terça-feira, maio 31, 2011

A “ajuda” da Troika

A força da mistificação da realidade política e social do país, que a toda a hora é debitada pela Comunicação Social dominada pelo sócretismo, não explicará tudo. As débeis alternativas ideológicas da oposição são razão que pode justificar, a acreditar nas sondagens, a relativa elevada percentagem de intenções de votos que Sócrates vem consecutivamente obtendo. Independentemente de quem seja o vencedor das eleições, PS ou PSD, já que não é crível que o Bloco ou a CDU o consiga, o próximo programa de governo está traçado e corresponde ao memorando assinado com a Troika.
Desde a nossa entrada no euro que ficámos acorrentados às políticas neoliberais emanadas da Comissão Europeia e do Banco Central Europeu. O capital financeiro europeu domina a Europa e impôs as suas regras. Aproveitando-se da “crise” pretende impor aos países economicamente mais débeis, de um golpe, todas as medidas políticas neoliberais, anti-económicas e anti-sociais que, com alguma resistência dos cidadãos, vinha paulatinamente implantando, dando assim num ápice, satisfação às suas ambições, à sua desmedida ganância. A sua política resume-se a isto – menos Estado e mais mercado – privatização de todo o património do Estado que possa ser negócio e gerar lucro; extinguir as funções sociais do Estado; retirar ao Estado seu papel regulador. Os mercados, os mercados financeiros que se tornaram dominantes, com estes novos Estados mínimos, passam a controlar e a impor aos próprios países e aos seus governos as suas políticas internas, causando as maiores brutalidades sociais, um retrocesso social e civilizacional. Especulando com as dívidas públicas que fomentaram e alimentaram, saltam de país para país em busca dos maiores rendimentos. Miserabilizando cada país que se submeta aos seus desígnios.
É o que vai acontecer a Portugal. A “ajuda” de 78.000 milhões de euros não é ajuda alguma. Foram os “mercados” financeiros que forçaram Portugal a pedir “ajuda”. Foram os “mercados” que subiram os juros da dívida para valores insuportáveis, são as instituições financeiras que os suportam, que aguardam o resgate dos seus “investimentos” em dívida pública. Até aqui, o país, gastando sempre mais do que criava, emitia dívida em igual proporção. E, para resgatar dívida antiga que ia vencendo, em esquema Ponzi, contraía nova dívida. O esquema ia funcionando alegremente até ao momento em que os “mercados”, elevando os juros, entenderam ter chegado o momento da obtenção de maiores e mais rápidas ganâncias. Da “ajuda”, 30.000 milhões de euros nem sequer chegam a entrar, vão direitinhos para pagamento de juros; 12.000 milhões vão directamente para as instituições financeiras nacionais; alguns outros milhões para saldar compromissos financeiros das empresas públicas; outros tantos para resgatar a dívida pública que vencerá entretanto.
A ameaça de que “não haveria dinheiro para pagar aos funcionários” constitui uma falácia com o objectivo claro de provocar receios generalizados entre os cidadãos e preparar assim terreno para a aceitação dócil das medidas impostas pela Troika. A execução orçamental decorria normalmente, gaba-se até o governo de que na execução orçamental do primeiro trimestre do ano, as receitas ultrapassam as previsões e as despesas reduziram-se mais do que o previsto, o que comprova não ter sentido o cenário de “falta de pagamento aos funcionários”. O que estava realmente em causa, ao contrário, era a ruptura do esquema de Ponzi seguido até aqui, isto é, a emissão de dívida para pagar dívida anterior. A nova emissão de dívida já não encontrava compradores mesmo a juros insuportáveis. Em Junho, Portugal teria que pagar a instituições financeiras internacionais, em pagamentos de dívida antiga, 5.000 milhões de euros. Era esta dívida que estava em risco de ser quebrada, isto é, estava em risco de não ser paga, aquilo que em linguagem corrente se chama a entrada de um país em “bancarrota” que tanta e justificada preocupação causa às instituições financeiras credoras. A “ajuda” tão apressada da Troika visa proporcionar as verbas necessárias ao calendário do pagamento das dívidas às instituições financeiras internacionais. É um dinheiro que não sairá dos cofres das instituições financeiras, sendo apenas sujeito a “operações financeiras de registo de propriedade”. É um dinheiro que não entra em circulação na sociedade (a verba de 12.000 milhões a fornecer à Banca nacional visa igualmente assegurar que esta pague a tempo e horas as dívidas contraídas à Banca internacional), e assim não gerará qualquer riqueza ou progresso económico. Contudo, serão os portugueses que do seu bolso terão que pagar esta nova dívida de 78.000 milhões de euros, com redobrados sacrifícios e uma vida cada vez mais miserável.

Marcadores: ,

sexta-feira, maio 27, 2011


O socratismo não é apenas uma sujidade que lavaremos com as eleições, é uma sarna que se entranhou, que corrói as nossas referências liberais e democráticas e de que vamos levar muitos anos a livrar-nos. Tal como da dívida que nos deixa…

quinta-feira, maio 19, 2011

DEMOCRACIA REAL, JÁ!


Os protestos populares na Espanha não diferem, em sua essência, dos que ocorreram e ocorrem nos países árabes.
Se, no caso dos países árabes, muitos dos manifestantes se insurgem contra o poder pessoal, na Espanha esse protesto se dirige contra o sistema como um todo.
No capitalismo neoliberal, dominado por banqueiros corruptos, políticos corruptos, intelectuais corrompidos, e alguns poderosos meios de comunicação, pouco importa o partido que se encontre no poder: a ordem de domínio e de exploração é a mesma.
Por mais que os meios de comunicação finjam não perceber o que tais manifestações anunciam, o povo está começando a sair às ruas, e às ruas sairão, em todas as latitudes e longitudes, em busca de uma vida mais humana. As instituições estatais não podem continuar a serviço dos mais fortes, nessa promiscuidade escandalosa entre os que dominam o capital financeiro e os que ocupam os governos.
Ontem à noite, milhares de pessoas se reuniam na Porta do Sol, centro geográfico de Madrid, convocados pelo movimento suprapartidário dos indignados, sob o lema de Democracia Real, Já. Não admitem que a crise económica seja resolvida com o sacrifício dos trabalhadores, enquanto as corporações multinacionais, dominadas pelos grandes bancos – como algumas que nos exploram no Brasil – continuem beneficiadas pelo governo. Hoje, são os “socialistas” que se empenham em favorecer o capitalismo neoliberal, como ontem foram os conservadores, dentro do sistema eleitoral vigente – parlamentarista e de listas fechadas, registe-se.
Enganam-se os que se encontram no poder. Se, em toda a História, o poder foi situação precária, sujeita às intempéries sociais, em nossos dias sua fragilidade é maior. A força da internet tornou veloz a mobilização dos inconformados e a explosão dos indignados. Como bem comentou o jornalista Ramón Lobo, em seu blog acolhido por El País, “Madri não é Tahrir, mas o vírus é o mesmo: o fastio de uma juventude sem esperança – diante de um mercado minguante que se “moderniza” cortando direitos sociais e empregos – com o único horizonte de contratos imundos, de longa duração. Prevalece a voz oficial, a dos outros, a da linguagem burocratizada, a das entrevistas colectivas sem perguntas, a dos intocáveis”.
Frente aos super bilionários que, todos os anos, se reúnem em segredo, para dividir o mundo em novas colónias, a indignação das ruas é a legítima e necessária acção de defesa dos oprimidos. Em todas as latitudes.

Marcadores:

terça-feira, maio 17, 2011

A Troika


A única imagem de futuro que se apresenta é o fracasso do presente.

Uma vez mais, os líderes dos partidos da área do poder, não mostraram grande vigor na “negociação” do pacote de resgate a Portugal. Aceitaram as imposições vindas de Bruxelas e do FMI sem qualquer oposição, elogiando mesmo as medidas restritivas nele contidas. Alguns até, prometem “ir mais longe” que o próprio documento saído da Troika.
Este pacote é igual a tantos outros que o FMI vem impondo aos países em dificuldades, por esse mundo fora. A receita é sempre igual – privatizações das empresas estatais rentáveis, com a criação de novas áreas de negócio ao privado; embaratecimento do trabalho, através do aumento do desemprego e de uma nova reformulação das leis laborais, facilitando o despedimento e aumentando o horário de trabalho; cortes sociais e aumento de impostos sobre o trabalho, com vincada redução dos apoios sociais à família, ao desemprego, aos idosos; redução das funções sociais do Estado, convertendo-o em estado mínimo atribuindo ao sector privado as áreas da Saúde e Educação. Numa palavra, todo o cardápio neoliberal conhecido. Os resultados também são conhecidos – aumento acelerado das desigualdades sociais; piores condições de vida das populações; aumento da pobreza; menor crescimento económico.
É difícil de compreender que Bruxelas avance com programas de resgate nos países em dificuldades da UE em tudo idênticos aos já testados por esse mundo fora, conhecendo de antemão os maus resultados económicos que daí resultam. Na verdade, não deveria ser do interesse da UE o enfraquecimento económico de qualquer país da união. Ao contrário, deveria consistir num seu objectivo estratégico o fortalecimento económico de um qualquer país por mais periférico que fosse porque tal contribuiria para o fortalecimento conjunto da UE. Não é contudo o que acontece. E não o será porque a UE sofre de uma contradição que muito provavelmente ditará o seu enfraquecimento e mesmo o seu desmoronamento num futuro próximo. As medidas neoliberais impostas por Bruxelas tornam-se incompatíveis com o desenvolvimento económico dos países economicamente mais fracos, gerando assim cada vez maiores desigualdades entre os países da comunidade, mal-estar social e provocando um descrédito da UE entre os seus cidadãos. A convergência social e económica entre os países da união, propagandeada pelas elites governamentais europeias, não passa de um mito, de uma falácia. As políticas neoliberais de Bruxelas longe de atenuarem as desigualdades económicas e sociais entre os países acentuaram antes as suas diferenças, provocando que os países mais ricos da união se tornassem mais ricos e os países mais pobres se tornassem mais pobres ainda.
Não existe solidariedade europeia nem qualquer objectivo comum de convergência social. O que se assiste é ao recrudescimento dos interesses individuais de cada país. As condições impostas nos resgates demonstram-no bem. Prazos curtos e juros insuportáveis, chegando-se mesmo ao inconcebível de ser a UE a impor juros mais altos que o próprio FMI.
Estranho e impensável também, terá sido a assinatura do programa da Troika pelo CDS, PSD e PS antes mesmo de conhecerem os juros a aplicar ao empréstimo. Pelos vistos, uma questão fundamental, o valor dos juros, não lhes mereceu “negociação” ou qualquer reserva. Um juro de 5,5% a 6% e prazos tão curtos, tornam inviável o cumprimento das obrigações do resgate dadas as debilidades económicas e financeiras em que o país se encontra. O nosso “esforço fiscal” é o maior dos países da zona euro a grande distância do segundo, e a receita dos impostos já ultrapassou o seu “ponto de equilíbrio” a partir do qual impostos mais elevados não se traduzem em maior receita. Torna-se incompreensível a passiva aceitação das imposições da Troika por parte do governo, do CDS e do PSD.
Mas haveria margem para uma verdadeira negociação encontrando-se o país tão financeira e orçamentalmente desesperado como se encontra?
Na verdade existia. Não é do interesse dos países mais poderosos da UE que um dos países da união se torne insolvente e deixe de pagar os juros e as suas dívidas. O colapso de um país provocaria um imediato enfraquecimento do euro, tumultuosas convulsões financeiras no espaço europeu, o descrédito da própria UE e tudo o mais que se seguiria de difícil antevisão mas demasiado prejudicial aos interesses do capital financeiro e económico de uma Alemanha ou de uma França. É por esta razão que, sem grandes alardes, se estão a renegociar novos empréstimos e novas condições à Grécia concedidos e "negociados" à menos de um ano. O mesmo acontecerá muito em breve a Portugal.


Marcadores: , ,

domingo, maio 15, 2011

Os negócios do BCE

Nem sempre nem todos os governantes ao longo dos anos, se mostraram em perfeita comunhão de objectivos, em conluio tão concertado com as instituições financeiras, com as oligarquias financeiras, com os “mercados”, como hoje acontece. Homens houve, ao longo da história, que compreenderam bem a insaciável ganância dos donos das instituições financeiras e como estes sôfregos interesses, utilizando todos os meios e “truques”, são contrários ao desenvolvimento social e económico das maiorias, da generalidade dos cidadãos. Presidentes dos USA como Lincoln ou James Gardfield, entre outros, combateram a avidez dos banqueiros e colocaram-se ao lado da população.
“Quem controla o volume de dinheiro em qualquer país é dono absoluto de toda a indústria e comercio… e quando te dás conta que todo o sistema é muito fácil de controlar, de uma forma ou de outra, por uns poucos homens poderosos, não vais necessitar que te digam como os períodos de inflação e de depressão se originam”.
Presidente James Gardfield, 1881 (foi assassinado duas semanas depois de proferir estas palavras)
“A morte de Lincoln foi um desastre para o mundo. Não havia nenhum homem … suficientemente grande para usar as suas botas … mas temo que os banqueiros estrangeiros com os seus truques controlarão inteiramente a riqueza da América e usá-la-ão de forma sistemática para corromper a civilização moderna. Eles não demorarão em abalar o mundo inteiro em guerras e no caos com o objectivo de que a terra se converta na sua herança”.
Otto Von Bismarck
Os banqueiros, por sua vez, conspirando contra tudo e contra todos, tendo como único objectivo o acréscimo do seu lucro, no seu Boletim, deixavam antever bem os seus propósitos.
“Temos que seguir em frente com cautela e consolidar cada posição adquirida, porque já o estrato inferior da sociedade está dando sinais de agitação incessante.
Vamos fazer uso dos tribunais… quando através da intervenção da lei, a gente comum já hajam perdido as suas casas, serão mais fáceis de controlar e mais fácil de governar, e não serão capazes de resistir à mão dura do governo conforme com… o controlo dos lideres das finanças”.
“Devemos manter o povo ocupado com os antagonismos políticos.
Portanto acelerar a reforma do partido Democrata e vamos colocar em relevo a questão da protecção … para o partido Republicano.
Dividindo o eleitorado desta maneira, poderemos tê-los a gastar as suas energias lutando entre si sobre questões que, para nós, não têm importância alguma”.
United States Bankers magazine 1892
Passaram-se 130 anos, mas a natureza do capital financeiro mantêm-se. Nunca como hoje os “donos dos bancos” governam, no verdadeiro sentido da palavra, as nações e subjugam os seus povos aos seus ilegítimos interesses. Muita gente pensa que o Banco Central Europeu (BCE) é uma instituição pública, democrática, gerida pela União Europeia, pelo Parlamento Europeu e pela Comissão Europeia. Não é. Trata-se de uma instituição privada, com gestão autónoma privada, com “donos” privados, e com objectivos privados – os de alcançar a todo o instante o maior lucro possível.
Veja-se o Artigo 108º (ex-artigo 107º) do TCE:“No exercício dos poderes e no cumprimento das atribuições e deveres que lhes são conferidos pelo presente Tratado e pelos Estatutos do SEBC, o BCE, os bancos centrais nacionais, ou qualquer membro dos respectivos órgãos de decisão não podem solicitar ou receber instruções das Instituições ou organismos comunitários, dos Governos dos Estados-membros ou de qualquer outra entidade. As Instituições e organismos comunitários, bem como os Governos dos Estados-membros, comprometem-se a respeitar este princípio e a não procurar influenciar os membros dos órgãos de decisão do BCE ou dos bancos centrais nacionais no exercício das suas funções”.
Talvez agora se compreenda melhor a razão pela qual o BCE empresta dinheiro aos Bancos a 1% de juro e a 5,5% ou 6% aos países comunitários em dificuldade.

Marcadores:

segunda-feira, maio 09, 2011

revolução

Numa palavra, para salvar ou melhorar a “economia” de que esta gente fala, será preciso sacrificar economicamente as pessoas. Deduz-se então que a melhoria desta “economia” que nos falam e que apregoam como boa, acarreta piores condições económicas e de vida das populações. Verifica-se assim mais do que uma contradição, um antagonismo, entre estes dois conceitos – a melhoria desta “economia” e a melhoria das condições de vida dos cidadãos. São portanto dois objectivos mais do que contraditórios, dois objectivos antagónicos.
Encontrando-se, como se constata, o objectivo da melhoria das condições de vida das populações em confronto, em antagonismo, com o objectivo do crescimento desta “economia”, a crescente agudização entre eles levará, a médio ou a mais curto prazo, a uma ruptura, a um confronto social. Será assim necessário que a sociedade se arme com uma nova doutrina emancipadora, inovadora, mobilizadora, tendo por base uma «economia» que tenha como objectivo a satisfação dos interesses da maioria e não de elites minoritárias, uma economia capaz de responder aos naturais anseios de uma melhor qualidade de vida da generalidade das pessoas.

Marcadores:

sexta-feira, maio 06, 2011

Que "economia" é esta?

Dizem-nos, os economistas do “sistema”, políticos e demais opinadores que aparecem nas televisões todos os dias e a todas as horas, que as medidas da Troika agora impostas a Portugal se tornam indispensáveis para recuperar a “economia” e que tais medidas pecam por tardias. Por outras palavras, dizem-nos, tão ilustres e sabedoras cabeças, que para melhorar a “economia” será preciso sacrificar a vida das pessoas, da maioria da população, dos idosos pensionistas, dos desempregados, dos trabalhadores por conta de outrem, dos pequenos agricultores, dos pequenos comerciantes e pequenos industriais. Tudo somado, a grande maioria da população, sem qualquer dúvida, vê agravadas as suas dificuldades económicas de sobrevivência, dado o forte aumento de impostos, os cortes generalizados nos apoios sociais, a congelação de salários e pensões até 2013. A bem da melhoria da “economia” que segundo afirmam, se encontrará então ”recuperada”.
Numa palavra, para salvar ou melhorar a “economia” de que esta gente fala, será preciso sacrificar economicamente as pessoas. Deduz-se então que a melhoria desta “economia” que nos falam e que apregoam como boa, acarreta piores condições económicas e de vida das populações. Verifica-se assim mais do que uma contradição, um antagonismo, entre estes dois conceitos – a melhoria desta “economia” e a melhoria das condições de vida dos cidadãos. São portanto dois objectivos mais do que contraditórios dois objectivos antagónicos.
Esta “economia” é portanto contrária ao bem-estar das pessoas e viverá tanto melhor quanto mais sacrifícios imponha à vida das pessoas. Chegaremos a 2013 por um lado com a “economia” melhorada e por outro lado com uma pobreza maior e com as pessoas a viverem com mais baixos rendimentos.
E toda esta gente que vem exaltando esta “economia”, atreve-se mesmo a dizer que os portugueses têm vivido “acima das suas possibilidades” o que, a seu ver, tem prejudicado a dita “economia”. Com grande cinismo na tentativa de responsabilizar as pessoas por tentarem viver uma vida mais desafogada, mais digna e de acordo com todas os bens técnicos e culturais que a natural evolução histórica civilizacional colocou ao seu dispor. Para eles, as pessoas deveriam viver mal para que a “economia” estivesse bem.
A “economia” que apregoam é a economia do domínio do capital financeiro que hoje se tornou dominante e favorece, aumentando os rendimentos a cada dia que passa em cada país do mundo ocidental, as minorias, uma elite detentora das oligarquias financeiras, das grandes empresas, dos seus gestores e políticos. É uma “economia” imposta pela Alemanha, França, Reino Unido, pela UE e seus fiéis comissários e pelo FMI. É uma “economia” contrária aos naturais desejos de uma vida melhor para as pessoas, que aumenta as desigualdades e, ao contrário do que dizem, não favorece o crescimento económico.

Marcadores:

quarta-feira, maio 04, 2011

Em apenas seis anos

Em 2004 a Dívida Pública (DP) portuguesa ascendia a 58,3% do PIB, ou seja 78.750 milhões de euros. Em 2010, a DP saltou para 93% do PIB, ou seja 148.800 milhões de euros. Subiu assim, durante os seis anos de governação Sócrates, qualquer coisa como 70.050 milhões de euros. Tudo isto com o aumento de impostos (aumento do IVA, aumento de IRS, etc) e com os cortes sociais que suportámos, o que revela bem da incompetência, do desleixo e sobretudo da corrupção institucional que se agravou astronomicamente nestes anos.
70.500 milhões de euros, mais do que agora é emprestado ao Estado pela Troika, se descontarmos aos 78.000 milhões do empréstimo os 12.000 milhões que vão direitinhos para a Banca.
Vamos assim pagar demasiado caro o equivalente ao que Sócrates desbaratou em apenas seis anos - nas negociatas das parcerias público privadas, das empresas públicas e da Administração Geral do Estado.

Marcadores: ,

terça-feira, maio 03, 2011

Osama Bin Laden morreu em 2007, segundo Benazir Butto

Em 2 de Novembro de 2007, um mês antes do seu assassinato, durante uma entrevista televisiva com David Frost, Benazir Bhutto declarou que Bin Laden foi assassinado por Omar Sheikh, um agente secreto do ISI, serviço de inteligência paquistanês, conectado com a CIA e que como líder dos mujahidines talibãs tinha acesso directo a Bin Laden, como explica X files. O vídeo não deixa lugar a duvidas a partir do minuto 2:21: “E também tem negócios com Omar Sheikh, o homem que assassinou a Osama Bin Laden“.

Marcadores:

"as famílias"


Prescott Bush integrava, em 1918, a associação estudantil Skull & Bones (Crânio e Osso). Desafiado pelos colegas, invadiu um cemitério apache e roubou o escalpo do lendário cacique Jerônimo.Deflagrada a Segunda Guerra Mundial, Prescott Bush, sócio de uma companhia de petróleo do Texas, recebeu punição do governo dos EUA por negociar combustível com a empresa nazista Luftwaffe. O tribunal admitiu que ele violara o Trading with Enemy Act.
Esperto, após a guerra, Prescott aproximou-se dos homens do poder, de modo a usufruir de imunidade e impunidade. Tornou-se íntimo dos irmãos Allen e John Foster Dulles. Este último comandava a CIA por ocasião do assassinato de John Kennedy, em 1963. Convenceu o velho Bush a fazer um gesto magnânimo e devolver aos apaches o escalpo de Jerônimo. Bush o atendeu, mas não tardou para os indígenas descobrirem que a relíquia restituída era falsa...
A amizade com Dulles garantiu ao filho mais velho de Prescott, George H. Bush, executivo da indústria petrolífera, o emprego de agente da CIA. George destacou- se a ponto de, em 1961, coordenar a invasão da Baía dos Porcos, em Cuba, para derrubar o regime implantado pela guerrilha de Sierra Maestra.
Fiel às suas raízes texanas, George batizou as embarcações que conduziram os mercenários até a ilha de Fidel de Zapata (nome de sua empresa petrolífera), Bárbara (sua mulher) e Houston. A invasão fracassou, 1.500 mercenários foram presos e, mais tarde, liberados em troca de US$ 10 milhões em alimentos e remédios para crianças. (Malgrado a derrota, George H. Bush tornou-se diretor da CIA em 1976).
Triste com o mau desempenho de seu primogênito como 007, Prescott Bush consolava-se com o êxito dele nos negócios de petróleo. E aplaudiu a amplitude de visão do filho quando George, em meados dos anos 60, tornou-se amigo de um empreiteiro árabe que viajava com freqüência ao Texas, introduzindo-se aos poucos na sociedade local: Muhammad Bin Laden. Em 1968, ao sobrevoar os poços de petróleo de Bush, Bin Laden morreu em acidente aéreo no Texas. Os laços de família, no entanto, estavam criados.
George Bush não pranteou a morte do amigo. Andava mais preocupado com as dificuldades escolares de seu filho George W. Bush, que só obtinha média C. A guerra do Vietnã acirrou-se e, para evitar que o filho fosse convocado, George tratou de alistá-lo na força aérea da Guarda Nacional. A bebida, entretanto, impediu que o neto de Prescott se tornasse um bom piloto.
Papai George incentivou-o, então, a fundar, em meados dos anos 70, sua própria empresa petrolífera, a Arbusto (bush, em inglês) Energy. Gracas aos contatos internacionais que o pai mantinha desde os tempos da CIA, George filho buscou os investimentos de Khaled Bin Mafouz e Salem Bin Laden, o mais velho dos 52 filhos gerados pelo falecido Muhammad. Mafouz era banqueiro da família real saudita e casara com uma das irmãs de Salem. Esses vínculos familiares permitiram que Mafouz se tornasse o presidente da Blessed Relief, a ONG árabe na qual trabalhava um dos irmãos de Salem, Osama Bin Laden.
A Arbusto pediu concordata e renasceu com o nome de Bush Exploration e, mais tarde, Spectrum 7. Tais mudanças foram suficientes para impedir que a bancarrota ameaçasse o jovem George W. Bush. Salem Bin Laden, fiel aos laços de família, veio em socorro do amigo, comprando US$ 600 mil em ações da Herken Energy, que assumiu o controle da Spectrum 7. E firmou um contrato de importação de petróleo no valor de US$ 120 mil anuais. As coisas melhoraram para o neto do velho Prescott, que logo embolsou US$ 1 milhão e obteve um contrato com o emirado de Bahrein, que deixou a Esso morrendo de inveja.
Em dezembro de 1979, George H. Bush viajou a Paris para um encontro entre republicanos e partidários moderados de Khomeini, no qual trataram da libertação dos 64 reféns estadunidenses seqüestrados, em novembro, na embaixada dos EUA, em Teerã. Buscava-se evitar que o presidente Jimmy Carter se valesse do episódio, a ponto de prejudicar as pretensões presidenciais de Ronald Reagan. Papai George fez o percurso até a capital francesa a bordo do jatinho de Salem Bin Laden, que lhe facilitava o contato com o mundo islâmico. (Em 1988, Salem faleceu, como o pai, num desastre de avião).
Naquele mesmo ano, os soviéticos invadiram o Afeganistão. Papai George, que coordenava operações da CIA, recorreu a Osama, um dos irmãos de Salem, que aceitou infiltrar-se no Afeganistão para, monitorado pela Agência de Inteligência, fortalecer a resistência afegã contra os invasores comunistas.
Os dados acima são do analista italiano Francesco Piccioni. Mais detalhes no livro A fortunate son: George W. Bush and the making of na American President, de Steve Hatfield. Tão sintomática quanto a atual censura consentida à mídia nos EUA, é a omissão na imprensa da história de como a CIA criou o general Noriega, do Panamá; Saddam Hussein, do Iraque; e Osama Bin Laden, do circuito Arábia Saudita/Afeganistão.
Agora, o neto de Prescott Bush demonstra sua fidelidade à índole do avô: invade o Afeganistão para obter, ainda que a custo do sacrifício da população civil, o escalpe de Osama Bin Laden.Osama Bin Laden é formado em administração e economia pela King Abdul Aziz University, da Arábia Saudita. Após a morte do pai em 1968, em desastre de avião sobre os campos de petróleo da família Bush, no Texas, Osama, então com 11 anos, ficou sob a tutela do príncipe Turki al-Faisal al-Saud, que dirigiu os serviços de inteligência saudita de 1977 a agosto deste ano.
Em 1979, a pedido de George Bush, o pai, então diretor da CIA, o tutor incumbiu Osama, já com 23 anos, de transferir-se para o Afeganistão e administrar os recursos financeiros destinados às operações secretas da agência contra a invasão soviética àquele país. Preocupado com a ofensiva de Moscou, o governo dos EUA havia liberado a mais alta soma que a CIA recebeu, em toda a sua história, para atuar em um só país: US$ 2 bilhões.
Em 1994, quando já se tornara o inimigo público número 1 dos EUA e perdera a nacionalidade saudita, Osama Bin Laden herdou cerca de US$300 milhões. Era o que lhe correspondia no Saudi Bin Laden Group (SBG), a holding mais importante da Arábia Saudita, que controla imobiliárias, construtoras, editoras e empresas de telecomunicações. Presidida por Bakr Bin Laden, irmão de Osama, o SBG criou, na Suíça, uma empresa de investimentos, a Sico (Saudi Investment Company).
O SBG tem participação na General Electric, na Nortel Networks e na Cadbury Schweppes. Suas finanças são administradas pelo Carlyle Group, dos EUA. Além de deter o monopólio da construção civil em Medina e Meca, lugares santos mulçumanos, o SBG ganhou a maioria das licitações para a construção de bases militares americanas na Arábia Saudita e a reconstrução do Kuwait depois da guerra do Golfo.
Os negócios da família Bin Laden são administrados também por um cunhado de Osama, o xeque Khaled Salim Ben Mafhuz, dono da 251a. fortuna do mundo, avaliada em US$1,9 bilhão, segundo a revista Forbes. Seu pai fundou o principal banco saudita, o National Comercial Bank, sócio da Sico em diversas empresas.
Khaled Ben Mafhuz, presidente da ONG saudita Blessed Relief, na qual Osama trabalhava, investiu, nos anos 70, na companhia de petróleo de George W. Bush, a Arbusto Energy. Possui uma mansão em Houston e, graças à sua amizade com a família Bush, comprou uma área do aeroporto local para uso pessoal. (Logo após os atentados, cerca de 150 Bin Laden residentes nos EUA foram reunidos naquele aeroporto, a pedido da coroa saudita, e levados, por segurança, para o país de origem).
Respeitado nos meios financeiros internacionais, Mafhuz esteve envolvido no maior escândalo bancário dos anos 90, a quebra do BCCI (Bank of Credit and Commerce Internacional). Através do BCCI, Mafhuz comprou 11,5% das ações da Harken Energy Co., empresa petrolífera dirigida por George W. Bush. Com a quebra do banco, a maioria dos clientes passou ao Carlyle Group, fundo de investimentos criado em 1987, quatro anos antes da falência do BCCI, e que hoje controla cerca de US$ 12 bilhões.
O Carlyle Group é presidido por Frank Carlucci, ex-diretor-adjunto da CIA e ex-secretário de Defesa dos EUA. Um de seus principais assessores é James Baker, ex-chefe de gabinete do presidente Reagan e ex-secretário de Estado do presidente Geoge Bush, o pai. É o Carlyle Group que administra a maior parte dos fundos do SBG, a holding dos Bin Laden, e entre seus consultores figuram George Bush pai e John Major, ex-primeiro-ministro da Inglaterra.
Quando o presidente George W. Bush, após 11 de setembro, enquadrou, como crime anexo ao terrorismo o "aproveitamento ilícito de informações privilegiadas", ele sabia do que estava falando. Tudo indica que, graças a essas informações, Osama Bin Laden montou a sua rede terrorista mundo afora, movimentando recursos através de paraísos fiscais. Informações que, em boa parte, podem ter vindo dos Bush, graças aos vínculos entre as duas famílias.
Talvez Freud pudesse explicar um detalhe das armas escolhidas pelos terroristas de 11 de setembro: aviões. O pai e o irmão mais velho de Osama Bin Laden morreram em acidentes aéreos, ambos nos EUA.

Marcadores:

segunda-feira, maio 02, 2011



Após o anúncio oficial do presidente norte-americano, Barack Obama, sobre a morte do terrorista mais procurado do mundo, Osama Bin Laden, a imprensa internacional divulgou uma foto do suposto cadáver do líder da Al Qaeda. Entretanto, a foto não passava de uma montagem feita no Photoshop.
A fotografia de um homem barbado com a cara ferida teria sido disponibilizada pelo exército do Paquistão, segundo o canal local Geo TV, primeiro a divulgar a imagem. Entretanto, alguns minutos depois, sites e jornais que também haviam publicado a imagem retiraram a foto do ar, questionando sua autenticidade.
A manipulação da imagem foi feita com a junção de duas fotos, uma bastante conhecida de Bin Laden tirada em 1998 e outra de um homem com o rosto ferido. Na foto, o líder da Al Qaeda aparecia com uma barba negra e espessa e uma quantidade menor de cabelo branco da que havia mostrado o mais recente vídeo do terrorista ainda em vida, o que provocou desconfiança. Para passar impressão de agressão, havia marcas de sangue na testa e têmporas de Bin Laden. Foram feitas correcções na barba e no lábio do suposto cadáver. O olho direito estava fechado, mas o branco do olho esquerdo era visível.
A montagem foi denunciada pelos sites dos jornais The Guardian e El Mundo. Mais tarde, o director do canal Geo TV, Rana Jawad, confirmou que a foto foi manipulada e que ela já havia circulado na internet em 2009. "Fomos checar e descobrimos que ela era falsa, então retiramos imediatamente do ar", disse.

Marcadores:

mais dívida

Despejar mais dívida por cima das desgraças acumuladas de Portugal nada fará para ressuscitar a economia. A dívida de Portugal é totalmente insustentável – em grande medida resultado de empréstimos privados irresponsáveis ao longo da última década. Aqueles responsáveis estão a ser salvos, aqueles que não são sofrem as dores. Foi isto que a Islândia se recusou a fazer.
O povo da Islândia ergueu-se pela sua soberania. O seu futuro parece consideravelmente mais brilhante do que o da Irlanda ou de Portugal. O povo da Grécia está apenas a começar a sua luta. Os resultados terão um impacto monumental sobre o combate contra a pobreza e a desigualdade em todo o mundo.

Marcadores:

domingo, maio 01, 2011

O OVO DA SERPENTE, ONDE CHOCA A PRÓXIMA CRISE
"As cinco maiores instituições financeiras norte-americanas estão 20% maiores do que eram antes da crise. Elas controlam US$ 8,6 trilhões em activos financeiros - o equivalente a quase 60% do PIB dos EUA. Gostando ou não, essas empresas continuam sendo grandes demais para falir" (Thomas Hoenig, presidente do FED de Kansas)

Yes we can

Iván Lira
Na Líbia, a NATO, num novo ataque, atacou novamente a casa de Gaddafi e assassinou um dos seus filhos de 29 anos e três dos seus netos.

Marcadores: ,