quinta-feira, janeiro 08, 2015

A farsa do “crescimento económico”

Continuam os indicadores económicos que vão saindo a desmentir as afirmações natalícias dos três responsáveis da governança do país – Passos, Portas e Cavaco.
  A farsa do “crescimento económico” do milagre económico, como a ela se referiu o anedótico ministro da economia, que “custe o que custar” querem impingir ao povo português está a ser dia a dia mais visível. Tentam a todo o custo demonstrar o que é desmentido todos os dias - que a austeridade valeu a pena. Com um único intuito – continuar com a mesma receita. Os dados homólogos (dados do mesmo mês de há um ano) revelam que a economia está pior do que em Novembro de 2013.
Vejamos:
O índice de produção industrial apresentou uma variação homóloga de -2,0%, em Novembro.
O Índice de Volume de Negócios na Indústria apresentou, em termos nominais, uma diminuição homóloga de 5,2% em Novembro.
O Índice de Volume de Negócios no Comércio a Retalho registou em Novembro uma variação homóloga de 0,2%.
Volume de Negócios do sector do Comércio estabilizou, mas o número de empresas e pessoal ao serviço diminuíram.
O Índice de produção na construção registou uma variação homóloga de -5,8% em Novembro.

Em Novembro de 2014, as exportações de bens diminuíram 0,4% face ao mês homólogo.
(Dados INE)

domingo, janeiro 04, 2015

O terrorismo social de Passos, Portas e Cavaco

É extraordinário como Passos Coelho, Paulo Portas e Cavaco Silva, em uníssono e bem orquestrados, com o pensamento nas próximas eleições legislativas, tentem manipular e desfigurar a realidade económica e social do país. É deveras impressionante esta sua saga.
Dizem-nos: "É muito importante proteger o que já conseguimos juntos, com grande esforço e sacrifício para não deitarmos tudo a perder” como disse Passos Coelho ou “Portugal não pode regredir para uma situação semelhante àquela a que chegou em princípios de 2011”como nos transmitiu Cavaco Silva.
Mas afinal o que é que já conseguimos de tão importante assim para que “se não deite tudo a perder”? Vejamos como nos encontrávamos em 2011 e como nos encontramos hoje.
1. Em 2010 tínhamos uma dívida pública da ordem dos 94% do PIB, em 2014 essa dívida subiu para 134,0% do PIB, qualquer coisa como um endividamento nestes quatro anos de cerca de 80.000 milhões de euros, uma média de mais ou menos 20.000 milhões de euros ao ano.
2. Em 2010 a riqueza nacional, o Produto Interno Bruto (PIB) ascendia a 179.166 milhões de euros, em 2013 ficava-se pelos 168.017 milhões de euros. A economia nacional regrediu assim 11.000 milhões de euros.
3. E como não podia deixar de ser, se a economia regride o desemprego aumenta. A taxa de desemprego passou de 10,8% em 2010 para 13,1% em 2014 (taxa oficial que não conta com os efeitos da emigração, empregos em programas ocupacionais de emprego e desempregados desencorajados, em realidade contando com estes factores o desemprego actual deverá rondar os 20%).
 4. De 2010 para 2014 destruíram-se cerca de 300.000 empregos, passou-se de 4.898 empregos para 4.600).
5. Regrediu igualmente o Investimento (FBCF), passou de 36.938 milhões de euros em 2010 para 25.900 milhões de euros em 2013.
6. A dívida externa líquida aumentou de 57,6% do PIB em 2010 para 194% do PIB em 2013.
7. O VABpm em 2010 era de 88.245 mil milhões de euros e em 2012 era apenas de 75.969 mil milhões de euros. Uma quebra de 12.000 milhões de euros em apenas três anos.
Serão estas as grandes conquistas económicas do país que “devemos proteger para não deitar tudo a perder” que recomendam Passos, Portas e Cavaco? Bem, para a esmagadora maioria dos portugueses seguramente que não. Ou será que os nossos governantes falam em nome dos detentores das grandes fortunas nacionais, em nome dos cerca de 1.000 super-ricos (com fortunas superiores a 30 milhões de dólares) que em apenas um ano, de 2012 para 2013 não só aumentaram em número como no valor das suas fortunas cerca de 11,1%? Em nome do povo, em nome do cidadão comum deste país é que não é certamente. O que eles não querem alterar são as suas políticas, as suas “reformas”, de destruição do modelo económico e social do chamado estado social conquistado com a revolução democrática do 25 de Abril de 1974.
O que eles pretendem é um novo modelo de sociedade com uma forte redução dos direitos sociais, da protecção social e laboral. Reduzindo ao mínimo as funções sociais do Estado, na Educação, na Saúde, na Justiça. No fundo, o seu objectivo último e não declarado, o que visam com a destruição do estado social é na verdade uma transferência de rendimentos da população em geral para um reduzido número de portugueses detentores e gestores de grandes empresas. Tudo se resume sempre à posse do dinheiro e à distribuição da riqueza que se cria. Coloca-se um povo na miséria para encher os bolsos a um punhado de super-ricos. E que este “novo modelo social” se consolide e perpetue nos tempos são os seus desejos e a sua luta “custe o que custar”.
Porque para Passos, Portas e Cavaco, as grandes conquistas por eles alcançadas, com o precioso auxílio da Troyca e que “não devem regredir” são afinal autênticos atentados à sociedade, um verdadeiro terrorismo social. Senão vejamos:
8. Uma redução salarial superior a 6% para os trabalhadores do sector privado desde 2010 e redução salarial mais acentuada para os trabalhadores da função pública.
9. Mais horas de trabalho e trabalho extraordinário menos valorizado do que em 2010.
10. Cortes no subsídio de desemprego, inserção social, apoio idosos, de doença e abono de família desde 2010.
11. Cortes no valor das reformas e pensões efectuadas em 2011 e anos seguintes.
12. Saúde mais cara, mais degradada e mais longínqua com o encerramento de muitos centros de saúde.
13. Educação mais cara e mais degradada e mais longínqua.
14. Justiça mais cara, degradada e longínqua.
15. Impostos sobre o trabalho colossalmente aumentados nestes últimos quatro anos de governação Passos, Portas e Cavaco.
16. Portugueses mais pobres com a venda ao desbarato das empresas rentáveis, CTT, Galp, Ren, PT., do património nacional, do património de todos.
As “reformas” anunciadas por Passos, Portas e Cavaco, como necessárias ao desenvolvimento económico, visaram e visam (porque para eles a tarefa ainda não se encontra concluída) apenas o enfraquecimento ou a aniquilação por asfixia do estado social, por redução das verbas mínimas indispensáveis ao seu funcionamento. São verdadeiramente reformas anti-sociais, que têm como objectivo último retirar rendimentos à maioria da população para os entregar de mão beijada aos mais ricos. Como diz o prémio Nobel da economia Joseph Stiglitz “os ricos do topo aprenderam a extrair dinheiro dos outros com métodos que esses outros mal conhecem – é essa a sua verdadeira inovação”.
Será que os cidadãos deste país irão engolir sem luta esta patranha deste triunvirato que nos governa, tão absurda e estúpida e que se resume a “mais austeridade para sairmos da austeridade”?