que se calasse, que os 440.000 milhões de euros garantidos pelos governos da eurozona não eram da sua incumbência, já que não era dinheiro da Comissão.

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domingo, janeiro 23, 2011

a derrota do euro


Poderá desmoronar-se a moeda da Europa? E se tal acontecesse. O que ocorreria? Sean O’Grady imagina um futuro em que os Estados membros voltam atrás.

Berlim, 29 de Setembro de 2013. Ângela Merkel volta a ser eleita chanceler com uma vitória retumbante e sem precedentes. “ A mulher que salvou a Alemanha” brilha diante de uma multidão de seguidores, à porta de Brandenburgo. Depois de umas palavras de agradecimento e num gesto teatral, a chanceler Merkel retira uma nota do bolso de 100 novos marcos. Agita-a mostrando-a à multidão. As pessoas gritam expressando a sua aprovação. Todos compreendem a mensagem. O pesadelo do euro terminou. Em realidade já tinha acabado dois anos antes.
Os acontecimentos do dia 16 de Setembro de 2011, “o dia da morte do euro”, dificilmente poderiam ter um início menos dramático. Porque o golpe final da credibilidade do euro não resultou de um outro dia de agitação nem de uma outra grande cimeira, mas da decisão dos juízes do Tribunal Constitucional Alemão em Karlsruhe.
Os mercados de valores de Paris, Frankfurt e Londres e desde logo em todo o mundo, registaram as suas piores quedas desde a década dos anos trinta. Era inevitável uma outra profunda depressão económica. As dificuldades em vender euros que se viveu nas semanas anteriores, converteu-se em pânico generalizado. Inclusivamente aqueles que não possuíam conhecimentos financeiros deram conta que o velho euro não valia nada, porque o seu valor era indeterminado. Qualquer coisa se resgataria quando o euro se convertesse nas moedas nacionais novamente instituídas. Mas, para muitos aforradores da UE e credores das dívidas do governo irlandês, grego, espanhol, português e italiano e dos títulos bancários, tornava-se impossível estimar quanto. O que se sabia era que seria menos.
Desde a primeira crise da dívida soberana da Grécia, em Maio de 2010, começou a “pensar-se o impensável”. Depois dos resgates sucessivos da Irlanda em 2011, de Portugal em Dezembro e da Espanha em Janeiro de 2012, o fundo de resgate da UE secou, ficou sem um cêntimo quando Sílvio Berlusconi pediu mais.
Agora, os líderes da UE aplicavam o seu “Plano B”. A chanceler Merkel tinha insistido em fazê-lo, uma vez que “a paciência da Alemanha se tinha esgotado”. Primeiro, o “novo euro” substituiu automaticamente o antigo e esta nova moeda tinha um valor 80% inferior ao anterior. Todas as dívidas e os depósitos se ajustariam em consequência e os seus valores se desvalorizariam drasticamente.
Mas não acabava aqui a dor daqueles que se encontravam com as economias mais débeis. Porque o novo euro era simplesmente uma ponte até à reabilitação das antigas moedas nacionais. De facto, o novo euro era simplesmente uma “unidade contabilística”, um pacote de moedas nacionais que se haveriam de reabilitar completamente, mas que por agora se mantinham bloqueadas no novo euro com valor fixo, ainda que na maioria dos casos com um valor bastante baixo que voltaria a desvalorizar-se muito em breve.
Quando se restabeleceram em 1 de Janeiro de 2013, as novas moedas nacionais, o novo euro cambiava-se livremente pelos novos dracmas, as novas libras irlandesas, os novos escudos, os novos francos belgas, as novas pesetas, etc. O problema era que os cidadãos destes países verificaram que com o maço de notas que agora tinham compravam menos que com os novos euros e muito menos ainda do que com os euros originais. Em alguns casos, haviam perdido 50% ou mais do seu poder aquisitivo.
Ainda assim, na Alemanha, Finlândia, Holanda e alguma outra nação, inverteu-se o empobrecimento. De repente, os consumidores encontraram-se numa situação melhor quando foram gastar os seus novos marcos, marcos finlandeses, schillings e guilders. O novo franco “fort2”de França tentou manter o seu valor contra o novo marco, com resultados contraditórios.
Na última conferência de imprensa em Maio de 2012, um esgotado presidente Sarkozy apelidou os especuladores de moeda e os jornalistas de “pedófilos idiotas” adiantando, “cavalheiros, já não terão Sarko para as vossas investidas”. Perdeu as eleições frente a Dominique Strauss-Kahn, o antigo director do FMI, que regressou a França para conquistar o Eliseu. O lema de DSK foi: “Nunca acredite no euro”.

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quinta-feira, janeiro 20, 2011

De mãos atadas


Não vale a pena disfarçar o estado miserável a que chegaram as Finanças Públicas portuguesas. Não vale a pena a pedincha aos Qatares ou às Chinas por esse mundo fora. Portugal não tem capacidade económica para pagar as suas dívidas actuais e futuras. Além da emissão de dívida para pagar o défice crónico orçamental o país terá de emitir também dívida para resgatar as anteriores emissões. Só durante o corrente ano, até Junho, terá de resgatar 9,4 mil milhões de euros. É uma situação insustentável. Avizinham-se portanto dias mais negros ainda para os portugueses. Não se trata de pessimismos gratuitos mas tão só da constatação lógica dos resultados do endividamento nacional a que chegámos.
E o mais lamentável de tudo isto é que não se vislumbra, com a urgência que a situação requer, qualquer alternativa política que possa dar alguma esperança ainda aos portugueses. Com Sócrates ou Passos Coelho o desastre será o mesmo. Nem o PS, nem o PSD, nem o CDS, nem o BE ou o PCP alertam o país com a veemência necessária para o desastre que se avizinha, ou propõem alternativas credíveis e viáveis que possam inverter a situação financeira, económica e social que vivemos.
É preciso apontar muito concretamente as causas que geraram esta situação, e enunciar mais concretamente ainda, a alternativa capaz de a inverter. Coisa que os partidos, perdidos em mil conjecturas e em combates palavrosos palacianos, não adiantam. No palavreado que lemos e ouvimos nos meios de comunicação social a “comentadores, economistas e politólogos de serviço” a confusão torna-se ainda maior. Falam de tudo e do seu contrário, mas no fundo todos pretendem perpetuar a situação confortável em que se encontram instalados, medindo as palavras de modo a não provocarem a mínima perturbação ao sistema corrupto institucional a que chegámos. Alguns, por oportunismo, aproveitando-se dessa confusão, ensaiam as suas investidas contra o chamado “estado social”. Falam em “gordura” do estado. Mas para estes, a gordura do estado não são os múltiplos, paralelos e parasitários órgãos do estado criados pelo sistema corrupto institucional vigente (sobretudo a partir dos últimos 15 anos), mas a abrangência das funções sociais do estado que consideram “exorbitantes”. Para eles, adeptos do “estado mínimo”, a Educação, a Saúde, a assistência social, etc, deveriam ser privatizados, dando novas áreas de negócio aos privados e libertando o Estado de tais compromissos. Claro que pouco lhes importa os sacrifícios a que ficariam sujeitas as populações com tal ideário, dado que defendem, não os interesses sociais gerais da sociedade mas apenas os interesses muito particulares dos privados. Mas, nem aqui, as vozes da denúncia são suficientemente convincentes.

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terça-feira, janeiro 18, 2011

Irlanda imprime euros


Violando a “regra de ouro” da União Monetária Europeia, o Banco Central Irlandês, saltando por cima de todas as normas, iniciou a emissão de moeda. Imprimiu nos últimos meses, por sua conta e risco, mais de 40.000 milhões de euros, cerca de 25% do seu PIB.

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segunda-feira, janeiro 17, 2011

Obama


O presidente dos EUA, Barack Obama, assinou na sexta-feira (14.01.11) um projecto de lei que inclui uma medida proibindo que suspeitos presos em Guantánamo sejam transferidos aos EUA para julgamento. A medida é um golpe nas promessas de campanha de Obama de fechar o complexo prisional e julgar os detidos em tribunais federais.
“Apesar de minha forte objecção a essas determinações, às quais meu governo se tem oposto de forma consistente, assinei essa medida por causa da importância de autorizar recursos para, entre outras coisas, nossas actividades militares em 2011", disse Obama em comunicado.

HISTÓRICO
A prisão de Guantánamo foi aberta em 11 de Janeiro de 2002 pelo então presidente George W. Bush para os prisioneiros de sua “guerra contra o terrorismo”.
Desde então, os Estados Unidos mantêm centenas de pessoas presas sem julgamento, acusação ou acesso a advogados, em condições muitas vezes denunciadas por organizações de direitos humanos.
Actualmente Guantánamo tem 174 detidos, dos quais apenas três foram julgados.
Obama assinou um decreto em 22 de Janeiro de 2009 para fechar a prisão em um ano, mas o Congresso o impediu de fazê-lo, permitindo apenas que os prisioneiros entrassem nos Estados Unidos para serem processados

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Palhaços e palhaçadas -3



O ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, disse à SIC que Portugal está a tentar vender dívida soberana a investidores deste país (Qatar).

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domingo, janeiro 16, 2011

O império do consumo


A produção em série, em escala gigantesca, impõe em todo lado as suas pautas obrigatórias de consumo. Esta ditadura da uniformização obrigatória é mais devastadora que qualquer ditadura do partido único: impõe, no mundo inteiro, um modo de vida que reproduz os seres humanos como fotocópias do consumidor exemplar.

Esta civilização não deixa dormir as flores, nem as galinhas, nem as pessoas. Nas estufas, as flores são submetidas a luz contínua, para que cresçam mais depressa. Nas fábricas de ovos, as galinhas também estão proibidas de ter a noite. E as pessoas estão condenadas à insónia, pela ansiedade de comprar e pela angústia de pagar.
Invisível violência do mercado: a diversidade é inimiga da rentabilidade e a uniformidade manda. A produção em série, em escala gigantesca, impõe em todo lado as suas pautas obrigatórias de consumo.

O consumidor exemplar é o homem quieto. Esta civilização, que confunde a quantidade com a qualidade, confunde a gordura com a boa alimentação.
As massas consumidoras recebem ordens num idioma universal: a publicidade conseguiu o que o esperanto quis e não pôde. Qualquer um entende, em qualquer lugar, as mensagens que o televisor transmite. No último quarto de século, os gastos em publicidade duplicaram no mundo. Graças a ela, as crianças pobres tomam cada vez mais Coca-Cola e cada vez menos leite, e o tempo de lazer vai-se tornando tempo de consumo obrigatório.

A publicidade não informa acerca do produto que vende, ou raras vezes o faz. Isso é o que menos importa. A sua função primordial consiste em compensar frustrações e alimentar fantasias. O criminólogo Anthony Platt observou que os delitos da rua não são apenas fruto da pobreza extrema. Também são fruto da ética individualista. A obsessão social do êxito, diz Platt, incide decisivamente sobre a apropriação ilegal das coisas.
A cultura do consumo, cultura do efémero, condena tudo ao desuso mediático. Tudo muda ao ritmo vertiginoso da moda, posta ao serviço da necessidade de vender. As coisas envelhecem num piscar de olhos, para serem substituídas por outras coisas de vida fugaz. Hoje, a única coisa que permanece é a insegurança, as mercadorias, fabricadas para não durar, resultam ser voláteis como o capital que as financia e o trabalho que as gera.

O dinheiro voa à velocidade da luz: ontem estava ali, hoje está aqui, amanhã, quem sabe, e todo trabalhador é um desempregado em potencial. Paradoxalmente, os shopping centers, reinos do fugaz, oferecem com o máximo êxito a ilusão da segurança. Eles resistem fora do tempo, sem idade e sem raiz, sem noite e sem dia e sem memória, e existem fora do espaço, para além das turbulências da perigosa realidade do mundo.

Os donos do mundo usam o mundo como se fosse descartável: uma mercadoria de vida efémera, que se esgota como esgotam, pouco depois de nascer, as imagens que dispara a metralhadora da televisão e as modas e os ídolos que a publicidade lança, sem tréguas, no mercado. Mas, a que outro mundo nos vamos mudar? Estamos todos obrigados a acreditar no conto de que Deus vendeu o planeta a umas quantas empresas, porque estando de mau humor decidiu privatizar o universo?

Eduardo Galeano

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sexta-feira, janeiro 14, 2011

Palhaços e palhaçadas - 2


A ministra da Saúde, Ana Jorge, afirmou esta sexta-feira que: «actualizar taxas é para defender o Serviço Nacional de Saúde».

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Palhaços e palhaçadas


De manhã:
«Cortar salários é impróprio para um país europeu, diz Almunia»

À tarde :
«Almunia defende redução de salários públicos e grande contenção nos privados»

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quinta-feira, janeiro 13, 2011


A instituição presidência da república consome anualmente uma verba de 18 milhões de euros.

Será que não estará na altura de alterar a Constituição Portuguesa? Para uma instituição com tão limitado poder político e sem que os portugueses dela retirem aproveitamento útil, não será um luxo demasiado caro para os dias que correm insistir neste semi-presidencialismo gerador de conflitualidades, equívocos e confusões?

quarta-feira, janeiro 12, 2011

Juros insuportáveis


Não se compreende a satisfação conjunta de Teixeira dos Santos, do Governo, dos candidatos presidenciais Manuel Alegre, Cavaco Silva, Defensor Moura, Fernando Nobre, “politólogos” e economistas do sistema, pela colocação da Dívida Pública a 10 anos (599 milhões) a um juro de 6,716% (?) e a 4 anos (650 milhões) com um juro de 5,396% (?). Trata-se de juros altíssimos e insuportáveis. Ainda não há mais de 8 meses aqueles juros era 4,8% e 3,7% respectivamente. Para não falar já dos juros de 4,2% e 3,1% em 2009. Tanto mais que o financiamento de dívida pública, assegurado pelo Fundo de Estabilização Financeira da UE, obriga a um juro a 10 anos de 5%, inferior ao agora obtido, num pacote que pode ir até aos 100 mil milhões de euros.

O “sucesso” da operação resultou, ao que nos dizem, no simples facto de existem ainda “investidores” capazes de comprar a dívida portuguesa. Omitem em seus juízos o juro faraónico a que obrigam o estado português, referenciando tão só, a constatação da existência de compradores. Desgraçado do país em que os seus governantes se contentam com tão pouco.

A governantes que estão habituados a empurrarem os problemas, os custos, os pagamentos, para tempos futuros e gerações vindouras, assim é com as dívidas das Scuts, das parcerias Público/Privadas, dos TGVs, etc, não será de estranhar que, também aqui, mantenham o mesmo irresponsável comportamento.

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sábado, janeiro 08, 2011

Democracias em declínio


O descontentamento dos cidadãos generaliza-se na Europa debilitando não apenas o vínculo entre os eleitores e os partidos, a população e os governos senão, algo de muito maior dimensão, corroendo de maneira ainda imprecisa mas colocando em causa a própria legitimidade do sistema democrático. Para além dos clássicos incumprimentos das promessas eleitorais logo que os políticos chegam ao poder e da corrupção desenfreada, constata-se com algum desespero que os parlamentos e os governos, em vez de responderem aos anseios dos eleitores se converteram abertamente em gestores diligentes dos interesses de banqueiros e especuladores.

A crise económica não está a ser atacada com uma revisão profunda do modelo vigente senão com medidas que na prática mantêm o mecanismo especulativo que a desencadeou, pressagiando que muito em breve o fenómeno irá repetir-se. Se até agora a reserva material que acumulam as classes laboriosas no Velho Continente permitiu fazer frente à crise sem quebras dramáticos da ordem pública, a decisão de transferir os custos do descalabro às classes assalariadas e a grandes sectores de pequenos empresários começa a minar a economia familiar em geral e se incrementa a população condenada a situações de emergência por desemprego, encerramento de pequenos negócios e baixas sensíveis nos rendimentos; a marginalização começa a ser um fenómeno preocupante e os surtos da violência são cada dia maiores. Na verdade, afectando a maioria da população, as actuais políticas põem em risco o estado de bem-estar que desde o termo da Segunda Guerra Mundial deu à população europeia uma elevada qualidade de vida mediante um sistema de segurança (educação, saúde, emprego, pensões, ajudas sociais, etc.). Este desmantelamento paulatino, acelerado pela crise, é um processo que conduz à “americanização da Europa”, quer dizer, ao predomínio de um modelo de capitalismo selvagem que converte a vida quotidiana numa competição feroz de todos contra todos.

Se na hora de tomar decisões um grupo de banqueiros tem mais poder que milhões de votantes, se um fundo de pensões de Nova York ou Londres decide mais que um parlamento nacional, se as multinacionais se impõem sem dificuldade a presidentes e ministros, e se os governos dos países mais poderosos (como comprovam as divulgações de WikiLeaks) intervêm grosseiramente nos assunto internos de países parceiros, e se estas verdadeiras máfias de colarinho branco acabam por impor o seu critério sobre as autoridades locais (no geral seus cúmplices), o vulgar cidadão tem então sobrados motivos para duvidar da validade do sistema democrático e meditar sobre a real utilidade que tem em dar o seu apoio eleitoral a quem apenas decide o que é de menos importante.
Se a política como pratica essencial da participação de cidadania terminou e tudo se decide nos conciliábulos sinistros das grandes finanças, ¿ para que serve então a democracia? O enorme perigo é, como ocorreu antes, que em lugar de uma resposta de progresso se imponha de novo alguma forma de fascismo. O risco, nada negligenciável, será que poderá de novo regressar a barbárie.

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sexta-feira, janeiro 07, 2011

obama, a paz e a guerra


Obama, propôs um orçamento militar para 2011, 6% maior do que Bush havia feito em seu último ano de governo.
A grande máquina de guerra dos EUA custa 1,5 tilhões de dólares ao ano (o equivalente ao PIB brasileiro).
Os EUA mantêm 560 bases militares fora de seu território, muitas delas herança que se mantém desde o final da Segunda Grande Guerra, há 65 anos.

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quarta-feira, janeiro 05, 2011

Sócrates e o FMI


Sócrates prepara terreno à entrada do FMI

“Às vezes, é preciso vir alguém de fora para nos indicar um ângulo ou uma perspectiva que ninguém em Portugal vê”, disse José Sócrates, durante a visita…

segunda-feira, janeiro 03, 2011

Ano tempestuoso


O balanço do ano que termina bem poderia descrever-se como os versos de Mao Tse Tung que num momento de enorme incerteza na Grande Marcha escreveu: “Reina uma grande desordem debaixo dos céus. A situação é excelente”.
Com efeito, a desordem universal não poderia ser de maiores dimensiones. A necessidade da mudança, tão pouco.
A economia mundial continua submetida aos caprichos do grande capital financeiro que depois de especular com o dinheiro dos aforradores e terminar saqueando as finanças públicas (ou seja, o dinheiro de todos os contribuintes) conclui que nenhuma outra estratégia económica lhe proporciona tantos benefícios como a actual. Consciente de seu imenso poder não sente necessidade de fazer concessão alguma. Pouco importa que os factos indiquem as perigosas dinâmicas que se produzem; nada a inquieta enquanto não veja perante si uma força social que a coloque em perigo. Nem sequer o reformismo burguês tem hoje aceitação nos selectos clubes que determinam os destinos do planeta, pelo que os especuladores e as multinacionais não esperam outra coisa que um ano novo ainda mais favorável aos seus interesses. Não falta quem sugira que estamos hoje no fim de um outro período igual ao dos “alegres anos vinte” que precedeu à Grande Depressão, o fascismo e a guerra.
As decisões políticas importantes tomam-se nos círculos selectos do grande capital e os partidos tradicionais se diluem num único grande partido vazio de funções e com apoios sociais cada vez menores e de menor entusiasmo. A corrupção que sempre foi um mal mais ou menos controlado se expande como um cancro cujas metástases afectam já todas as instituições. O quadro dramático de países chaves para os interesses estratégicos do Ocidente como o México, a Colômbia ou o Afeganistão têm a sua réplica em igual degradação nas democracias consolidadas onde a corrupção de colarinho branco campeia por todo o lado (para no falar das democracias de opereta que reinam no mundo subdesenvolvido).
E como nos piores tempos da Guerra Fria, as grandes potências deslocam as guerras para as regiões periféricas convertidas assim em cenários bélicos, em guerras intermináveis nas quais o Ocidente luta com as potências do antigo campo socialista (especialmente com a China) e com outros países emergentes (Brasil, no continente americano) pelo controlo dos recursos materiais, zonas de influência, bases estratégicas e tudo o mais que contribua para a defesa dos seus interesses.
O fim da confrontação Este-Oeste não deu lugar a um mundo de paz, livre da ameaça nuclear, da chantagem ou da agressão. Os velhos conflitos - quase todos - permanecem e outros novos vieram agravar o peso que suportam as populações, pois desde a Segunda Guerra Mundial a proporção de civis mortos nas confrontações supera amplamente o número de militares mortos. Até a prática medieval do cerco, assedio e aniquilamento de cidades y regiões inteiras ressuscita com todo a força criminosa proporcionada pelas novas tecnologias. A aviação e as armas modernas minimizam ao extremo as perdas dos exércitos agressores e multiplicam por milhões as mortes entre a população civil. Assim é, hoje, no Afeganistão; assim ocorre no Iraque e na Palestina. Os enormes campos de extermínio de Gaza, da Cisjordânia e do Sara Ocidental, estão aí para demonstrar até onde pode chegar a degradação moral dos agressores e a cumplicidade criminosa de quem os apoia (os governos dos Estados Unidos e Europa); mas também a resistência como arma decisiva dos povos.
Incubam-se novas crises económicas, preparam-se novos saques ao tesouro público, e novas investidas ao bolso das classes trabalhadoras. E os perpetradores são os mesmos de sempre, encabeçados -! como não !- pelo sistema financeiro.
Juan Diego García

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