segunda-feira, dezembro 31, 2012

Josetxo Ezcurra

sexta-feira, dezembro 21, 2012

Ganancias e terrorismo

Passos Coelho governa para os “mercados”. Não governa para os portugueses.
Para os neoliberais, não é o modelo económico que deve adaptar-se às necessidades humanas, mas precisamente o inverso, é o homem que deve adaptar-se às necessidades do sistema económico.
A economia, para Passos Coelho e o seu governo, não está ao serviço dos portugueses mas antes ao serviço dos “mercados”.
É por esta razão que o desemprego, os baixos salários, os cortes sociais, os custos insuportáveis da saúde e a miséria já bem visível por esse país fora, não o preocupam. Para ele, uma tal situação não passa de custos colaterais no supremo desígnio da imposição do novo modelo económico e social. Neste novo modelo de sociedade que ele e o seu governo pretendem impor,” custe o que custar”, os cidadãos são meros utensílios ao serviço dos “mercados”, o mesmo é dizer são meros serviçais de uma nova elite constituída por banqueiros, altos gestores de grandes empresas, políticos antigos governantes e políticos ministeriáveis. Uma nova classe dominante, insaciável nas suas ganancias e terrorista no modo como as pretende alcançar.
Só que agora, a exploração recai não apenas sobre os proletários como no século XIX e primeiras décadas do século XX, mas sobre toda a sociedade – sobre os pequenos comerciantes e empresários obrigados a fechar os seus negócios e sobre os trabalhadores em geral, quer sejam funcionários do Estado ou não. Os velhos conceitos, que julgávamos já enterrados pela história, retornam de novo com total propriedade. Não se pode chamar outro nome senão exploração ao modo como esta nova classe dominante, constituída por uma minoria reduzidíssima da população, pretende apropriar-se da riqueza gerada no país.
Com o enterro anunciado do estado social ressuscita a luta de classes, seguramente com redobrada violência.   

terça-feira, dezembro 18, 2012

a história da crise em vídeo animado


 
Muitos economistas e comentadores da nossa praça, defensores das políticas do governo e da ortodoxia austerista, pretendem desacreditar todos aqueles que imputam ao governo a prática de políticas neoliberais, uma vez que o governo vem aumentando os impostos o que é contrário à ortodoxia neoliberal.
Como considerar então o governo como um governo neoliberal se ele aumenta impostos em vez de os diminuir? De facto, reside aqui uma aparente contradição, que tem sido explorada pelos defensores das políticas do governo.
Torna-se necessário assim, desfazer essa aparente contradição. Sendo certo que os neoliberais são favoráveis a baixos impostos, isto é, são favoráveis a que o Estado não tenha recursos capazes de alimentar o estado social. Quanto menos impostos, menos estado social. Esta a razão porque os neoliberais pugnam por uma diminuição de impostos, mas, atente-se, em situações de desenvolvimento económico normal, não numa economia de um qualquer país resgatado ou em dificuldades orçamentais. É que, nestes casos, os impostos já não se dirigem ao estado social mas ao pagamento dos juros e amortizações dos credores de dívida pública. E assim, já podem existir impostos sem limite, sobretudo quando lançados sobre o trabalho, como está a acontecer entre nós. Nada de impostos sobre transacções financeiras.
Não existe assim contradição alguma. Quando os recursos dos impostos são dirigidos para o capital financeiro, tudo bem.

segunda-feira, dezembro 17, 2012

A Boyada

Passos Coelho só não dá uma injecção atrás da orelha nos reformados porque não pode. Vontade não lhe falta.
Este sem vergonha, que viveu à custa do orçamento em obscuras negociatas de e com amigos, como se retira do que veio a público (caso Tecnoforma), precisa de ser corrido quanto antes, sob pena de destruir a economia do país e atirar para a miséria a sua população.
“Helena Roseta recordou ao Expresso o episódio que se passou com o agora ministro: "O senhor secretário de Estado (Miguel Relvas) chamou-me porque havia a possibilidade de Portugal se candidatar a um programa comunitário de formação para arquitetos municipais, mas a única condição era que fosse a empresa do dr. Passos Coelho a dar essa mesma formação".
“A Tecnoforma, empresa de formação que Pedro Passos Coelho administrou entre 2005 e 2007, foi declarada insolvente pelo 1º Juízo do Tribunal do Comércio de Lisboa, noticiou o "i". Segundo informações avançadas há um mês pela comunicação social, a Tecnoforma foi, entre 2005 e 2009, alvo de processos de execução fiscal, num valor total de mais de 500 mil euros e que actualmente ainda terá 6 mil euros por saldar. Porém, desde o ano passado, sabe o i, só a formadores a empresa ficou a dever mais de 30 mil euros. (09.11.2012)”

sexta-feira, dezembro 14, 2012

Estamos mais pobres que os gregos

Os dados divulgados ontem pelo Eurosatat (dados de 2011, hoje estamos seguramente em piores condições) ilustram com clareza a situação económica em que vivem os portugueses. O PIB por habitante, (indicador que reflecte principalmente o nível de actividade económica) desceu para 77, mais baixo que o da Grécia que é de 79, que o da Espanha que é de 98 ou que o da Irlanda que é 129. Contudo, se considerarmos o indicador CIE, consumo individual efectivo por habitante, (um indicador alternativo melhor adaptado para descrever o estado de bem-estar material das famílias) teremos, pela mesma ordem, 81 para Portuga, 91 para a Grécia, 94 para Espanha e 101 para a Irlanda. Trata-se de médias. Sabendo que Portugal é um dos países com maiores desigualdades sociais, poderá imaginar-se a miséria a que chegámos.
Estamos mais pobres que a Grécia. Quem diria, depois de todas as tretas que ouvimos sobre a Grécia.

quinta-feira, dezembro 13, 2012

Robôs e magnatas ladrões

A economia norte-americana está, segundo a maioria dos indicadores, em profunda depressão. Mas os lucros das corporações estão batendo recordes. Como isso é possível? Simples: os lucros sobem enquanto salários e compensações por trabalho caem. O bolo não está crescendo da maneira que deveria, mas o capital vai muito bem obrigado por apanhar um pedaço enorme dele. Às custas dos trabalhadores.
Espere, nós realmente voltamos a tratar da relação capital versus trabalho? Essa não é uma discussão fora de moda, quase marxista, para nossa moderníssima economia? Bem, muita gente pensa assim. Para as últimas gerações, discussões sobre desigualdade recaíam não na relação capital-trabalho, mas em questões de distribuição de renda entre trabalhadores. Essas questões, porém, talvez não tenham mais tanto a nos dizer.
Isto é, embora seja inegável que o pessoal do mercado financeiro continua a ganhar dinheiro que nem bandidos – em parte porque, como sabemos, alguns são bandidos – a diferença salarial entre os trabalhadores com curso superior e sem curso superior, que cresceu muito nos anos 1980 e no começo dos 90, não mudou muito desde então. De fato, os que se graduaram mais recentemente tiveram seus rendimentos estagnados mesmo antes da chegada da crise. Os lucros sobem cada vez mais às custas dos trabalhadores, inclusive daqueles que supostamente prosperariam no mercado actual.
Paul Krugman (continuar a ler em cartamaior)
Paul Krugman é professor de Economia e Relações Internacionais na Universidade de Princeton e escreve regularmente para o New York Times. Krugman recebeu o Prémio Nobel de Economia em 2008.

quarta-feira, dezembro 12, 2012

Os "mercados"

No mundo a que chegámos, tudo se resume a que os “mercados” determinam o acesso de financiamento dos países. E o que motiva os “mercados” para tornar mais fácil ou difícil ou mesmo impossível esse acesso?
Serão as necessidades do desenvolvimento ou as da sociedade que comandam esse processo? Seguramente que não. O que motiva na verdade os “mercados” é apenas a obtenção de maiores ganancias. Será assim lícito, admissível ou racional, que o desenvolvimento económico e social dos países e dos seus povos se encontre subjugado à especulação financeira, às maiores ganancias obtidas nos “mercados” pelas poderosas forças financeiras que os controlam?
Será lícito, admissível ou racional, que o desenvolvimento económico e social dos países, que as democracias, estejam a ser controladas, subordinadas, geridas à conveniência dos "mercados"?
Quem deve assumir afinal o comando do desenvolvimento e do destino dos países e dos povos?
A situação que se vive nos países da União Europeia é na verdade insustentável. Os Estados europeus, ao invés de regularem e controlarem os mercados financeiros e colocá-los ao do serviço do desenvolvimento económico e social dos países, ao serviço da sociedade, ao serviço do bem comum, deixaram-se subjugar por eles. Os governos dos Estados europeus, tornaram-se hoje simples agentes colaboradores executivos dos interesses dos mercados financeiros agindo contra os interesses gerais da sociedade.

segunda-feira, dezembro 10, 2012

O modelo neoliberal de sociedade (II)

Porque insistem Passos Coelho e Victor Gaspar, para 2013, na mesma “receita” orçamental que provocou em 2012: - um maior aumento de desemprego; um maior défice público, cerca de 7% do PIB; um aumento da dívida pública, que já vai nos 120% do PIB; uma recessão na ordem dos 3,5% do PIB; o encerramento de milhares de empresas; uma menor receita fiscal apesar de um aumento generalizado de impostos; uma diminuição salarial generalizada; um aumento da pobreza; um aumento dos cortes sociais do Estado.
Para eles, é este o caminho que o país deve seguir, regozijam-se com isso, não se cansando de propagandear que tal objectivo, tal “ajustamento” como lhe chamam, é necessário e indispensável. Sem contudo explicarem a quem ou a quê. À economia, aos mercados, essa nova divindade do credo neoliberal, dirão. Mas que raio de economia é essa que arrasa a economia vigente e miserabiliza o povo. A quem serve uma tal “economia”?
É a política da “terra queimada”, é preciso destruir tudo para que depois algo nasça de novo. É a política de shock relatada por Naomi Klaine. Na verdade, o que se procura, como já tratamos aqui em post anterior, é um novo modelo social, um novo modelo de capitalismo, um novo modelo económico, dominado agora pelo capital financeiro, isto é pelos bancos e pelas grandes empresas. Mas, na posse e no controlo dos bancos e das grandes empresas estão pessoas. Um grupo restrito de cidadãos, talvez não mais de 10% do total da população portuguesa. Uma “nova” classe social constituída pelos grandes accionistas dos bancos e pelos accionistas das grandes empresas, pelos gestores dos bancos e grandes empresas e pelas elites políticas da área do poder.
Aproveitando-se da “crise”, esta “nova” classe social, que germina igualmente por toda a Europa, pretende aniquilar todas as conquistas sociais obtidas nas sociedades do pós-guerra e instaurar um novo modelo social, proletarizando a classe média, extinguindo o pequeno comércio e a pequena empresa. E, revertendo a seu favor todos os ganhos assim obtidos. Um novo modelo que visa retirar todos os direitos e benefícios sociais ainda vigentes. Assistimos à luta de uma classe social, constituída pelos ricos e muito ricos, pelo domínio absoluto sobre a sociedade, domínio necessário à apropriação da riqueza, deixando para a esmagadora maioria da população apenas o indispensável à sua sobrevivência.
A velha luta de classes, até aqui adormecida pelo keysianismo e pelos “estados sociais”, ressurge de novo à luz do dia com redobrada força. É certo que a “crise” mascara este brutal assalto social neoliberal e pela rapidez com que ocorre algumas forças políticas ainda não compreenderam bem as profundas transformações sociais que estamos a viver. Um dos sectores mais importantes da base social de apoio do partido socialista, a pequena empresa e o pequeno comércio, estão a ser aniquilados e proletarizados os seus proprietários. 
O partido socialista, nesta nova realidade, não pode colocar-se ao lado do novo modelo neoliberal de sociedade que, a toda a velocidade e “custe o que custar” está a ser erguido passo a passo, sob pena de alienar toda a sua base social de apoio. Mário Soares já o compreendeu muito bem, enquanto Seguro, sem qualquer visão histórica dos acontecimentos, politicamente imaturo, ideologicamente impreparado, refugia-se num oportunismo táctico completamente deslocado face à gravidade da situação social e económica do país.