sexta-feira, março 29, 2013

Mordendo a mão que lhes dá de comer

Ainda que lhes possa parecer o contrário, os nossos políticos (tanto espanhóis como europeus) dedicam-se a morder a mão que lhes dá de comer. Tardam em dar-se conta de que o caminho que seguem é errado, e que, como dizia Einstein: loucura é fazer o mesmo uma e outra vez e esperar resultados diferentes.
Os nossos políticos estão loucos, não há outra conclusão possível:
•Aplicam políticas de cortes a (quase) todos os níveis e apesar de que os resultados não são os esperados, seguem fazendo-o.
•Retiram dinheiro da circulação travando a economia de base por várias vias simultâneas: ◦Sobem impostos e o arrecadado vai parar às arcas de um estado que não o administra como deve ser. ◦Reduzem salários e não se sabe aonde vai parar esse dinheiro.
 •Dão prioridade ao pagamento de uma dívida que o cidadão comum não contraiu, e que serviu para enriquecer a uns poucos, mas que temos de pagar todos.
 •Desconhecem as lições que nos dá a história: O perdão da dívida alemã em 1953; ideias como as aplicadas por Alexander Hamilton há 200 anos… Que permitiram que outros antes de nós saíssem de situações mais comprometidas.
Em definitivo, não se dão conta de que estão mordendo a mão que lhes dá de comer, que não é das grandes empresas ou entidades financeiras, essas também mordem a mão que lhes dá de comer, já que todos, uns e outros comem do que produzem e consomem os da base da pirâmide, que somos nós os que fazemos com que eles se enriqueçam.
É melhor que haja muitos que possam gastar um pouco, que uns poucos que possam gastar muito. O que não parecem ver os que podem gastar muito é que aquilo que ganham é devido ao que podem gastar os que gastam pouco.
(retirado do BlogSalmon)

quinta-feira, março 28, 2013

o nosso fado

Tentar diminuir a visão de Sócrates sobre o país e a governação de Passos Coelho catalogando a sua entrevista como “uma vingança” não parece muito esclarecedor. Seria mais correcto que os vários opinadores televisivos apoiantes do governo se interrogassem e opinassem sobre as questões essenciais para o país que foram levantadas por Sócrates entre as quais:
1. A chamada crise das dívidas públicas não é responsável pela crise financeira mas precisamente o contrário, foi a crise financeira a responsável pela crise das dívidas públicas.
2. A narrativa de fazer crer que só há um caminho para sair da crise, é falsa.
3. A austeridade só conduz a mais miséria e é necessário interromper esta política assente na austeridade.
4. O governo de Passos Coelho duplicou a austeridade inicialmente prevista no memorando da troika.
5. A dívida pública directa subiu de 2008 a 2010, 20% do PIB quando de 2010 a 2012 deu um salto de 30%.
6. O desemprego está em 17,6% quando em 2010 estava em 10,8%.

quarta-feira, março 27, 2013

Chipre e a União Europeia

(Fig. retirada do BloSalmon)
De 200 a 2009 a economia cipriota teve um crescimento de 3,5% ao ano.
Impostos baixos e atracção do capital estrangeiro em que se baseava tal crescimento merecia então os elogios de todos os líderes europeus. A economia do Chipre obedecia assim à receita neoliberal (circulação livre e atracção de capitais e impostos baixos) e constituía um exemplo para a europa. Em 2007 entra para a União Europeia como membro de pleno direito.
Não se questionava então a alavancagem do seu sistema bancário ou sequer o “modelo” de desenvolvimento económico do país. Hoje, aqueles mesmos que teciam elogios ao desenvolvimento do país são os mesmos que atiram todo o ónus da desgraça sobre os cipriotas. Afirmam que Chipre é um “paraíso fiscal”, mas não tiveram qualquer escrúpulo em 2008 convertê-lo em membro da UE (isto é, admitir um paraíso fiscal no seio da UE).
As contradições destes líderes europeus e as suas directivas demonstram bem a sua mediocridade e incompetência. Mesmo assim, ainda há por cá muitas boas almas que lhe são fiéis por mais absurdas, incompetentes e ruinosas que se mostrem as suas políticas.
As causas imediatas da crise bancária cipriota, consistiu no “perdão” da dívida grega que acarretou um prejuízo de 4.500 milhões de euros à banca. Para uma economia baseada na especulação, também imobiliária (semelhante ao caso de Espanha) isto bastou para verificar-se um rápido colapso financeiro.
As condições de resgate impostas agora ao Chipre equivalem a uma certidão de óbito da sua economia, a um brutal e imediato empobrecimento da sua população. A fuga de capitais que se verificará logo que haja a possibilidade de circulação de capitais, arruinará em poucos dias, a débil economia de Chipre. A “solução” da UE é um autêntico assassínio da economia cipriota. Só há uma alternativa para Chipre. Uma saída imediata do euro. Mesmo que tal acarreta alguns sacrifícios a curto prazo reconquistarão a esperança. Esperança que nunca terão permanecendo na União Europeia.

quinta-feira, março 21, 2013

Salário mínimo

Estranham os defensores do governo e das suas políticas, a disponibilidade demonstrada pelos patrões e pelas suas confederações patronais, nas últimas reuniões dos “parceiros sociais”, relativamente ao aumento do salário mínimo.
A sua irritação é tanta que, em seus comentários, uns tantos vão ao ponto de colocarem em causa a legitimidade das confederações patronais. Dizem: “eu nunca percebi quem é que faz parte dessas associações patronais. Sei que os jornais lhes chamam "os patrões" mas nunca conheci nenhum que fizesse parte, nem nunca percebi que as pessoas que aparecem fossem patrões de alguém”. Outros, manifestam o seu desconsolo deste modo: “o acordo entre confederações patronais e sindicais permite-nos assistir à concretização de um objectivo do Estado Corporativo: a conciliação dos interesses do capital e do trabalho. Quarenta anos após a morte política de Salazar!”.
Enfim, este azedume, esta manifesta irritação destes austeristas germanófilos, face à concordância dos patrões quanto ao aumento do salário mínimo, tem por base o total desconhecimento da realidade económica do país. Não compreendem que o drama actual dos patrões não é lograrem ou não maiores lucros, (onde se colocaria a questão do salário mínimo) mas a da própria sobrevivência dos seus negócios. Compreendem os patrões que sem Procura não há comércio ou produção. E, que qualquer aumento de salário fomenta a Procura.
Mas, uma tal constatação não entra na cabeça dura dos austeristas germanófilos. Têm uma fé inquestionável na Lei de Say, e isso lhes basta. Mesmo que o mundo se desmorone à sua volta. Para eles o caminho traçado é o correcto e, custe o custar, tem que seguir em frente.

segunda-feira, março 11, 2013

Grândola a tua vontade

O desenvolvimento económico, a economia, é aquilo que os homens quiserem fazer dele. São os homens que estabelecem as relações de produção, as relações de propriedade, o nível das desigualdades entre eles e não uma força qualquer, estranha, obscura, alheia e para além dos homens. É a sua vontade que determina a natureza do desenvolvimento financeiro, económico e social dos povos. O mundo será aquilo que os homens quiserem que ele seja.
O desenvolvimento tecnológico, científico, sempre em crescendo, liberta os homens de muitas tarefas. Poder-se-ia imaginar assim, um mundo em que as novas conquistas tecnológicas resultassem não em desemprego crescente mas em menores horas de trabalho, libertando o homem para mais alargados tempos para a família, culturais e de lazer.
Tudo depende da sua vontade e do modo como se organizam em sociedade. Podem utilizar-se as conquistas tecnológicas para amontoar riquezas nas mãos de meia dúzia e lançar milhões de outros no desemprego e na miséria ou, pelo contrário, dar emprego a todos com redução de horas de trabalho e uma distribuição equitativa da riqueza.
Tudo, mas tudo, depende da vontade dos homens.
Contudo, há e haverá sempre em determinadas épocas, indefinições quanto ao desenvolvimento futuro imediato das sociedades. Em momentos de crise, quando interesses sociais opostos lutam entre si. Ocorre até, que interesses egoístas de minorias poderão dominar então as sociedades. Certo é, que os interesses das maiorias, tarde ou cedo, voltarão a erguer-se e a ganhar supremacia, conquistando-se um degrau mais no crescente desenvolvimento social e humano. Regressões históricas civilizacionais, como aquela a que agora nos querem impor, só poderão manter-se num período muito curto de tempo.
É um absurdo histórico pensar-se, que o futuro dos homens reside em doutrinas com políticas económicas e sociais que fomentam o aumento das suas desigualdades sociais e o empobrecimento generalizado das maiorias.
(Juncker acaba de afirmar – “Na Europa, os demónios da guerra estão apenas adormecidos”)

sexta-feira, março 08, 2013

É preciso correr com esta malta

É preciso correr, quanto antes, com esta malta. Falam de barriga cheia.
António Borges, o consultor do Governo que defendeu esta semana a redução urgente dos salários, ganhou, em 2011, 225 mil euros livres de impostos, apurou o CM.
Eu contrario Vasco Lourenço, quando diz “não haver condições para uma revolução”. Há condições mais que suficientes. A tentativa de aniquilamento do estado social exige uma resposta democrática à altura. Está em marcha a destruição total de todas as conquistas socias do 25 de Abril de 1974. Os militares não podem deixar morrer a esperança democrática do 25 de Abril.
 "Quando o governo viola os direitos do povo, a insurreição é, para o povo e para cada segmento do povo, o mais sagrado dos direitose e o mais indispensável dos deveres". (art.35 da Declaração dos direitos do homem, em "não há alternativa", pag.147 , de Rothé e Mordillat)
 
A atribuição AGORA de um melhor rating à dívida portuguesa deve ser vista como aquilo que é. Não como uma qualquer perspectiva de melhoria das condições económicas e financeiras do país, o que seria um absurdo se tivermos em conta os dados macroeconómicos mais recentes (desemprego (17,6%), défice (6%), valor da dívida (123%), mas como uma AJUDA ao governo de Passos Coelho no seu desígnio de aniquilação do estado social, com o projectado corte de 4.000 milhões na Saúde, Educação e Protecção Social. Uma notação positiva, contrária a todos os indicadores económicos, mas muito oportuna aos desígnios do governo, da troika e da oligarquia financeira que hoje domina politicamente a Europa. É uma farsa como foi uma farsa o recente “leilão” a 5 anos da divida publica, dado não ter passado afinal de uma concertação antecipada com financiadores americanos.