sexta-feira, fevereiro 28, 2014

Estamos a viver um Golpe de Estado (3)


(3)Dois caminhos opostos: o dos mercados ou o das pessoas
Apesar das contradições em que se encontra envolvido o PS, visível pelo facto de por um lado manifestar-se contra mais austeridade ou denunciando que o governo foi “além da Troika” na dose de austeridade provocando assim uma recessão muito mais acentuada do que a esperada (o que é verdade), ou manifestando-se contra os cortes retroactivos nas pensões e cortes continuados nas funções sociais do Estado, na Saúde, Educação e Protecção Social, mas por outro aceitar a diminuição do IRC para as empresas e concordando com o novo tratado orçamental europeu, o PS contudo e apesar destas incoerências, nas palavras dos seus dirigentes manifesta hoje uma intenção clara de defesa do que resta do estado social.
Ao contrário, o PSD e o CDS empenham-se e continuam a desenvolver toda a sua política governativa, no sentido da redução do estado-social, da diminuição dos apoios do Estado na Protecção Social, na redução do subsídio do desemprego e por uma mais curta duração, por menores abonos de família e menos ampla a sua abrangência, por menos apoio à doença, à velhice, à Educação e à Saúde.
Para eles, o país está bem não quando as pessoas e as famílias vivam melhor e se sintam mais apoiadas pelo Estado, não quando o Estado intervém efectivamente na distribuição da riqueza gerada no país (repartindo parte da receita dos impostos progressivos em apoios sociais) atenuando assim as desigualdades sociais; não quando o Estado assuma activamente políticas de natureza social, mas quando o Estado se torne mínimo na sua intervenção social. Ainda que ele se torne máximo no apoio à Banca e às grandes empresas como tem sido visível e acontecido entre nós.
Para eles, o país está bem quando os mercados financeiros e as grandes empresas se encontrem bem, ainda que a esmagadora maioria dos portugueses se encontrem desesperadamente pior. O líder parlamentar do PSD confirmou com a maior franqueza e sem qualquer pudor, esta absurda e aberrante assunção ao dizer no congresso do PSD (de 22.02.2013) “ o país está melhor mas as pessoas vivem pior”. Mais claro não poderia ser. O modelo económico que desejam para o país, a economia que defendem não se mede pela melhor qualidade de vida e bem-estar da população, pelo melhor salário dos trabalhadores, pela melhor protecção à velhice, à doença e invalidez, pela melhor protecção ao desemprego ou pelos melhores cuidados de saúde e educação. Não, para o PSD/CDS, a economia mede-se unicamente pelo melhor bem-estar dos mercados financeiros. Em resumo, não é a economia que está ao serviço das pessoas mas as pessoas que estão ao serviço da economia.
Na verdade, para o governo, para a direita neoliberal, o que determina o progresso do país, o que realmente constitui o objectivo da economia, é a acumulação do capital, é a optimização do lucro e não a satisfação do bem comum, a satisfação das necessidades humanas colocando o bem-estar das famílias, da população como o primeiro objectivo da economia.
Nesta crise financeira preferiram salvar os bancos a salvar a economia.
Estamos perante duas concepções de sociedade contraditórias. E não considero viável um “consenso” entre elas. A ala neoliberal que controla hoje o PSD possui uma posição ideológica contrária a toda a história do PSD desde a sua fundação. Nestes últimos 40 anos, o PSD sempre se mostrou solidário com os princípios da social-democracia, nunca colocando em causa o estado-social nascido do 25 de Abril, nem afrontou como agora os princípios Constitucionais. Não existiram na verdade, significativas diferenças ideológicas entre o PS e o PSD nestas últimas quatro décadas e as disputas entre eles sempre se colocaram em termos dos distintos modos de gestão da administração do Estado mas não num obsessivo propósito de alteração dos princípios constitucionais. Neste cenário todos os consensos seriam e tornaram-se possíveis. Acontece que hoje, com esta mudança ideológica radical do PSD, com o rompimento com a social-democracia, torna-se inviável qualquer consenso com o PS, a não ser que este partido despreze e abandone as suas raízes sociais-democratas o que, a crer nas afirmações dos seus líderes, não nos parece viável.
A insistência do PSD/CDS num consenso com o PS tem além do mais um caracter de chantagem ao aproveitar-se e usar a seu favor a chantagem continuada da Troika e dos mercados financeiros em que se transformou o indispensável financiamento da Republica Portuguesa.
As “reformas” anunciadas pela direita neoliberal e pelo governo, e para as quais clama obsessivamente o apoio do PS, tidas como necessárias ao desenvolvimento económico e à sustentabilidade do estado social, visam apenas o enfraquecimento das funções sociais do Estado ou a sua aniquilação por asfixia, por redução das verbas mínimas indispensáveis ao seu funcionamento. São verdadeiramente reformas anti-sociais, que têm como objectivo último retirar rendimentos à maioria da população para os entregar de mão beijada aos mais ricos. Enquanto se retiram rendimentos aos mais pobres e remediados através dos cortes salariais, cortes de pensões, cortes na Saúde e na Educação, diminuem-se os impostos às grandes empresas e não se procuram mais receitas para o Estado através de uma negociação justas das rendas especulativas da EDP ou das PPP. O governo toma o partido dos ricos, da classe social mais privilegiada, contra a grande maioria dos mais desfavorecidos, dos trabalhadores, dos pequenos industriais e comerciantes, da classe trabalhadora. Porque muitos pequenos industriais e pequenos comerciantes estão em vias de extinção engrossando a curto prazo a classe dos trabalhadores. É a lógica deste novo “ajustamento”, diga-se empobrecimento, imposto pelo capitalismo financeiro. É um verdeiro golpe de estado, que visa impor aos portugueses, “custe o que custar” um novo modelo social e económico tendo por objectivo restabelecer as relações de propriedade e rendimentos existentes há décadas atras.
Procurar o consenso com o PS para este desígnio será deveras muito difícil de obter.  

terça-feira, fevereiro 25, 2014

Estamos a viver um Golpe de Estado (2)


(2) Portugal, um país chantageado e colonizado
A direita portuguesa, o PSD (refém da sua ala neoliberal) e o CDS, abraçaram desde o início (aquando da apresentação do PEC (IV) na vigência do anterior governo) a intervenção estrangeira da Troika. Logo depois, ganhas as eleições legislativas, escolheram um antigo gestor do BCE para ministro das Finanças de modo a acautelar a boa aplicação das medidas impostas ao país. O governo PSD/CDS, identificou-se desde logo com os desejos e objectivos da Troika, nunca questionando qualquer medida política mais recessiva imposta pela Troika e chegando até a considerar o memorando da Troika como o seu programa de governo. E não contente com isto, ampliou severamente o alcance recessivo e anti-social das medidas inscritas no memorando inicial, indo “além da Troika”, mesmo quando com a sua aplicação ao longo de 2011, 2012 e 2013, se verificou o completo desastre social e económico em que o país mergulhava. Era a doutrina do “custe o que custar”, do “além da Troika”, do “aguenta, aguenta”, agora um pouco votada ao esquecimento dada a proximidade das eleições.
Com a aproximação do termo do memorando assinado com a Troika, surgem múltiplas interrogações quanto ao futuro que aguarda o país. O governo e a Troika têm consciência que quer a transformação do modelo económico e social por que se têm batido ao longo da intervenção quer a garantia do pagamento da dívida pública, estão longe de se encontrarem asseguradas. E, é neste enquadramento, que surge agora um novo relatório do FMI com novas e continuadas medidas de austeridade para 2015 e, em simultâneo, novos e insistentes apelos ao consenso com o PS, em estratégia elaborada e consensual entre o governo e a governação da União Europeia; um apelo ao consenso anunciado em Lisboa pelo governo e em Bruxelas pela comissão europeia.
É uma falsa questão o discurso relativo a uma saída com programa cautelar, uma saída limpa ou uma saída com um novo resgate. Mantendo-se o governo em funções, e não há razão para julgarmos o contrário, quem determinará o “modo de saída” ou o futuro que aguarda o país, será sempre e unicamente a Troika. O governo, como sempre, nela depositará todas as decisões. E, assim sendo, enquanto não se encontrarem perfeitamente consolidados os objectivos da Troika - garantia de pagamento da dívida e transformação social e económica do país - jamais cessará a intervenção estrangeira. O modo como ela se apresentará (de modo cautelar, limpo ou sujo) está apenas dependente das garantias que a Troika julgue serem necessárias e suficientes. E neste trama, o BCE prestar-se-á a dois distintos papéis, consoante estejam ou não garantidos os seus intentos – ou compradores da dívida em mercado secundário se considerarem como aceitáveis as garantias oferecidas pelo governo ou ausentes do mercado secundário e sujeitando o país à voracidade da especulação dos mercados financeiros se tais garantias forem consideradas insuficientes, isto é, manipulando e jogando a seu gosto com o valor dos juros da dívida do financiamento da república portuguesa.
O país encontra-se assim numa situação desesperada. Chantageado e numa lógica de completa submissão como a perfilhada pelo governo. Estamos na verdade com a corda na garganta e o nó vai sendo mais ou menos apertado consoante formos menos ou mais obedientes. E, esta será uma situação que perdurará enquanto não houver um governo que questione a nossa permanência no euro. Porque não será a curto ou a médio prazo que se verificará uma alteração profunda das políticas no quadro da União Europeia. É por esta razão que não se compreende os motivos que levam algumas forças da esquerda a não equacionarem a nossa saída do euro. Aguardam, não sei até quando, por uma mudança política na União Europeia, esquecendo-se que “ a médio ou a longo prazo estamos todos mortos”.
O consenso com o PS, representaria uma ajuda preciosa para a consumação do projecto anti-social de transformação do modelo social vigente desde a revolução de Abril.

Um outro argumento das forças da direita neoliberal, que vem sendo propalado neste últimos dias, tem por objectivo captar as simpatias dos portugueses indecisos, perante a ineficaz e pouco esclarecida afirmação de políticas alternativas do PS. O discurso “ não queremos deitar a perder o que já alcançamos” para que “ os sacrifícios não se tornem inúteis”, obtém seguramente alguma aceitação entre alguns portugueses mais indecisos e desarmados pela ausência de uma credível política alternativa, e faz parte da tentativa de consolidação das medidas anti-sociais impostas, redução dos salários e pensões, cortes na Educação, na Saúde e na Protecção Social.
Porque, o que para o governo “não se deve deitar tudo a perder” é precisamente tudo aquilo que constitui uma perda de rendimento da maioria da população. O que “não se deve deitar tudo a perder” é o empobrecimento das famílias e da generalidade dos portugueses.
Os cortes, na Educação, na Saúde, na Protecção Social, de modo indirecto, e com maior evidência a redução dos salários e das pensões de forma directa, constituem uma redução dos rendimentos das famílias e dos cidadãos. E é este empobrecimento efectivo, ao que chamam “ajustamento”, que o governo diz ser tão importante e meritório e que não devemos “deitar a perder” estes cortes de rendimento que “já alcançámos”. Com esta manobra de gabarolice trágico-cómica do governo relativa ao grande feito do empobrecimento, o que deverá merecer dos portugueses o maior asco e repúdio, tenta o governo fazer esquecer os dados económicos que traduzem um total falhanço das políticas de austeridade em termos económicos e orçamentais. A dívida pública que era de 93,5% do PIB em 2010 é hoje de 129,4%, enquanto o valor do PIB que era em 2010 de 170.864 milhões de euros recuou para 162.705 milhões de euros em 2013. Em apenas três anos, de 2010 a 2013, a dívida pública subiu a uma média de cerca de 15.000 milhões de euros ao ano enquanto a nossa riqueza recuou em mais de 8.000 milhões de euros. Para se ter uma ideia do valor do endividamento ao estrangeiro alcançado nestes três anos pela governação PSD/CDS, poder-se-á dizer que cada português, dos dez milhões que somos, se encontra hoje mais endividado em cerca de 4.500 euros do que apenas há três anos atras. O total falhanço do governo está aqui bem espelhado e só a débil oposição do PS, preso em suas contradições e incapaz de apresentar uma alternativa clara e credível, torna possível que o governo transforme este retundo falhanço num “respeitável sucesso”.
 

sexta-feira, fevereiro 21, 2014

Estamos a viver um golpe de estado (1)


(1) Os objectivos da Troika e do governo PSD/CDS
Aguardava-se, e na verdade tal está a verificar-se, que à medida que se aproximasse o termo do memorando da Troika, as forças que apoiaram a sua intervenção, nacionais e estrangeiras, nacionais - o PSD, CDS e o governo e estrangeiras - o BCE, o FMI e a Comissão Europeia, sim, dado que o PS se viu forçado a assinar o memorando mas não o terá desejado (recorde-se as tentativas de Sócrates, através dos sucessivos PECs, para o evitar) enquanto o PSD e o CDS não só o assinaram como o desejaram, dele fazendo até o seu próprio programa de governo.  

A direita neoliberal portuguesa compreendeu bem, no que se traduzia o memorando e quais os seus os objectivos últimos. Cedo se apercebeu que o plano de ajustamento da Troika perseguia uma mudança estrutural do modelo social existente em Portugal desde o 25 de Abril de 1974. E, apostou em aproveitar a oportunidade histórica que lhe caía nos braços, mostrando-se desde logo mais troikista que a própria troika (em 2012 enquanto o memorando da Troika exigia medidas de consolidação orçamental no valor de 5.073 milhões de euros, o Governo decidiu agravá-las para um valor de 9.042,3 milhões), pensando que uma aplicação de shock, “custe o que custar” e o mais rapidamente possível, poderia tornar mais difícil a irreversibilidade dos seus, desde há muito sonhados planos. Lembremo-nos das palavras de Passos Coelho, que não poderiam ser mais claras, logo no início do seu mandato - "independente daquilo que foi acordado com a UE e o FMI, Portugal tem uma agenda de transformação económica e social. Nesse sentido, o Governo incluiu no seu programa não apenas as orientações que estavam incorporadas no memorando de entendimento como várias outras que, não estando lá, são essenciais para o sucesso desta transformação do país”.
Mas que mudança estrutural, que novo modelo económico e social pretende a direita portuguesa? Deseja um novo modelo económico e social, uma transformação social com a destruição do estado social, com a diminuição permanente dos salários e das pensões, com a degradação e encarecimento das funções sociais do Estado, com a delapidação do património do Estado. Tudo isto, por um único objectivo - a transferência de rendimentos da classe média e dos trabalhadores para a uma nova classe, detentora do capital financeiro, constituída pelos banqueiros, grandes empresários e gestores das grandes empresas. Numa nova divisão da riqueza gerada no país agora completamente favorável ao capital financeiro e às grandes empresas (financeiras, industriais e de Serviços) que se apropriam deste modo dos recursos financeiros até aqui destinados às funções sociais do Estado.
Na verdade, a “construção” das condições mais favoráveis e indispensáveis para gerar a oportunidade para a concretização deste plano, configura-se como um verdadeiro golpe de estado. Começou com a vertiginosa subida dos juros da dívida portuguesa nos mercados financeiros, fomentada pelas empresas de Ratting e fomentada também pela posição de inacção, de deserção, de abandono consciente do BCE, deixando os países à sua sorte e indefesos perante a voracidade dos mercados financeiros. Enquanto o BCE, socorria a banca europeia, cedendo-lhe 529.531 milhões em Dezembro de 2011 e mais 489.200 milhões em Fevereiro de 2012 (quase o triplo dos financiamentos somados dos países intervencionados, Grécia, Portugal e Irlanda), a juros inferiores a 1%, exigia aos países intervencionados juros de 3 a 4% a troco de elevadíssimos custos sociais. Com o corte do financiamento, provocado pelos mercados financeiros, o país viu-se forçado a aceitar as imposições da Troika, que além dos objectivos políticos de transformação do modelo social visavam também, e num primeiro momento foi este o seu principal objectivo, proporcionar meios financeiros de modo a que o país continuasse a pagar os juros e vencimentos da sua dívida aos banco alemães, franceses à Banca europeia, então com um avultado pacote de dívida pública portuguesa. Bancos que se encontravam em grandes dificuldades financeiras. Aquilo que foi “vendido” aos portugueses como sendo uma “ajuda” financeira da Troika ao país, foi antes e sobretudo uma ajuda à Banca europeia. Alias, o economista assessor de Angêla Merkel, Jürgen Donges, reconheceu-o claramente durante um debate no Parlamento alemão.

Com o financiamento assegurado pela Troika, a Banca europeia tratou rapidamente de se desfazer dos títulos de dívida portuguesa, conservando hoje, uma pequeníssima parcela face à que detinham antes da intervenção. “Os credores privados internacionais terão passado de uma situação, em 2008, em que detinham 75% da dívida portuguesa, para uma outra, em 2014, em que deterão apenas 20%”. Os credores actuais da dívida portuguesa são a Troika (FMI, BCE e UE) com cerca de 45%, a banca portuguesa com 35% e os credores estrangeiros com 20% sendo que apenas 2% da dívida de curto prazo é detida por bancos não residentes.
Na realidade, com a intervenção da Troika deu-se uma mudança de credores. A Banca europeia viu-se livre da dívida portuguesa passando os riscos para a Troika que, ao contrário da Banca, possui armas capazes de forçar Portugal ao cumprimento da sua dívida, através das políticas de austeridade e de uma vigilância constante sobre as suas politicas económicas e orçamentais.
As politicas impostas pela Troika a Portugal não visam outra coisa senão garantir o pagamento da dívida aos credores internacionais e, por acréscimo, provocar uma mudança do modelo social e económico do país.

quarta-feira, fevereiro 19, 2014

Política pornográfica hardcore


Assistimos nos últimos dias a uma verdadeira campanha política hardcore por parte do governo e dos seus apoiantes. Tendo por base, o mais que discutível crescimento económico, uma vez que os dados continuam extremamente negativos, além da recessão em 2013 se situar em 1,4% do PIB, outros dados que apresentaremos de imediato continuam muito negativos, alguns deles acentuam até uma deterioração económica, mesmo no último trimestre, o governo multiplica-se em apresentar o leve crescimento económico do último trimestre de 2013 de 0,5%, face ao trimestre anterior, como um grande “milagre económico” numa autêntica orgia orgasmica. É a política na sua versão pornográfica hardcore.
Vejamos então os dados económicos mais importantes relativos ao último ano.
Índice de Produção na Construção
No conjunto do ano 2013 a variação média anual do Índice de Produção na Construção situou-se em -16,3%, idêntica à registada em 2012.
No conjunto do ano 2013, o índice de emprego diminuiu 15,8% após uma diminuição média anual em 2012 de 14,2%. (INE 11.02 2013)
O índice de novas encomendas na construção diminuiu fortemente (no 4º trimestre de 2013), em termos homólogos, 30,2%. (INE,21.02.2013)

Índice de Volume de Negócios nos Serviços
Para o conjunto do ano 2013, o índice de volume de negócios nos serviços diminuiu 4,5%. O índice de emprego nos serviços apresentou uma taxa de variação média dos últimos 12 meses de -3,8%. (INE11.02.2013)
Investimento
Em 2013, o decréscimo do investimento empresarial (FBCF) de -8,3% deveu-se aos contributos negativos de dez das treze secções de actividade económica inquiridas. Devido ao peso significativo na estrutura global do investimento, a secção de Industria Transformadoras registou o contributo negativo mais significativo (-3,9 p.p.) resultante de uma variação -13,9% (das quais -11,0% das empresas exportadoras). As secções que apresentaram uma redução do investimento mais acentuada foram as de Construção (-38,9%) e de actividades imobiliárias (-26,5%). (Dados do Inquérito deConjuntura ao Investimento do INE, publicado a 31 de Janeiro de 2014)
Investimento Directo do Exterior (IDE)
O Investimento Directo do Exterior em Portugal sofreu uma quebra de 34,5% de Janeiro/Novembro de 2012 para Janeiro/Novembro de 2013, desceu de 41.106 milhões de euros para 26.917 milhões de euros. (AICEP, Ficha do País , 01.12.2013)
Índice de vendas no Comércio a Retalho
Em Dezembro de 2013 comparado com Novembro de 2013 entre os Estados membros para aquela data, o comércio a retalho verificou o maior recuo  em  Portugal (-5.8%). (Eurostat 05.02.2014)
Crédito malparado
O crédito malparado das empresas atingiu um record desde que o Banco de Portugal publica estes dados (1977), (4.265 e 2.341 milhões de euros só nos sectores da construção e actividades imobiliárias, respectivamente); o crédito malparado nos empréstimos à habitação igualmente atingiu em Outubro o seu máximo histórico de 2.390 milhões de euros. (BoletimMensal de Estatística - Novembro de 2013)
Produto Interno Bruto
No ano de 2013 o país teve uma recessão de 1,4%, isto é o PIB diminuiu 1,4%. Estamos mais pobres hoje do que estávamos há um ano. A riqueza produzida no país reduziu-se de 1,4%. (INE 14.02.2013)
Exportações de bens
No conjunto do ano de 2013 as exportações de bens aumentaram 4,6% comparativamente ao ano anterior, o que representa um abrandamento do crescimento anual face a 2012 (+5,7%). (INE 10.02.2013)
População empregada
No ano de 2013, a população empregada diminuiu 2,6% em relação ao ano anterior (121,2 mil pessoas). (INE05.02.2014)
Distribuição da Riqueza em Portugal
O número de multimilionários em Portugal com fortunas superiores a 25 milhões de euros aumentou 10,8% para 870 pessoas no último ano, apesar da crise que se vive no país, segundo um relatório do banco suíço UBS. O Relatório de “Ultra Riqueza no Mundo 2013” confirma que em Portugal não só cresceu o número de multimilionários como aumentou o valor global das suas fortunas, de 90 para 100 mil milhões de dólares (mais 11,1%). (TVI24)

sexta-feira, fevereiro 14, 2014

medir a metro a governança

Estes tipos do governo são uns cómicos. Agora deram para medir a metro a governança. “Em dois anos e meio, o governo cumpriu mais de 400 medidas de reforma, a uma média de três por semana, destacou hoje o secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro, Carlos Moedas. (jornal negócios).
O que seria importante para os portugueses, é a qualidade das medidas e não a sua quantidade como se torna óbvio. É que, sendo más, como se comprova pelo desastre económico e social a que o país chegou, quanto mais medidas pior a situação do país. Mas, para estes tipos, tudo vale quando se entra em campanha eleitoral.

Contas Nacionais

Acabam de sair os dados das Contas Nacionais publicados pelo INE relativas ao 4.º trimestre de 2013.
Comparativamente aos trimestres anteriores, no 4.º trimestre de 2013, o PIB aumentou 0,5%, quando no 3.º trimestre teve um aumento de 0,2% e no 2.º trimestre um aumento de 1,1%.
Verifica-se contudo, que no ano de 2013 o país teve uma recessão de 1,4%, isto é o PIB diminuiu 1,4% face ao ano de 2012.
Estamos mais pobres hoje do que estávamos há um ano. E, se no segundo trimestre de 2013 o aumento do PIB foi de 1,1% mas logo no trimestre seguinte esse aumento desceu para 0,2% e agora, no quarto trimestre ele apresenta uma subida de apenas 0,5%, o cenário não parece muito animador. E, não merece os festejos que o governo anda a promover, seguramente.

quarta-feira, fevereiro 12, 2014

Dados Económicos do "Milagre Económico"



Exportações de bens
No conjunto do ano de 2013 as exportações de bens aumentaram 4,6% comparativamente ao ano anterior, o que representa um abrandamento do crescimento anual face a 2012 (+5,7%).
Em termos de produtos, o aumento deveu-se principalmente aos Combustíveis minerais, Veículos e outro material de transporte e produtos Químicos. (A variação homóloga, destes produtos, do 4º trimestre de 2013 face ao 4ºtrimestre de 2012 foi de um aumento de 44,8%)
Em termos das variações mensais, em dezembro de 2013 as exportações diminuíram 16,4% face a novembro de 2013. (INE 10.02.2013)

Índice de Produção na Construção
No conjunto do ano 2013 a variação média anual do Índice de Produção na Construção situou-se em -16,3%, idêntica à registada em 2012.
No conjunto do ano 2013, o índice de emprego diminuiu 15,8% após uma diminuição média anual em 2012 de 14,2%. (INE 11.02 2013)

Índice de Volume de Negócios nos Serviços
Para o conjunto do ano 2013, o índice de volume de negócios nos serviços diminuiu 4,5%.
O índice de emprego nos serviços apresentou uma taxa de variação média dos últimos 12 meses de -3,8%.
(INE 11.02.2013)

quinta-feira, fevereiro 06, 2014

Que povo poderá suportar sem luta uma afronta destas?

Uma nova ofensiva do governo, propagandeada em tudo o que é comunicação social e veiculadas pelos mesmos de sempre, Teodoras Cardosos, Daniéis Bessas, Medinas Carreiras, Joãos Duques, Victores Bentos, Miguéis Belezas, Augustos Mateus, Nogueiras Leites, Bragas de Macedos, Césares das Neves, Miguéis Cadilhes, Eduardos Catrogas, Carlos Costas, Joãos Salgueiros, Ricardos Arrojas, Miguéis Frasquilhos, Victores Bentos, Camilos Lourenços, e alguns outros, tenta por um lado, convencer os portugueses de que “valeram a pena os sacrifícios” e por outro procura persuadir-nos a continuarmos obedientes e a fazer os que no mandam “para não deitarmos tudo a perder”.
São muitos e revezam-se nas televisões estes figurantes de luxo. Todos eles, apoiantes e defensores da política de austeridade imposta pela Troika e aceite, mais do que isso, ampliadas para o dobro pelo governo de Passos Coelho, (na verdade, enquanto o memorando da Troika exigia medidas de “consolidação orçamental” no valor de 5.073 milhões de euros, o Governo decidiu agravá-las para um valor de 9.042,3 milhões, “Relatório OE-2012”). Todos eles, em sintonia com o governo, todos eles defensores de uma economia que não se mede pela melhor qualidade de vida da população, pelo melhor salário dos trabalhadores, pela melhor protecção à velhice, à doença e invalidez, pela melhor protecção ao desemprego ou pelos melhores cuidados de saúde e educação, numa palavra, pela melhoria do bem-estar das populações. Não, para eles, a economia mede-se unicamente pelos ganhos ou perdas dos mercados financeiros. E, como as Bolsas sobem e os juros baixam, dizem-nos agora que a economia está a crescer e que tudo vai pelo melhor.
Antes do mais será necessário inteirarmo-nos do que afinal “valeu a pena” nestes quase três anos de governação Passos/Portas para “não deitarmos tudo a perder” segundo eles. E chegamos à conclusão do que valeu a pena para o governo e os seus apoiantes e que não devemos deixar perder é a redução dos salários e das pensões, a degradação e o encarecimento das funções sociais do Estado e a delapidação do património do Estado e outras medidas do mesmo cariz anti social.
Porque não há outros resultados que o governo nos possa apresentar. A Divida Pública saltou de 100,0% do PIB em Junho de 2011 para 129,4% em Dezembro de 2013, o Défice Público de (-4,3%) do PIB em 2011 para (-5,9%) em 2013, a taxa de desemprego de 10,8% em2010 para 16,3% em 2013. A chamada “consolidação orçamental”, que serviu de pretexto à Troika e ao governo para esta avassaladora e miserável ofensiva anti-social, está muito longe de ser alcançada. Comparem-se estes números com os objectivos iniciais do memorando em que se previa para 2013 uma divida pública de 115,3%, um défice público de 3,0%. E uma taxa de desemprego em 2016 num valor inferior a 10%.
Sem dúvida alguma, aquilo que o governo nos diz para “não deitarmos tudo a perder” e que para ele constitui uma conquista virtuosa, é o nosso próprio empobrecimento, a nossa própria miséria.
A “consolidação orçamental” que desejam não é outra coisa senão:
a consolidação da destruição de milhares de empregos e falências de milhares de empresas;
a consolidação de taxas de desemprego elevadas;
a consolidação da emigração de jovens qualificados da ordem dos 120.000/ano;
a consolidação do aumento das desigualdades sociais (uma minoria duplicou a riqueza enquanto a esmagadora maioria viu diminuíram drasticamente os seus rendimentos);
a consolidação do aumento da pobreza e do risco da pobreza;
a consolidação da deterioração dos cuidados de Saúde, da Educação e Protecção Social;
a consolidação da redução de salários e pensões e reformas;
a consolidação do aumento de impostos sobre o trabalho;
a consolidação da venda ao desbarato do património de todos nós em especial das empresas que dão mais lucros.
Que povo poderá suportar sem luta uma afronta destas?

quarta-feira, fevereiro 05, 2014

Novos dados económicos

Novos dados económicos que desmentem a propaganda do governo do “milagre económico”
População empregada
No ano de 2013, a população empregada diminuiu 2,6% em relação ao ano anterior (121,2 mil pessoas). (INE 05.02.2014)
Índice de vendas no Comércio a Retalho
Em Dezembro de 2013 comparado com Novembro de 2013 entre os Estados membros para aquela data, o comércio a retalho verificou o maior recuo em Portugal (-5.8%). (Eurostat 05.02.2014)
Investimento Empresarial (FBCF)
 Em 2013, o decréscimo do investimento empresarial (FBCF) de (-8,3%) deveu-se aos contributos negativos de dez das treze secções de actividade económica inquiridas. Devido ao peso significativo na estrutura global do investimento, a secção de Industria Transformadoras registou o contributo negativo mais significativo (-3,9 p.p.) resultante de uma variação -13,9% (das quais -11,0% das empresas exportadoras). As secções que apresentaram uma redução do investimento mais acentuada foram as de Construção (-38,9%) e de actividades imobiliárias (-26,5%). (Dados do Inquérito de Conjuntura ao Investimento do INE, publicado a 31 de Janeiro de 2014)

terça-feira, fevereiro 04, 2014

Miró

O governo comporta-se como aquele aldeão alcoólico que após encontrar um pequeno pote com moedas no seu velho casebre, vai a correr vendê-las à feira, para logo gastar o dinheiro na taberna mais próxima.