quarta-feira, junho 29, 2016

O BREXIT

Pelo modo arrogante e musculado como as estruturas do poder político, financeiro e mediático, que hoje governam as instituições europeias e os países do euro, estão a enfrentar, a dirigir e a comentar a saída do Reino Unido da União Europeia, parece que os líderes de tais instituições não querem entender ou, o que nos parece mais exacto, aparentam fingir não entender os verdadeiros motivos, a razão pela qual os cidadãos daquele país se opuseram em referendo à permanência na UE.
 Há duas situações resultantes da aplicação das políticas das instituições europeias ao longo dos últimos anos que manifestamente vieram prejudicar a vivência da esmagadora maioria das populações de cada país do euro, que vieram diminuir os seus rendimentos e o seu bem-estar social.
Na verdade, os trabalhadores e a classe média de rendimentos médios e baixos, não beneficiaram os seus rendimentos com a permanência do seu país na UE. Ao contrário do que aconteceu com a classe dos mais ricos, económica e financeiramente mais poderosos, que viram nestes últimos anos aumentar os seus privilégios e a sua riqueza.
 Para esta minoria da população, donos de grandes empresas e com grande poder financeiro, é da maior conveniência a mais ampla desregulação da emigração. Para eles pouco lhes importa que os trabalhadores sejam turcos, romenos, marroquinos ou angolanos, o que lhes importa verdadeiramente, é que o salário que lhes pagam seja o menor possível. Não têm quaisquer preocupações sociais em relação aos seus conterrâneos que entretanto desesperam ao verem ameaçados o seu salário e o seu posto de trabalho com tal política de emigração desregulada.
Uma outra situação, que desfavorece a maioria da população de cada país do euro prende-se com a total desregulação da circulação de capitais e mercadorias. As grandes empresas desejam uma tal política porque a abertura de mais mercados lhes permite maiores lucros. Pouco lhes importa, que como consequência desta abertura desregulada, os pequenos e médios empresários do seu país se vejam de um momento para o outro ameaçados no seu negócio com a entrada dos “trapos” chineses ou tailandeses por exemplo.
 As estruturas do poder político, financeiro e mediático, que hoje governam as instituições europeias, dirigem as suas políticas para o favorecimento da classe mais poderosa económica e financeiramente em cada país do euro. Ao mesmo tempo, manifestam um total alheamento, até mesmo um total desprezo pelos reais problemas dos trabalhadores e da classe média de baixos e médios rendimentos.
É por esta razão que lhes custa admitir os verdadeiros motivos do desencanto das populações nos diversos países quanto à União Europeia. Uma UE que coloca como única preocupação servir os interesses de uma minoria de privilegiados, desfavorecendo e agindo contra os naturais e justos anseios e interesses da esmagadora maioria da população em cada um dos países da União.
 Um tal poder político e mediático, que hoje governa as instituições europeias e dirige as suas políticas esforça-se, por outro lado, em apresentar os interesses da classe minoritária que servem, como interesses gerais, como interesses únicos de toda a população, omitindo malevolamente que hoje existe em cada país do euro duas grandes classes sociais, com interesses divergentes e contraditórios. A classe dos trabalhadores e classes médias e a classe dos donos e gestores das grandes empresas e multinacionais. Uma desfavorável e outra favorável ao euro e á União Europeia.