segunda-feira, fevereiro 28, 2011

Os mercados

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La especulación con alimentos básicos, un negocio seguro para los mercados

Según diferentes especialistas, 2010 ha sido el año con una de las mejores cosechas de la historia. Sin embargo las materias primas básicas como el trigo, el maíz o el azúcar subieron de media un 25%. Las causas hay que buscarlas en la especulación bursátil con estas materias primas y en un modelo de alimentación industrial dependiente del petróleo. Naciones Unidas ya habla de una situación “muy preocupante”. Túnez prendió la mecha, y las revueltas ya se han extendido a Egipto o Yemen entre otros.
Según la periodista Ellen Brown, del Information Clearing House, un estudio de Lehman Brothers cifró el incremento en fondos de inversión alimentarios de 13.000 millones de dólares a 260.000 de 2003 a 2008.
El precio de los alimentos se determina especialmente en el parqué de Chicago a través de los contratos de futuro. “Como es a futuros, los títulos se pueden comprar y vender por otras personas durante un tiempo. Entonces se especula con la subida y bajada de su precio. Esos contratos se venden y compran decenas de veces. Según el Banco Mundial, durante 2010, el 0,5% de los contratos de futuro se acabaron ejecutando, en realidad nadie quiere comprar estos alimentos y sólo se especula”, explica García, de Veterinarios.

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sexta-feira, fevereiro 25, 2011

A elite monopoliza a riqueza global


A riqueza global está mais concentrada na actualidade nas mãos da elite que em nenhum outro momento da história moderna. Noutras épocas, a grande maioria das pessoas no mundo, sabia como cultivar os seus próprios alimentos, como criar os seus próprios animais e como cuidar de si própria. Não havia muitos fabulosamente ricos, mas existia una dignidade tranquila na posse da terra que podia chamar-se sua ou de uma qualquer aptidão que poderia ser convertida num negócio. Desgraçadamente, durante as últimas décadas, cada vez mais terras agrícolas foram engolidas pelas grandes corporações e por governos corruptos. Centenas de milhões de pessoas foram deslocadas das suas terras para as áreas de alta concentração urbana. Ao mesmo tempo, tornou-se cada vez mais difícil iniciar um negócio próprio já que as corporações globais monolíticas alcançaram o domínio de cada um dos sectores da economia mundial. Por tanto, mais gente que nunca em todo o mundo, vê-se obrigada a trabalhar para “o sistema” apenas para subsistir. Enquanto isso, os que estão muito acima na cadeia alimentar (a elite) passaram décadas aperfeiçoando “o sistema” para assegurar que crescentes quantidades de riqueza sigam enchendo os seus bolsos. Chegámos a 2010, com um sistema global no qual uns poucos elitistas no topo possuem uma riqueza insensata enquanto o resto das pessoas no mundo é miseravelmente pobre.
Há muito poucas nações no mundo que não foram quase totalmente saqueadas pela elite global. Quando a elite fala de “investir” em países pobres, o que quer dizer em realidade é apoderar-se do controlo da terra, da água, do petróleo e de outros recursos naturais. Em dezenas de nações em todo o mundo, grandes corporações globais arrancam quantidades fabulosas de riquezas do solo apesar da esmagadora maioria dos cidadãos dessas nações continuarem a viver numa pobreza abjecta. Enquanto os líderes políticos dessas nações recebem imensos subornos para que aceitem o saqueio.
Por tanto, em 2010, o mundo está dominado por um punhado muito limitado de elitistas ultra ricos que possuem uma quantidade incrível de activos reais, um grupo maior de “administradores de nível médio” que dirige o sistema para a elite global (e é recompensado com muita generosidade por fazê-lo), centenas de milhões de pessoas que realmente fazem o trabalho requerido pelo sistema e vários milhares de milhões de “consumidores inúteis” que a elite global não necessita realmente e que em realidade considera bastante inúteis.
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quarta-feira, fevereiro 23, 2011

Grécia falida



Conselho Europeu regista a falência iminente da Grécia

A Grécia pode não ser capaz de pagar sua dívida, apesar do apoio financeiro que recebe da União Europeia e está ameaçada de falência, advertiu o Conselho Europeu de Especialistas em Economia (GAP), em Munique, na Alemanha, num relatório que saiu à tona no momento em que o primeiro-ministro da Grécia, Giorgos Papandreou está em Berlim para encontrar-se com a chanceler Angela Merkel.

No estudo sobre a situação económica e financeira da Grécia, GAF salientou que o programa de poupança que o país aplica não é suficiente para reduzir o défice e que a crise económica e financeira vivida por essa nação está a ser subestimada na UE. Durante esta manhã Papandreou fez uma palestra na Universidade Humboldt, que foi interrompido diversas vezes por gritos de protestos de grupos de estudantes.

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O que está ocorrendo na eurozona é que os interesses financeiros e das grandes empresas estão utilizando a crise, que eles mesmo criaram, para conseguir o que sempre desejaram: a redução e eliminação dos direitos sociais, laborais e políticos das classes populares em geral e da classe trabalhadora em especial. E é isto o que deve informar-se à população.
Vicenç Navarro, es Catedrático de Políticas Públicas de la Universitat Pompeu Fabra y excatedrático de Economía de la Universitat de Barcelona.

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domingo, fevereiro 20, 2011

Não somos parvos


Todos eles. Políticos, politólogos, economistas e toda a espécie de comentaristas do “sistema”não se cansam de repetir a toda a hora, nos meios de comunicação social, que os cidadãos portugueses estão a viver “acima das suas possibilidades”. Vivendo confortavelmente do “sistema” e para o “sistema”, como elite dominante, tentam com os poderosos meios de que dispõem disseminar a sua “ideologia” dominante e assim perpetuarem os privilégios que ao longo das últimas décadas souberam acumular. Trata-se de uma falácia, de uma mentira, com o único objectivo de fazer aceitar passivamente as medidas de austeridade que se anunciam sobre as populações. Ignoram simplesmente, que 2 milhões de portugueses vivem abaixo do nível de pobreza, que milhão e meio de cidadãos vivem com pensões inferiores a 330 euros, que mais de 660 mil portugueses estão desempregados, que mais de 1,4 milhões de trabalhadores recebem um salário inferior a 600 euros ou que a média salarial dos 3,8 milhões de trabalhadores por conta de outrem não chega aos 780 euros mensais. Pouco lhes importa a miserável situação económica em que vivem 85% dos cidadãos portugueses, o desemprego dos jovens e a precariedade do emprego.
Em 1999, a dívida pública do Estado, não ultrapassava os 51,4% do PIB (abaixo dos 60% recomendados pela UE) e a dívida externa líquida não ia alem dos 33,1% do PIB. O que mudou então tão radicalmente na economia portuguesa para que tais dívidas tivessem um incremento tão abrupto, crescendo a dívida pública e a dívida externa líquida para valores incomportáveis, superiores a 115% e 130% respectivamente, e que condicionam, por imposições externas (UE), toda a nossa vida social e económica? Será que nestes 10 últimos anos a população portuguesa usufruiu de toda esta riqueza e numa tal proporção? Será que os salários ou as pensões dos trabalhadores duplicaram? Será que as benfeitorias do Estado duplicaram? Será que o “estado social” duplicou os seus apoios sociais numa tal proporção? Não parece que tal tenha acontecido. Pelo contrário, os aumentos salariais e os apoios sociais foram superiores na década de 80 e 90 sem que tenha havido semelhante descontrolo financeiro. Algo duplicou ou triplicou contudo nesta última década – os lucros dos bancos e das empresas monopolistas nacionais, o número dos órgãos parasitários do Estado e a corrupção institucional. E, nestes dois últimos anos, com a crise financeira internacional, uma outra situação se apresentou - dinheiro do erário público oferecido às instituições financeiras.
Na verdade, mantendo-se o nível salarial e os apoios sociais praticamente constantes nesta última década, existindo um aumento crescente da riqueza nacional (em 1999 o PIB era de 144.193 milhões de euros e em 2010 de 170.000 milhões de euros), permanecendo estável o número de habitantes e não existindo portanto diferenças significativas nas condições sociais dos cidadãos entre o início e o fim da década, que obscuras razões existirão então que obrigam a nossa elite dominante a apregoar, só agora e com tanta insistência, “que vivemos acima das nossas possibilidades”?
Foram a especulação financeira, as instituições financeiras, o capital financeiro os únicos responsáveis pela recente crise internacional. O capitalismo produtivo e o mundo laboral encontraram-se completamente à margem do eclodir desta crise. A especulação financeira cada vez mais imaginativa e movimentando cada vez maiores quantidades de dinheiro, fruto dos elevados rendimentos oferecidos, numa espiral de ganância incontrolável, com múltiplos e cada vez mais sofisticados produtos financeiros, ergueu uma fantástica e monstruosa pirâmide Ponzi que, enquanto perdurou acumulou ganâncias enormes que se alojaram em paraísos fiscais e, ao rebentar, provocou enormes perdas nas instituições financeiras. Dinheiro que os vários governos, dos vários países, se apressaram a cobrir. Mas é do capitalismo produtivo, do mundo laboral que o capitalismo financeiro reclama agora, através dos governos, com imposição de novos e mais gravosos impostos, cortes sociais e redução de salários, a reposição de todo o dinheiro perdido. E, como sempre, aí temos os governos prontos a responderem às suas ordens. Não se trata de “vivermos acima das nossas possibilidades”, trata-se de aceitarmos ou não, a mais profunda e abrupta alteração de rendimentos entre a maioria e uma minoria da população, entre uma elite dominante e uma maioria constituída não apenas de trabalhadores mas igualmente de empresários (o capitalismo financeiro actual ataca não somente os trabalhadores mas também os pequenos e médios empresários), trata-se de um agravamento abrupto das desigualdades sociais. Trata-se de aceitarmos ou não, o suicídio económico e social de uma nação.

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sábado, fevereiro 19, 2011

Morte da Europa Social?


A história da Europa dependerá de como ela lidar com esta crise; se segue o curso pacífico do benefício mútuo e prosperidade económica tão apreciados nos manuais de ciência económica, ou se segue a espiral baixista da austeridade, que tanto tem tornado impopulares os estrategas do FMI, nas economias devedoras. É nesse barco que a Europa embarcará? Esse é o destino do projecto de uma Europa social, de Jacques Delors? É isso o que os cidadãos da Europa esperavam, quando adoptaram o euro? Há uma alternativa, nem é preciso dizer. É que os credores do cume da pirâmide económica arquem com as perdas.
“Sejam como a Letónia!”, gritam os banqueiros e a mídia financeira aos governos da Grécia, da Irlanda e agora, também, de Portugal e Espanha. “Por que não ser como a Letónia e sacrificar a vossa economia para pagar as dívidas que contraístes durante a bolha financeira?”. A resposta é que não podem fazê-lo sem sofrer um colapso económico, demográfico e político que piorará ainda mais as coisas.

Faz só há um ano que se reconheceu que várias décadas de neoliberalismo tinham destruído a economia estadunidense e a de muitos países europeus. Anos de desregulação, de especulação e de falta de investimento na economia real deixaram-nos com uma desigualdade crescente e com uma procura magra de consumo, salvo a financiada incorrendo em dívida. Mas a imprensa financeira e os decisores políticas neoliberais contra-atacaram servindo-se dos “Tigres Bálticos” como aríete paradigmático contra as políticas keynesianas de despesa e contra o modelo da Europa social sonhado por Jacques Delors.
O crescimento de 3,3% previsto para a Letônia em 2011 relata-se como prova adicional do êxito de um modelo de austeridade que teria estabilizado tanto a sua crise da dívida como o seu défice comercial crónico, financiado com empréstimos hipotecários em moeda estrangeira. Dado que o PIB caiu 25% durante a crise, com tamanha taxa de crescimento levaria uma década inteira só para recuperar as dimensões da economia letã de 2007.

A despeito dos seus resultados económicos e sociais desastrosos, o certo é que o trauma neoliberal letão é idealizado pela imprensa financeira e pelos políticos neoliberais, a fim de impor austeridade às suas próprias economias. Antes da crise global de 2008, os “Tigres Bálticos” eram celebrados como a vanguarda das economias do livre mercado da Nova Europa. Os críticos desse “milagre” económico – fundado em empréstimos em moeda estrangeira para financiar a especulação com propriedades e a aquisição de bens públicos em processo de privatização – foram menosprezados e depreciados como cépticos obstinados. E agora, sem perder a arrogãncia, os comentaristas de ocasião cometem a insolência de nos oferecer a opção letã pela austeridade como uma política exemplar para outras nações.

Dada a proximidade entre a Letônia e a Bielorrússia, é ilustrativo comparar o modo como os neoliberais avaliaram as suas economias. A Letônia sofreu o pior colapso económico europeu em 2008 e 2009, com um continuado desemprego na casa de dois dígitos. A sua economia não tem crescido até agora (2011) e o mais provável é que o modesto crescimento experimentado siga acompanhado de uma taxa de desemprego de dois dígitos. Uma fracção enorme da sua população emigrou do país, deixando para trás crianças ao cuidado dos avós, senão sozinhos.

A vizinha Bielorrússia, que conta com poucas vantagens geográficas letãs (portos e costas), tem um PIB não muito menor que o da Letónia. A Bielorrússia experimentou um auge económico com taxas de crescimento de dois dígitos antes da crise e manteve a sua economia em pleno emprego durante a crise, muito longe do colapso de 25% que desorganizou a Letónia. A Bielorrússia tem também um coeficiente de Gini (índice que mede a desigualdade) próximo ao da Suécia, enquanto a Letónia se aproxima mais dos níveis crescentes de desigualdade que caracterizam no momento os EUA.

E no entanto, a Letónia é declarada um sucesso e a Bielorrússia, um fracasso. O World Factbook da CIA recorda aos seus leitores que o bom crescimento económico bielorrusso ocorreu “apesar dos obstáculos de uma economia inflexível centralmente dirigida”. Tal é a caracterização corrente da Bielorrússia. Mas o que haveria de se perguntar é se o que seu êxito reflecte não são precisamente as virtudes da sua planificação central. A Letónia gerou maior liberdade política para os seus dissidentes, mas a Bielorrússia tem menos desigualdade económica e dívida externa menor.

Não estamos culpando a nação letã pelas cruéis experiências de políticas neoliberais a que está sendo submetida; o que está em questão é a comunidade global dos mandatários políticos, de intelectuais e de parte das próprias elites letãs: sua persistência em prosseguir nessa política fracassada e ainda recomendá-la a outros países como via para o crescimento económico (quando do que se trata é de um suicídio económico e demográfico). O povo letão sofreu as consequências devastadoras das duas guerras mundiais e de duas ocupações, o que o neoliberalismo veio coroar com o desmantelamento da sua indústria e o aprofundamento cada vez maior da dívida – em moeda estrangeira! – desde a conquista da sua independência, em 1994. O neoliberalismo gerou uma pobreza tão profunda que causou um êxodo de proporções bíblicas ao exterior. Chamar a isso de um passo económico adiante e uma vitória da razão económica não pode menos que recordar a caracterização das vitórias militares imperiais romanas que Tácito pôs na boca do líder celta Calgacus, antes da Batalha de Monte Graupius: “Desertificam e chamam a isso de paz”.
Os banqueiros e a imprensa financeira pintam este programa de austeridade desenhado para poder pagar aos bancos como um caminho para o futuro. O que dista em muito da realidade. Porque a realidade crua é que tal programa afunda esses países numa maré de títulos de dívida nas mãos de credores que nunca se preocuparam muito com a forma como as economias bálticas poderiam pagar. E pagar, é o caso dizê-lo, encolhendo a economia, emigrando e esmagando ainda mais implacavelmente os trabalhadores.

A carga fiscal gravita muito mais pesadamente sobre o emprego que na Europa ocidental de sessenta anos atrás, no período da sua reconstrução. Os negócios com a informação interna privilegiada e a fraude financeira estenderam-se a todo o lado. E o pior de tudo: os bancos simplesmente emprestavam para a compra de imóveis e infra-estruturas já existentes, em vez de financiar o incremento da produção e a formação de capital tangível. À diferença das subvenções de governo a governo do Plano Marshall, a política do Banco Central Europeu de centrar os empréstimos bancários comerciais produziu uma única coisa: uma bolha imobiliária.
O problema é que a União Europeia via os seus novos membros como mercados para os bancos e os exportadores (o que incluía também vê-los como base de dumping e de preços predatórios para os seus excedentes agrícolas), não como novos membros que necessitavam de ajuda para se tornarem economicamente sustentáveis, nem tampouco como países em que se pudesse erguer sistemas financeiros nacionais viáveis por si mesmos.

A grande questão: afundar a própria economia para pagar a dívida a uns bancos que foram irresponsáveis ou carregar a banca com perdas e salvar a prosperidade e uma igualdade social mínima.
Dadas as restrições que o euro impõe aos seus países membros, compreende-se que as nações e os bancos credores da União Europeia queiram resolver esta crise com uma “desvalorização interna”: salários mais baixos, menos despesa pública e queda dos níveis de vida, quer dizer, medidas que possibilitem o pagamento da dívida. É a velha doutrina do FMI que fracassou estridentemente no Terceiro Mundo. Dir-se-ia que esta doutrina está em pleno processo de ressurreição na Europa.
Michael Hudson e Jeffrey Sommers – SinPermiso
texto completo – aqui

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henri matisse

sexta-feira, fevereiro 18, 2011



Grande parte da riqueza do mundo está oculta em 72 paraísos fiscais livres.
Em 1960, havia sete paraísos fiscais, o que dá uma ideia de como esses lugares têm proliferado, arruinando a economia mundial e destruindo o capitalismo produtivo.
A peculiaridade desses depósitos é que eles são totalmente isentos de impostos, o que atrai a vastas riquezas do mundo. Estima-se que estas áreas de opacidade escondem mais de US $ 11 bilhões, um quinto do PIB mundial, e os seus proprietários não pagam um cêntimo de dinheiro público nos seus respectivos países.
Em crise económica, a injustiça desta situação tornou-se mais evidente e daí a necessidade de erradicar este limbo financeiro que se presta à lavagem de dinheiro, ao tráfico de droga e ao financiamento do terrorismo.

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terça-feira, fevereiro 15, 2011

O dia do resgate aproxima-se.
Juros da Dívida Pública em 13.02.2011, a dois anos 5,493%, a cinco anos 6,885% e a dez anos 7,577%.

Repare-se que em 2009 os juros eram, respeciivamente, de 1,730%, 3,169% e 4,227%.

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sexta-feira, fevereiro 11, 2011

Como fruta na árvore


A este PSD de Passos Coelho e Ângelo Correia, não convém uma queda prematura do governo. Como fruta na árvore, o PSD aguarda que ela amadureça a seu gosto. Este PSD espera muito ainda de Sócrates e do seu governo.
Quando Portugal se encontra numa profunda crise orçamental, financeira, económica e social e se avizinha, previsivelmente em meados de Março, o seu resgate, com a intervenção do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF), com novas imposições de políticas anti-sociais mais gravosas ainda, entende o PSD não ter nada a ganhar com o derrube do governo neste momento. Aguarda, por um lado, que o ónus das medidas restritivas e de agravamento das condições sociais da generalidade da população recaiam sobre Sócrates e, por outro lado, que o governo acelere a implantação de todas as medidas neoliberais que o governo possui ainda em carteira.
O PSD espera assim que Sócrates execute tão amplamente quanto possível o ideário neoliberal de Passos Coelho. Só quando Sócrates e o seu governo não tiver mais para oferecer, só quando se encontrar esgotado o seu programa neoliberal, depois do fruto maduro e antes que caia podre da árvore, se apresentará Passos Coelho a tomar o poder.
Um longo e penoso calvário irá Sócrates ainda percorrer.
Para Cavaco Silva, conquistado o seu objectivo primeiro - a reeleição - pouco importa o momento da entrada do PSD no governo. Para o presidente da república Sócrates e Passos Coelho são ambos face de uma mesma moeda, de uma má moeda que, a contra gosto, terá que suportar.

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quinta-feira, fevereiro 10, 2011

A UE atrasa resgate


A UE, através do BCE, atrasa por mais algum tempo o resgate de Portugal, comprando dívida pública quando no mercado a dívida pública a dez anos atingia hoje o seu máximo histórico de 7,63%.
Ao que parece, a UE está empenhada em atrasar o resgate do país até à cimeira europeia, prevista para o próximo dia 11 de Março.
Até lá, prevê-se que o BCE irá diminuindo as tensões através de compras pontuais.

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O FMI e a crise


O Fundo Monetário Internacional (FMI) minimizou os riscos que conduziram à pior crise financeira e económica global em décadas devido em grande parte a uma cultura em que impera o pensamento único.
Algumas pérolas do FMI:
1. Colocou a Islândia como modelo de um sistema financeiro “robusto” e “resistente”.
2. O FMI recomendou a outros países que seguissem as prácticas de inovação financeira dos EE UU e Reino Unido, que acabaram com boa parte do seu sistema financeiro em queda.
3. “O sistema financeiro do EE UU é resistente e está bem regulado” (2005).
4. “Os principais bancos comerciais e de investimentos têm uma sólida posição financeira e o risco sistémico parece baixo (2007).
5. “O sistema financeiro do Reino Unido é um dos mais fortes entre as economías avançadas”.
6. E, com a zona euro, no seu informe do verão de 2007: “As perspectivas são as melhores en anos. A economía está pronta para un período de crescimento sustentado”.
Não está nada mal. A alguns de nós não nos apanha desprevenidos. Não será de mais recordar, que no FMI não entra qualquer um, senão economistas de grande prestígio.
(ler aqui )

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terça-feira, fevereiro 08, 2011

FSM Dakar 2011



50.000 pessoas e organizações de 123 países, discutem em Dakar a génese e as alternativas à crise global. Presentes, Lula e Evo Morales entre outros.
A comunicação social portuguesa não dedica ao FSM Dakar 2011 uma única linha sequer.

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segunda-feira, fevereiro 07, 2011

Que economia é esta?


Numa situação de crise, a crueza da realidade torna visível a relação de forças entre os países da Eurozona. Nos momentos difíceis não há lugar a dissimulações e os interesses dos países mostram-se na sua verdadeira natureza. O ascendente nas decisões económicas e políticas que a Alemanha está a tomar nesta “crise do euro”, afectando os países mais frágeis da EU, com imposições que mais parecem ameaças, revelam as verdadeiras relações de força que reinam entre os países da Eurozona. A Alemanha impõe a sua vontade, a França segue na sua sombra, e os restantes países, de cabeça baixa, obedecem. A Alemanha consegue assim, sem guerras nem perturbações, o sonho que alimenta há muitas décadas – obter o controlo económico e político da Europa.
É do interesse económico da Alemanha a sobrevivência do euro. Para a sua força económica o euro é uma moeda desvalorizada, mais que um hipotético marco renascido, o que favorece extraordinariamente as suas exportações que, como sabemos, constituem o sector mais forte da sua economia. Tudo fará para não deixar cair o euro, ameaçado como se encontra pelas economias dos PIGS. Substituir-se-á ao FMI, se assim for necessário, na imposição draconiana de condições económicas restritivas e anti-sociais aos países em dificuldades da Eurozona. Pouco importa o empobrecimento acentuado da generalidade das populações desses países a que tais imposições conduzam. Não importa donde venha o dinheiro, o que realmente é crucial é que eles mantenham o regular pagamento das suas dívidas às entidades financeiras, isto é, aos bancos alemães credores com a banca francesa de mais de 50% das suas dívidas soberanas.
Alargamento da idade da reforma para os 67 anos, término da indexação dos salários à inflação, e outras medidas de igual intencionalidade anti-social, leva muito naturalmente as pessoas a pensar - que raio de economia é esta que, ao contrário do que seria de supor, provoca um viver cada vez mais difícil e o empobrecimento generalizado das populações?

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terça-feira, fevereiro 01, 2011

O dogma neoliberal domina a União Europeia


A liderança da União Europeia (o Conselho Europeu, o Banco Centra Europeu e a Comissão Europeia) reafirmou uma vez mais que penalizará com multas severas os países da Eurozona que não cumpram com os Pactos de Estabilidade. Esta medida reflecte que tal establishment europeu está plenamente submetido à ideologia neoliberal que se tornou num enorme obstáculo à saída da recessão.
Não há dúvida que estas medidas de austeridade do gasto público pioraram a crise, com uma desaceleração do minúsculo crescimento europeu, com um aumento do já elevadíssimo desemprego.
Estas teses de austeridade baseiam-se numa leitura errada das causas da crise do euro. Assumem que a crise do euro se deve ao excessivo esbanjamento do gasto público nos países PIGS (Portugal, Irlanda, Grécia e Espanha) que, em inglês, significa porcos. Assumem – e o afirmam – se os governos destes países se tivessem comportado e sido tão disciplinados como os países do centro e do norte da Eurozona, hoje não estaríamos na situação em que nos encontramos. O que é extraordinário é que este dogma se reproduza quando é fácil de ver que esta versão dos factos não corresponde à realidade. Cada um destes países, PIGS, tem a despesa pública por habitante mais baixa da Eurozona. O problema destes países não se deve ao inexistente “excessivo gasto público” ou ao "exuberante estado de bem-estar”, pois tanto a despesa pública per capita como a despesa social per capita estão muito abaixo da média da UE-15. O problema que estes países têm não está no gasto do sector público, senão no do sector privado. Em realidade, o maior endividamento destes países não é público, senão privado, e os seus problemas devem-se ao elevadíssimo endividamento privado que se financiou com empréstimos da banca alemã e francesa. E é duvidoso que esta dívida possa pagar-se. E aí reside o cerne da questão.
Vicenç Navarro

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«A nova geração porém já não viu ou não se lembra do que nós vimos ou sofremos. Não assistiu ao descalabro das finanças e da moeda, à ruína da economia, ao assalto da propriedade, à desordem da rua e dos espíritos, aos assassinatos dos inimigos políticos e dos militares de prestígio, aos insultos e vexames da gente honesta nas praças e nas cadeias, às campanhas anti-religiosas, à «justiça popular», à instabilidade governativa, à indisciplina e afundamento dos órgãos do Estado, ao riso escarninho do mundo perante uma gloriosa Nação multi-secular que, parecendo não querer viver em paz, não fazia ao menos revoluções mas sangrentos motins. Isto sentimos e tivemos ontem sem que hoje quase se lhe note o rasto.»

«Não há nada mais inútil que discutir política com políticos».

«O grau das liberdades públicas efectivas depende da capacidade dos cidadãos, não da concessão magnânima do Estado».

«… Isto é, as liberdades interessam na medida em que podem ser exercidas, e não na medida em que são promulgadas».
Salazar

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