sexta-feira, abril 29, 2011

reestruturação ou resgate?

Os mais afectados, de forma directa, a uma possível reestruturação da dívida soberana seriam os bancos do próprio país afectado. Sem dúvida, a factura seria também muito elevada para o sistema bancário alemão, pelo que alguns observadores argumentam que o que a Alemanha está fazendo verdadeiramente é resgatar os seus próprios bancos.
O semanário 'The Economist' aconselhou a Alemanha e os restantes países da zona euro a não serem "tão hipócritas" na hora de negociar os planos de resgate dos países periféricos da zona euro com problemas, já que o valor que é provável que tenham que ceder nos três pacotes de resgate tem uma "excelente" relação qualidade preço em comparação com "o potencial custo de uma descomunal reestruturação".

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quarta-feira, abril 27, 2011

O "não pagamento"

Porque os países na situação de Portugal deveriam decidir-se pelo “não pagamento” das suas dívidas.

Enfrentando uma situação financeira cada vez mais delicada, Portugal começou a negociar um pacote de resgate com a União Europeia (UE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI). Segue assim os passos da Grécia e da Irlanda, dos países cujo resgate demonstrou ser ineficaz. Contudo, poucos se atrevem a defender uma opção de política mais efectiva nos três casos: o não pagamento gerido da dívida soberana.
Esse não pagamento permitiria aos governos grego, irlandês e português fazer retroceder as obrigações da sua dívida acumulada, baixando as taxas de juro, retardando o reembolso e, se fosse necessário, devolvendo só parte do capital em dívida. Como no caso da quebra de um particular – que permite que os particulares sobre endividados renegoceiem as condições de reembolso – o não pagamento soberano permite aos países escalonar as suas actuais dívidas de acordo com as suas futuras expectativas orçamentais. O resgate, pelo contrário, dá prioridade às entidades de crédito ao proceder a um reembolso completo e ao cingir-se às taxas de juro e ao calendário de devolução acordados inicialmente, obrigam os governos a ajustar os futuros rendimentos ao peso da dívida acumulada.
Os defensores do resgate seguem apregoando as suas supostas virtudes. Ao obrigar os governos com problemas a mudar a sua política económica, irá fomentar supostamente o crescimento e impedir novas crises de dívida. Ao fazer recair os custos sobre os países resgatados, fortalece supostamente a sua disciplina fiscal. Por último, ao impedir um não pagamento soberano por parte de um membro da eurozona, estabiliza supostamente os mercados de dívida e de divisas.
Num exame mais detalhado, não obstante, não se materializa nenhum destes supostos benefícios. Nem na Grécia nem na Irlanda o resgate estabilizou os mercados nem animou o crescimento económico nem inspirou uma mudança de ânimo no que respeita aos créditos. O que sugerem estes casos é que, com a camisa de forças da união monetária, o coktail do resgate não funciona. Exige estritas medidas fiscais que desanimam o crescimento económico e tornam impossível rebaixar a relação entre a dívida e o PIB.
Pelo contrário, os resgates condicionais impostos à Grécia, Irlanda e agora a Portugal, conduzem a um insidioso círculo de cortes na despesa e aumentos de impostos, instabilidade social e turbulências políticas. Estes países podem esperar tormentos sociais e económicos, que colocarão em perigo a sua situação política e facilitarão um impulso favorável ao populismo. Estará a Europa preparada para permitir que uns quantos dos seus estados membros caiam numa prolongada estagnação económica, que produza mal-estar social enquanto reforça os partidos marginais que capitalizam o descontentamento e minam os processos democráticos?
Uma dívida administrada poderia trazer três vantagens: permitiria que os países com problemas iniciassem a sua recuperação económica. A imediata redução da dívida daria espaço às reformas orientadas ao crescimento com resultados visíveis a curto prazo. O não pagamento poderia poupar a Europa a uma década de incipiente crescimento económico, lastrado pela dívida na periferia.
Além disso o não pagamento soberano enviaria aos mercados um sinal firme do compromisso da UE de limitar o risco moral. Ao substituir alguns dos custos da crise da divida, o não pagamento disciplinaria as entidades de empréstimo que forneceram continuamente o crédito barato na expectativa de que, se necessário, um resgate da UE ou do FMI serviria de garantia ao seu capital. Enquanto um resgate supostamente disciplina o lado da procura dos mercados creditícios, o não pagamento disciplina de forma efectiva tanto a procura como a oferta, produzindo um efeito estabilizador a longo prazo. A reestruturação da dívida clarificaria além disso as tensões subjacentes da eurozona ao eliminar pressões especulativas e ao obrigar a políticas fiscais mais coerentes.
O que é mais importante, um não pagamento estruturado do crédito limitaria os riscos políticos ligados à opção do resgate. Sufocaria o auge das tendências populistas nos países com problemas como reacção às medidas de resgate punitivas. Também limitaria os danos na coesão europeia causados pela percepção – exacta o não – de que a UE está obrigando à adopção de soluções injustas e assimétricas aos países receptores.
Na verdade, a reestruturação da dívida deveria desenhar-se cuidadosamente, com uma combinação bem considerada de restrições às entidades de crédito, alargamento do tempo de vencimento dos empréstimos e diminuição das taxas de juro. Um não pagamento ideal poderia incluso – coordenado à escala da UE – estimular os mercados creditícios. Os bancos alemães, franceses (e no caso português, espanhóis) são os principais credores dos governos saturados de dívidas e assumiriam a pior parcela de um não pagamento conjunto. Outros países poderiam ser testemunhas de um pico das taxas de juro, o que exigiria compromissos europeus adicionais.
Pretender que a opção do não pagamento não existe, é violar princípios económicos fundamentais que acabarão por anular qualquer preferência política. Para evitar uma década perdida, Grécia, Irlanda e Portugal deveriam forçar a Europa a discutir a reestruturação da dívida. França, Alemanha, Itália e Espanha pela sua parte, fariam bem em dar-lhes ouvidos. Tal como escreveu o economista Irving Fisher num artigo sobre a dívida durante a Grande Depressão, assumir que em condições socioeconómicas atrozes se saldarão todas as dívidas é tão absurdo como supor “que o Oceano Atlântico pode mover-se sem levantar uma só onda”.
Nuno Monteiro es profesor ayudante de ciencia política en la Universidad de Yale, donde enseña teoría de relaciones internacionales, estudios de seguridad y fundamentos filosóficos del estudio de la política, temas sobre los que escribe en su bitácora digital www.nunomonteiro.org. Eduardo Sousa es analista y gestor del Banco Santander Totta de Portugal. Los puntos de vista aquí manifestados no reflejan necesariamente los de sus patrones.


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O petróleo e a OTAN

A CIA por detrás da rebelião: O ataque euro-americano à Líbia nada tem a ver com 'proteção de civis'

O ataque euro-americano à Líbia não tem nada a ver com a protecção de ninguém; só os irremediavelmente ingénuos acreditam nesse disparate. É a reacção do Ocidente aos motins populares em regiões estratégicas, ricas em recursos e o início de actividades hostis contra o novo rival imperialista, a China.
O presidente Barack Obama já assegurou o seu lugar na História. É o primeiro presidente negro da América a invadir a África. O ataque à Líbia é chefiado pelo Comando África dos EUA (US África Command), instituído em 2007 para assegurar os lucrativos recursos naturais do continente, roubando-os às populações empobrecidas e à influência comercial da China, em crescimento rápido. A Líbia, juntamente com Angola e a Nigéria, é a principal fonte de petróleo da China. Enquanto os aviões americanos, britânicos e franceses vão incinerando líbios 'maus' e 'bons', assiste-se à evacuação de 30 mil trabalhadores chineses, provavelmente de forma permanente. As afirmações de entidades ocidentais e dos meios de comunicação de que 'um coronel Kadafi criminoso e enlouquecido' está a planear o 'genocídio' contra o seu próprio povo, continuam a carecer de provas. Isto faz recordar as afirmações fraudulentas que exigiram a 'intervenção humanitária' no Kosovo, a invasão do Iraque, o desmembramento final da Jugoslávia e a instalação da maior base militar americana na Europa.
Os pormenores também são conhecidos. Segundo se diz, os 'rebeldes pró-democracia' líbios são comandados pelo coronel Khalifa Haftar que, segundo um estudo da Fundação Jamestown americana, montou o Exército Nacional Líbio em 1988 "com forte apoio da CIA". Nos últimos 20 anos, o coronel Haftar tem vivido não muito longe de Langley, Virginia, o lar da CIA, que também lhe fornece um campo de treino. Os mujihadeen, que deram origem à al-Qaida, e o Congresso Nacional Iraquiano, que forjaram as mentiras de Bush/Blair sobre o Iraque, foram patrocinados por Langley, da mesma forma aceite por toda a gente.
Os outros líderes 'rebeldes' incluem Mustafa Abdul Jalil, ministro da Justiça de Kadafi até Fevereiro, e o general Abdel-Fattah Younes, que chefiou o ministério do Interior de Kadafi: ambos com estrondosas reputações de repressão brutal de dissidentes. Há uma guerra civil e tribal na Líbia, que inclui a rejeição popular contra a actuação de Kadafi em relação aos direitos humanos. Mas o que é intolerável para o ocidente não é a natureza do seu regime, é a independência da Líbia, numa região de vassalos; e esta hostilidade pouco mudou em 42 anos, desde que Kadafi derrubou o rei feudal Idris, um dos tiranos mais odiosos apoiados pelo ocidente. Kadafi, com os seus modos beduínos, hiperbólicos e bizarros, há muito que personaliza o 'lobo feroz' ideal (Daily Mirror), exigindo agora que os heróicos pilotos americanos, franceses e britânicos bombardeiem áreas urbanas em Trípoli, incluindo uma maternidade e um centro de cardiologia. O último bombardeamento americano em 1986 conseguiu matar a sua filha aditiva.
O que os americanos, os britânicos e os franceses têm esperança de conseguir é o oposto da libertação de um povo. Ao sabotar os esforços dos genuínos democratas e nacionalistas da Líbia para libertarem o seu país de um ditador e dos corrompidos pelas exigências estrangeiras, o som e a fúria de Washington, de Londres e de Paris conseguiram turvar a memória dos dias de esperança de Janeiro em Tunis e no Cairo e desviar muitos dos que tinham criado esperanças da tarefa de assegurar que as suas conquistas não fossem roubadas furtivamente. A 23 de Março, as forças militares egípcias, apoiadas pelos EUA, emitiram um decreto proibindo todas as greves e manifestações. Isto praticamente não foi notícia no ocidente. E agora, com Kadafi identificado com o demónio, Israel, o verdadeiro cancro, pode continuar a sua espoliação de terras e expulsões.

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terça-feira, abril 26, 2011

A “Troika”

Os homens da “Troika” devem andar loucos. Agora que já se aperceberam da miséria em que nos encontramos.

Que medidas restritivas adoptar a um país com o salário médio mais baixo da Zona Euro (com um valor cerca de metade do último país que nos segue), com 20% de pobres e com os seus cidadãos a suportar um esforço fiscal superior em 80% à média europeia. Que fazer a um país destes?

Mais esforço fiscal? Mais redução de salários? Aumentar a percentagem de pobres? Aumentar o desemprego? Que medidas restritivas, recessivas adoptar, num país com tanta miséria e com os cidadãos tão sacrificados e espoliados?

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segunda-feira, abril 25, 2011

Será dos pesticidas?

domingo, abril 24, 2011

OS PIGS

BOA PÁSCOA

quinta-feira, abril 21, 2011

O ser consumidor


Os governos de Sócrates foram sem dúvida os governos mais à direita desde o 25 de Abril de 1974. Não é caso único assistir-se a um governo “socialista” praticar uma governação neoliberal, de direita. O mesmo acontece com Zapatero e Papandréu, como antes acontecera com Blair. A política da Europa uniformizou-se e os partidos europeus da área do poder seguem a mesma política ditada de Bruxelas, pelo que terem uma matriz de esquerda ou de direita pouco significado tem. Existe alternância de poder mas não existe alternância de política. E, a esta política europeia de sentido único – o neoliberalismo, pouco importa que a sua aplicação venha de socialistas, trabalhistas, liberais ou de democratas cristãos. Para ele, a matriz social dos partidos não importa. De há muito que deixou de ter uma perspectiva social da economia e da sociedade. As suas preocupações residem apenas no bom funcionamento da “economia”, das bolsas e dos mercados.

Desde que se assegure “o bom funcionamento dos mercados” qualquer partido lhe serve. Do mais à direita ao mais à esquerda. Tudo a bem do consumidor. Para o neoliberalismo o homem só existe enquanto consumidor. Não existe o ser social mas antes o ser consumidor. Para os neoliberais torna-se portanto necessário reformar a sociedade de alto a baixo. Retirar-lhe todo o conteúdo social que ainda mantém e substitui-lo pelo conteúdo e culto do mercado. Privatize-se tudo para que tudo entre no mercado. Retire-se ao Estado todas as funções de cariz social.
São estas as “reformas” que nos esperam. É desta cartilha que serão retiradas.

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quarta-feira, abril 20, 2011

capital financeiro


BIS

Segundo o Banco Internacional de Compensações (em inglês BIS, Bank for International Settlements), a banca internacional possui créditos de Portugal, Grécia e Irlanda num valor total de 990.000 milhões de euros no terceiro trimestre de 2010, o equivalente a mais de 5,8 vezes o PIB português: uns 194.000 milhões no caso da Brécia, 571.000 milhões na Irlanda e 225.000 milhões em Portugal.
Pelo valor dos créditos, 990.000 milhões de euros em apenas 3 países, podemos imaginar a força colossal que possui hoje o capital financeiro que livremente, sem barreiras ou regulação alguma, circula em todo o mundo à velocidade da luz, especulando e procurando em toda a parte e a todo o instante as ocasiões mais favoráveis à sua insaciável ganância. Na verdade, o capital financeiro não responde a quaisquer limitações impostas pela política antes e ao contrário, é a política que perdeu autonomia e a capacidade de intervir. São os próprios governantes que admitem serem incapazes de refrear a desenfreada especulação do capital financeiro, dos “mercados”. Confessam a sua impotência face aos ataques de que são vítimas os países com economias mais débeis. Contudo, não serão sinceros nas suas lamentações, já que foram eles e só eles, que ao longo dos últimos anos, criaram as condições mais favoráveis para este nefasto e anti-social domínio do capital financeiro.

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terça-feira, abril 19, 2011

Distribuição da riqueza

Não basta dizer, ser necessário criar riqueza para que ela possa ser distribuída. Na verdade, sendo condição necessária não é no mundo de hoje, no mundo capitalista actual de domínio do capital financeiro, uma condição suficiente. O capitalismo produtivo dominante até aos anos 80 do século passado, possuía uma determinada ética, tinha os seus valores, baseados na equidade, na justiça ou boa fé das relações económicas. Possuia um carácter social, promovia a Educação Pública como factor de desenvolvimento, a Saúde e a Segurança Social como factores de coesão social e direitos do homem e do cidadão. Detinha preocupações sociais, não apenas para os miseráveis, mas para todos porque encarava a sociedade como um todo social. Naturalmente que a todas estas preocupações sociais não são alheias os receios das ideias socialistas vindas de Leste.
Com a supremacia sempre crescente que desde então se verificou do capitalismo financeiro, caiu a ética das relações económicas, caíram os direitos dos cidadãos para nascerem os direitos dos consumidores. O homem passou a considerar-se não como ser social mas tão só como elemento de mercado. Esvazia-se o conteúdo social da cidadania substituindo-o por um conteúdo de gestão técnica do mercado. É nesta perspectiva que se deve entender o ataque obsessivo ao estado social, aos cortes sociais e aos direitos adquiridos a que assistimos.
Torna-se claro hoje que o capitalismo financeiro ao retirar recursos aos investimentos produtivos transferindo-os para a especulação financeira, gera aumento de desemprego e quebra o crescimento económico, ao mesmo tempo que acentua as desigualdades sociais. A parcela da riqueza que é destinada aos salários vem diminuindo, enquanto a riqueza que se traduz em lucros que remuneram os detentores do capital, é cada vez mais alta. Voltamos ao início. Não é líquido, muito pelo contrário, que a criação de riqueza gere por si uma maior distribuição. Bem pelo contrário, com a actual crise verifica-se um agravamento brutal das condições sociais e remuneratórias dos trabalhadores por conta de outrem, enquanto e ao mesmo tempo, os rendimentos dos ricos vêm aumentando exponencialmente.

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segunda-feira, abril 18, 2011

A PIADA DO DIA

Portugal paga bonos y reduce reservas

LISBOA (AP) — Portugal pagó 4,200 millones de euros (6,100 millones de dólares) en bonos que vencían este viernes (15.04.2011), informaron autoridades, con lo que evitó caer en suspensión de pagos pero que reduce sus reservas de divisas en semanas previas a la implementación de un rescate financiero internacional.
Las autoridades portuguesas han admitido que no tienen suficiente dinero para liquidar 6,700 millones de euros en bonos que vencen en junio y han solicitado ayuda financiera.

Picasso

sábado, abril 16, 2011

Por um fio


Os portugueses, como muitos outros povos por essa Europa fora, não foram chamados a decidir em eleições democráticas, a opção da entrada do país na União Europeia. Em Democracia o povo manifesta a sua soberania, a sua vontade, em referendo e em eleições. As decisões que afectam profundamente a vida e o modo de viver dos cidadãos, em Democracia, exigem por maioria de razão que tais opções sejam referendadas em eleições. À revelia dos povos, agindo antidemocraticamente, as elites nacionais - a classe política, os gestores das grandes empresas e das instituições financeiras, em conluio determinaram, nas costas do povo e desprezando as mais elementares regras democráticas (que sempre apregoam defender, sempre que lhes convém naturalmente), foram céleres em colocar o país na UE. Venderam a ideia de que tal constituía uma coisa boa para o país. Mas negaram aos cidadãos o elementar direito de decisão sobre os tratados constitucionais da UE.

Não existiu a mínima preocupação em analisar as consequências gravosas que uma economia tecnologicamente atrasada inevitavelmente sofreria coma a adesão à UE. Pensaram apenas nos seus interesses egoístas mas não nos interesses daqueles portugueses que trabalham por conta de outrem ou que em “trabalho precário” são pagos a recibos verdes, dos idosos com reformas miseráveis ou mesmo dos pequenos e médios industriais que se viram obrigados a abandonar os seus negócios mercê de uma concorrência implacável ou dos pequenos agricultores e pescadores que viram o país inundado de produtos a baixo preço e de má qualidade vindos do fim do mundo. Os tratados de total liberdade global dos mercados económicos assinados pela UE não tiveram a mínima preocupação com os prejuízos económicos catastróficos e suicidas que resultariam para os países economicamente mais débeis como Portugal. A “crise internacional” veio apenas a emergir mais precipitadamente a “crise” económica, orçamental e financeira do país, agravada pelos gastos de uma administração pública que, ano a ano, se tornou mais irracional e “adaptada” aos grandes negócios, à corrupção institucional que consome por ano cerca de 10% do PIB. E, enquanto os portugueses não se libertarem deste pesadíssimo fardo jamais conseguirão sair do abismo em que os mergulharam.

Mais que uma greve às eleições o que os portugueses precisam é de correr com esta classe política incompetente e corrupta. Depois, pensar seriamente na saída do euro. Naturalmente com a mesma paridade com que entrou, 1 euro por 200,482 escudos. Desvalorizar então o escudo (o que traduz uma efectiva redução da dívida pública) integrar o Instituto de Gestão do Crédito Público no Banco de Portugal, entidade emissora de moeda e dívida.

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sexta-feira, abril 08, 2011


Outra vez o engano dos resgates: Agora em Portugal

Os problemas económicos que Portugal tem não são exactamente o resultado de que tenha havido muita despesa pública, de endividamento público. É verdade que o défice aumentou muito nos dois últimos anos, mas isso produziu-se como consequência da crise que os bancos provocaram e de que se tenha imposto uma resposta a ela baseada justamente em salvá-los à custa de um preço extraordinariamente alto. De facto, o governo português, seguindo directrizes e exemplos europeus e a pressão dos próprios poderes financeiros, chegou a nacionalizar bancos em operações que lhe custaram muito caro.

Mas nem sequer é isso o que provoca os problemas mais agudos da economia portuguesa. O seu problema mais grave não é o endividamento público, mas o externo, e este vem-se produzindo nos últimos anos não precisamente porque tenha havido esbanjamento público, mas como consequência das políticas neoliberais que destruíram a sua riqueza produtiva, a sua indústria e agricultura e que lhe limitaram as fontes de criação de rendimentos já por si débeis. Como em tantos outros países, foram estas políticas geradoras de escassez em prol de salvar o lucro dos grandes grupos oligárquicos e que obrigaram Portugal a vender os seus melhores activos produtivos ao capital estrangeiro, as que destruíram o tecido industrial e a produção agrária e as que assim provocaram um enfraquecimento da sua capacidade de criar um arranque económico, da sua competitividade e, como consequência disso, o aumento da dívida externa.

A realidade é que as políticas neoliberais auspiciadas pela União Europeia significaram um espartilho letal para a economia portuguesa e que foram produzindo nos últimos anos um aumento do desemprego e da pobreza que se tratou de dissimular, entre outros meios, graças ao facto do domínio dos grandes meios de comunicação estar cada vez mais nas mãos desses mesmos capitais estrangeiros.

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quarta-feira, abril 06, 2011

UE sucursal do FMI


Uma conclusão se retira destes nove anos de adesão à União Económica Europeia: tanto Portugal como os outros países economicamente mais débeis, empobreceram, miserabilizaram as suas economias e reduziram drasticamente o seu crescimento económico. A taxa média do crescimento nesta dezena de anos em Portugal foi a mais pequena de sempre, não chegando aos o,5% anuais.

Os milhões que entraram da UE, apregoados a toda a hora aos quatro ventos, foi o preço que pagou a UE pela destruição da nossa indústria, das nossas pescas e da nossa agricultura. Um preço demasiado pequeno para tão grande desastre. Líderes políticos incompetentes e venais ajudaram à festa e arrastaram o país para o desastre de há muito anunciado.

E agora, nesta situação de sufoco em que o país se encontra, a UE atira-nos para as mãos do FMI, porque ela própria funciona como uma grande sucursal do FMI. Tendo como único objectivo a satisfação plena dos interesses do capital financeiro e dos grandes consórcios. O cidadão europeu, com as suas necessidades de bem-estar na saúde, no orçamento familiar, no trabalho, na educação, na cultura, na segurança, no lazer, não existe como preocupação desta UE belicista e neoliberal.

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A queda do governo de Sócrates e o cinismo neoliberal em Portugal

O blairista José Sócrates, que liderou o Governo português nos últimos 6 anos, dimitido na quarta-feira, día 23, ante o chumbo parlamentar do seu (irónicamente chamado) 4º Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC), a mais recente peça de uma catastrófica política de ajuste orçamental imposta às políticas públicas, seguindo a mais estricta normativa neoliberal. O pretexto parece ter sido, além do mais, criado pelo proprio Governo para forçar a oposição a provocar a sua propria queda. Depois de levar meses a chantagear as forças sociais e políticos com que haviam de aceitar toda a série de medidas da brutal austeridade, ameaçando a opinião pública com o espantalho da intervenção do FMI e dos casos irlandês e grego, tudo aponta a que, considerando uma inevitabilidade o recurso ao Fundo Europeu de Estabilização Financeira, associado ao FMI, Sócrates tenha escolhido abandonar o governo para não ter que ser ele que pessoalmente o solicite, acusando os partidos da oposição de irresponsabilidade ante a iminência da catástrofe... São a maioria os que crêem que Sócrates criou deliberadamente uma situação inadmissível à oposição, ao apresentar-se em Bruxelas con um novo programa de ajuste – o PEC IV – sem tê-lo negociado, nem sequer anunciado, com o Parlamento, a Presidência da República ou com os sindicatos e o patronato, comprometendo o Estado português perante o BCE e a Comissão Europeia.

O Governo, e em especial o ministro das Finanças, especializaram-se num irrealismo deliberado nos seus exercícios de previsão económica, empenhados em transformar toda a política orçamental em pura propaganda. En 2009, ano em que se realizaram as últimas eleições legislativas, enquanto socialistas e a dereita prometiam ou exigiam transparência nas contas públicas, o Governo, com a conivência do ex-governador do Banco de Portugal (Víctor Constâncio, hoje vice-governador do Banco Central Europeu), estabelecia 2,2% como previsão oficial do déficite público no Orçamento aprovado no ano anterior; em Maio, os dados indicavan 5,9%; em Dezembro, dois meses despois das eleições, o Governo já previa que havia subido a 8,5%; a avaliação final fixou-o em 9,3%! O que se vem fazendo com as previsões de crescimento económico é de tal monta que se assemelha a puro voluntarismo e nos permite falar de exercícios de macroeconomía criativa, desenhados para permitir reivindicar pequenos triunfos da política governamental, para logo, em cada momento em que a situação piora, responsabilizar o mercado internacional a cujos objectivos políticos se lhe concede prácticamente tudo. Em semelhante quadro, não pode surpreender que nenhuma medida, que nenhum PEC, seja suficiente, porque cada um agrava a situação socioeconómica já agravada pelo anterior e reduz a posibilidade do Estado português pagar a dívida que está contraindo a niveis astronómicos junto dos especuladores internacionais!

O cinismo é, uma vez mais, neste campo, difícilmente superavel. En 2005, quando Sócrates subiu ao poder, 25,3% do PIB português, segundo Eurostat, representava a despesa em proteção social, 2,4% inferior à média do conjunto da Eurozona; em 2009, depois do agravamento muito evidente da recessão económica e do desemprego, essa percentagem baixou para 21,9%, e no primeiro dos quatro PEC previa-se reduzi-la em 0,5% em finais de 2010. Os Orçamentos que os socialistas aprovaram, sós ou com a direita, ao longo dos últimos seis anos, impuseram todos os anos a redução dos gastos com o desemprego e o Rendimento Social de Inserção concebido para aqueles individuos com rendimento mensal total inferior a 189 Euros. Se somamos a um dos piores níveis de endividamento privado da UE à precarização generalizada do emprego, ao nivel salarial médio mais baixo da Europa Ocidental e à mais alta taxa de pobreza do continente, podemos dar-nos conta do que significa a política deliberadamente assumida por um partido como o Socialista que, pese nunca ter tido as raízes operárias históricas da maioría da socialdemocracia europeia, segue acolhendo o receoso apoio de uma parte muito substancial dos assalariados portugueses, sobretudo no desreguladíssimo sector dos serviços, que esperava do PS em 2005 e 2009 o contrário do que lhe saíu...

Componente essencial das políticas sociais, os serviços e as empresas públicas estão, mais que nunca, ameaçados por uma nova onda de privatizações. Aquí, como anteriormente, o PS e a direita limitam-se a competir entre eles pelo maior número de propostas de privatização. Os PEC do governo socialista prevêm a privatização das companhías aérea (TAP), ferroviária (CP) e aeroportuária (ANA), do que resta de público nas eléctricas (EDP y REN), dos Metros de Lisboa e Porto, da seguradora do grupo financeiro público da CGD; o PSD acrescenta a privatização do resto da banca pública (CGD, que segue concentrando 45% dos depósitos bancários) e a televisão do Estado (RTP)...

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segunda-feira, abril 04, 2011


Os multimilionários prosperam e as desigualdades aprofundam-se

As operações de salvamento de bancos, especuladores e industriais cumpriram o seu verdadeiro objectivo: os milionários passaram a multimilionários e estes ficaram ainda mais ricos. Segundo o relatório anual da revista de negócios Forbes, há 1210 indivíduos – e em muitos casos clãs familiares – com um valor líquido de mil milhões de dólares (ou mais). O seu valor líquido total é de 4,5 bilhões de dólares, maior do que o valor total de 4 bilhões de pessoas em todo o mundo. A actual concentração de riqueza ultrapassa qualquer período anterior da história; desde o Rei Midas, os Marajás, e os Barões Ladrões [1] até aos magnates de Silicon Valley [2] e Wall Street na actual década.

Uma análise da origem da riqueza dos super-ricos, a sua distribuição na economia mundial e os métodos de acumulação esclarece diversas diferenças importantes com profundas consequências políticas. Vamos identificar essas características especiais dos super-ricos, a começar pelos Estados Unidos e faremos depois uma análise ao resto do mundo.

Os EUA têm a maior parte dos multimilionários do mundo (413), mais de um terço do total, a maior proporção entre os grandes países do mundo. Um olhar mais de perto também revela que, entre os 200 multimilionários do topo (os que têm 5,2 mil milhões de dólares ou mais), 57 são dos EUA (29%). Mais de um terço fez fortuna através da actividade especulativa, da depredação da economia produtiva e da exploração do mercado imobiliário e de acções. Esta é a percentagem mais alta de qualquer dos principais países na Europa ou na Ásia (com a excepção da Inglaterra). A enorme concentração de riqueza nas mãos desta pequena classe dirigente parasita é uma das razões por que os EUA têm as piores desigualdades de qualquer economia avançada e se situa entre as piores em todo o mundo. Os especuladores não empregam trabalhadores, servem-se de expedientes fiscais e de operações de salvamento e depois pressionam cortes no orçamento social, dado que não precisam de uma força de trabalho saudável e instruída (excepto no que se refere a uma pequena elite). Em 1976, 1% da população mundial detinha 20% da riqueza; em 2007 dominava já 35% da riqueza total. Oitenta por cento dos americanos possuem apenas 15% da riqueza. As recentes crises económicas, que inicialmente reduziram a riqueza total do país, fizeram-no de modo desigual – atingindo de modo mais grave a maioria dos operários e empregados. A operação de salvamento Bush-Obama levou à recuperação económica, não da "economia em geral", mas restringiu-se a reforçar ainda mais a riqueza dos multimilionários – o que explica porque é que a taxa de desemprego e subemprego ficou praticamente na mesma, porque é que a dívida fiscal e o défice comercial aumentam e o estado baixa os impostos às grandes empresas e reduz os orçamentos municipais, estatais e federais. O sector "dinâmico" formado por capitalistas parasitas, emprega menos trabalhadores, não exporta produtos, paga impostos mais baixos e impõem maiores cortes nas despesas sociais para os trabalhadores. No caso dos multimilionários dos EUA, a sua riqueza é fortemente acrescida através da pilhagem do erário público e da economia produtiva e através da especulação no sector das tecnologias de informação que alberga um quinto dos multimilionários do topo.

As "crises económicas" de 2008-2009 infligiram apenas perdas temporárias a alguns multimilionários (EUA-UE) e a outros não (asiáticos). Graças às operações de salvamento de milhões de milhões de dólares/euros/ienes, a classe multimilionária recuperou e alargou-se, apesar de os salários nos EUA e na Europa terem estagnado e os 'padrões de vida' terem sido atingidos por cortes maciços na saúde, na educação, no emprego e nos serviços públicos.

O que é chocante quanto à recuperação, crescimento e expansão dos multimilionários mundiais é como a sua acumulação de riqueza depende e está baseada na pilhagem de recursos dos Estados; como a maior parte das suas fortunas se basearam nas políticas neoliberais que levaram à apropriação a preços de saldos de empresas públicas privatizadas; como a desregulamentação estatal permite a pilhagem do ambiente para a extracção de recursos com a mais alta taxa de retorno; como o estado promoveu a expansão da actividade especulativa no imobiliário, na finança e nos fundos de pensões, enquanto encorajava o crescimento de monopólios, oligopólios e conglomerados que captaram "super lucros" – taxas acima do "nível histórico".

O que é perfeitamente claro é que é o Estado, e não o mercado, quem desempenha um papel essencial em facilitar a maior concentração e centralização de riqueza na história mundial, quer facilitando a pilhagem do erário público e do ambiente, quer aumentando a exploração da força de trabalho, directa e indirectamente.

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sexta-feira, abril 01, 2011

A desunião europeia


Não restam dúvidas. A entrada de Portugal na UE e as medidas económicas e financeiras que desde então ela decretou, associada à venal e incompetente governação do país, governos que possuídos de uma leviana submissão e deslumbrados com os novos salões de Bruxelas se vangloriaram e vangloriam da precisa, atempada e exaustiva execução de tais medidas, são responsáveis pelas situação económica e social catastrófica em que mergulhou o país.

Nos traços fundamentais da política económica da EU ressaltam: as políticas de juros e crédito fácil (o que deu origem a uma desenfreada e insustentável especulação urbanística, imobiliária e financeira), as medidas incentivadoras da desindustrialização nacional, grandes empresas nacionais na área da metalomecânica foram à falência ou foram vendidas ao desbarato a consórcios estrangeiros ( Sorefame, Lisnave, Fundição de Oeiras e tantas outras), as politicas de abate e desinvestimento na industria das pescas, as politicas de desinvestimento na agricultura e a abertura incondicional do nosso país aos mercados do resto do mundo, politica que apenas favoreceu e favorece os países economicamente mais fortes e desenvolvidos da EU.

Entretanto, a EU através das instituições financeiras, emprestava dinheiro a rodos e a juros baixos, aos bancos, ao Estado, aos particulares. Não produzam mas consumam os nossos produtos porque nós emprestar-vos-emos todo o dinheiro de que necessitem.

Não se olhou às características próprias e específicas do país relativamente às suas estruturas na indústria, nas pescas, na agricultura. Os governos, despreocupados, acreditando talvez que, entrados na EU, todos os problemas se resolveriam por si sob o grande guarda-chuva da EU, pensando mais em si e nas suas clientelas que no país, iniciaram e ampliaram a cada ano, uma paulatina mas profunda “reforma” na Administração Pública, com a criação de imensos órgãos do Estado parasitários, que ampliou a corrupção e elevou a despesa pública para níveis insuportáveis. Hoje, com os juros da dívida pública a níveis proibitivos e com as necessidades de financiamento do Estado, constatamos que afinal a EU, longe de constituir uma solução para o atoleiro a que nos conduziram as suas políticas, que como bons alunos acriticamente sempre seguimos, se comporta afinal, com a tão badalada “ajuda” do FEEF, do mesmo modo e da mesma forma e com os mesmos juros, que o FMI se comportaria com um qualquer país fora da zona euro em circunstancias iguais. O que constituirá seguramente uma profunda desilusão para aqueles que ao longo dos anos sempre endeusaram a EU.

Com a crise, revela-se claramente a verdadeira natureza desta EU. Domínio decisório e absoluto da Alemanha, com a França na sua sombra, na defesa intransigente dos seus próprios interesses económicos e financeiros, funcionando o Banco Central Europeu com o único propósito de alcançar tais objectivos. Enquanto o governo oficial europeu, os comissários europeus, o parlamento europeu, se refugiam cobardemente na maior obscuridade e no mais profundo silencio sem qualquer iniciativa ou acção política abrangente e esclarecedora. Na verdade, seria ao governo europeu a quem competiria discutir os problemas da crise e o modo de sair dela, a quem competiria discutir com cada país em dificuldades as medidas alternativas necessárias e não à senhora Merkel. Do governo europeu deveria sair um plano de apoio estratégico e solidário aos países em dificuldades maiores, à Grécia, à Irlanda e a Portugal. Discutido entre todos e apoiado por todos. Não essa coisa que dá pelo nome de Fundo Europeu de Estabilidade Financeira, FEEF, que possui a mesma orgânica e filosofia de esbulho dos “empréstimos” do FMI e que despreza em absoluto as envolventes nacionais de cada país, as pessoas que neles habitam e trabalham e as condições indispensáveis ao crescimento económico.

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"nobel da paz"


Barack Obama, Prémio Nobel da Paz e Presidente dos EUA. No seu governo foi aprovado o maior Orçamento Militar da história do país, aprovou o aumento de envio de tropas militares ao Iraque e ao Afeganistão e deu a ordem das tropas americanas iniciarem a invasão da Líbia.

Nos últimos dez anos do Governo da União Soviética, apenas 8% dos seus parlamentares sofreram mudanças. Nos últimos dez anos, o Congresso Americano, teve, apenas, 2% de mudança dos seus parlamentares.

O Conselho de Paz da ONU é constituído por cinco países: Estados Unidos da América, China, Rússia, França e Inglaterra. Esses países são os cinco maiores vendedores de armas do mundo. ANTÔNIO CARLOS Qui, 31 de Março de 2011 12:14

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