quinta-feira, janeiro 18, 2018

RUI RIO E O NEOLIBERALSIMO

O NEOLIBERALISMO ALIMENTA-SE DA AUSTERIDADE
A crise financeira internacional agudizou e trouxe ao de cima as contradições profundas do modelo neoliberal – domínio da Finança sobre a Produção e aceleração das desigualdades sociais - que resulta em mais desemprego, menos crescimento económico e empobrecimento da maioria das populações. Os índices económicos a partir de 1980 comprovam-no. O neoliberalismo é um modelo esgotado, mas até à “experiência portuguesa” da coligação parlamentar do PS com o BE e PCP, foi considerado por essa Europa fora como o modelo único e sem alternativa. Com esta “experiência portuguesa” e com os sucessos económicos e sociais que alcançou, a Europa do euro viu-se obrigada a reconhecer a falácia desta crença e dar o braço a torcer.
O neoliberalismo impõe e alimenta-se das políticas de austeridade e só persistirá enquanto persistirem as políticas de austeridade.

O MODELO SOCIAL EUROPEU RESSUSSSITOU O governo de António Costa rompeu com estas crenças neoliberais ao estancar a austeridade com a devolução de rendimentos aos reformados e aos trabalhadores e aumentando o salário mínimo e os benefícios sociais e, para pasmo dos crentes do neoliberalismo, com tais políticas distributivas não só aumentou o emprego e diminuiu o desemprego como a economia cresceu, o défice público e a divida desceram. O “modelo social europeu”, enterrado há muito pelas cúpulas de Bruxelas, ressuscitou e demonstrou ser a alternativa eficiente às políticas de austeridade.
Dois modelos de sociedade estão hoje em confronto no país – o modelo neoliberal austeritário e o modelo social democrático do governo do PS em coligação parlamentar.
O CDS e o PSD vêem defendendo encarniçadamente o modelo neoliberal. O novo líder do PSD, pelas palavras que declarou quando questionada pelas medidas do anterior governo “faria igual a Maria Luís Albuquerque, ou pior”, confirma também ele a sua fé nas políticas neoliberais. Na defesa destas políticas não será seguramente tão radical quanto Passos Coelho mas ainda assim convicto da justeza da sua aplicação.

  UMA VEZ MAIS O DIABO NO DISCURSO DO PSD Rui Rio só aceitará um eventual apoio ao PS em próximas eleições se o PS romper com a política social que vem aplicando. Manuela Ferreira Leite, apoiante de Rui Rio, não podia ser mais clara e elucidativa quando afirma “é bom vender a alma ao diabo para por a esquerda na rua”.
O PSD nesta sua nova configuração, pelos vistos, tentará tudo para recolocar o PS na velha trajectória neoliberal.
Não creio que isto acrescente o que quer seja à Democracia. Pelo contrário, será um retrocesso. Do neoliberalismo dificilmente se poderá dizer que honra a Democracia quando atira para o desemprego tantos trabalhadores, lhes diminui rendimentos e agrava as desigualdades sociais.

segunda-feira, janeiro 08, 2018

UM PARTIDO POLÍTICO PERDURA PARA ALÉM DAS SUAS LIDERANÇAS

Um partido político perdura para além das suas lideranças.
Defender o partido não é a mesma coisa que defender uma liderança em determinado momento. Ao contrário, por vezes defende-se o partido criticando as políticas de uma determinada liderança. Quando uma liderança se afasta dos princípios ideológicos do partido só deverão merecer elogios os militantes que permanecem fiéis a tais princípios e que os defendam mesmo contra a própria liderança de momento.
Esta situação acontece muitas vezes na vida dos partidos e, lamentavelmente, por comodismo ou oportunismo a esmagadora maioria dos seus militantes prefere colocar-se incondicionalmente ao lado de uma qualquer liderança por mais que as suas acções e as suas políticas se afastem da doutrina do partido que aceitaram apoiar e defender. E, logo que uma nova liderança apareça, com novas e diferentes opções, estes mesmos militantes correm a prestarem-lhe incondicional apoio quando antes defendiam opções completamente distintas.
 E, assim, tais militantes vão perdurante eternamente na graça e nos “favores” das sucessivas lideranças que vão surgindo.
Vem isto a propósito da crítica de Santana Lopes a Rui Rio no confronto de há dias.
Santana acusou Rui Rio pelo apoio que este recebe de Pacheco Pereira ou mesmo de Ferreira Leite, destes “velhos” militantes do PSD. Para Santana trata-se de figuras “excomungadas” do partido e, segundo a sua narrativa apenas e tão só porque de algum modo ousaram criticar algumas das políticas da acção governativa de Passos Coelho.
Santana agarra-se e cola-se às políticas neoliberais e anti-sociais democratas de “mais austeridade para sair da austeridade” praticadas até ao limite pelo anterior governo PSD/CD convicto de que assim merecerá o apoio dos deputados e dos autarcas do PSD seleccionados e apoiantes de Coelho.
Este comportamento de Santana é de um total oportunismo a todos os títulos condenável. Contudo, quando se esperaria de Rui Rio a assunção da diferença, criticando e condenando as erradas e nefastas políticas governativas de Coelho, viu-se o candidato a procurar e, pasme-se, tentar de modo semelhante colher as boas graças da clientela partidária de Coelho aplaudindo as “boas práticas governativas” do anterior governo.
  Uma lástima para quem ainda tinha esperanças de uma ruptura do PSD com as políticas neoliberais e anti-sociais da sua prática política recente.