sexta-feira, março 02, 2018

O “CHORADINHO” DOS AUTARCAS

O presidente da ANEFA (Associação Nacional de Empresas Florestais, Agrícolas e do Ambiente), garante que ao contrário do que se tem dito os preços não dispararam nas empresas que fazem os trabalhos de limpeza da floresta e que muitas delas até estão paradas por falta de trabalho. Afirma também que “bastará aos municípios contactarem esta associação que lhes será dada uma lista das empresas disponíveis, algo que até agora só duas autarquias fizeram.”
As autarquias estão próximas da população e são elas que gerem o seu território. Deveriam ser elas as primeiras a tomarem muito a sério o cumprimento das obrigações da limpeza das matas que o Decreto-Lei nº 124, e desde 2006 lhes incumbe. Em vez de tentarem arranjar desculpas, com argumentos pelos vistos infundados, deveriam antes responder com rapidez às suas obrigações. O que está em causa é a defesa de pessoas e das suas casas contra os incêndios florestais. Para tanto é indiscutivelmente necessário e urgente que as Autarquias procedam à limpeza da faixa de 50 metros ao redor das casas em zonas consideradas de risco de incêndio expressas no Plano Municipal de Defesa Florestal Contra Incêndios (PMDFCI) quando os proprietários a não executarem. É certo que alguns proprietários não irão gostar da intervenção da autarquia nos seus terrenos e em próximas eleições poderão penalizar com o seu voto os eleitos camarários. Esta, uma das razões que os tem levado a demonstrar tanta renitência às directrizes governamentais. Mas terão que colocar os interesses sociais acima dos seus interesses particulares.
E, se chegados ao Verão todas as casas estiverem preventivamente defendidas contra incêndios com a limpeza da faixa de 50 metros ao redor delas poderemos estar certos que foi dado um grande passo para a defesa das vidas e dos bens das populações. E se por outro lado, na rede viária municipal, os 10 metros para cada lado da via não estiverem na sua totalidade limpos ou se as faixas de 100 metros ao redor dos aglomerados populacionais igualmente não existirem meios e tempo suficientes para a sua total limpeza, poder-se-ão desculpar as autarquias. Para a falta de limpeza dos 50 metros ao redor das casas é que não terão seguramente desculpa.
Faz bem o governo em não ceder ao “choradinho” dos autarcas a que temos vindo a assistir nestes últimos dias.

RUI RIO, UM HOMEM DO PASSADO A VIVER NO PASSADO, COM UM DISCURSO FIM DE CONGRESSO DESONESTO, PATÉTICO E FORA DA REALIDADE

Rui Rio, ao criticar, desprezar e rejeitar no seu discurso de fim de Congresso as políticas social-democratas que o governo do PS com o apoio parlamentar do BE e PCP vem aplicando desde há dois anos e que tão benéficos resultados trouxeram ao país quer no campo social, orçamental ou económico, revelou a sua mesquinhez política, revelou a sua falta de rigor na análise da política nacional, revelou ainda e sobretudo, a sua matriz neoliberal e a sua pretensão, oculta numa roupagem pseudo social democrata, de continuar na crença das velhas políticas neoliberais do anterior governo PSD/CDS, que tão péssimos resultados obtiveram para sofrimento dos portugueses.
Desvalorizou o crescimento económico de 2,7% do PIB que é só o maior crescimento atingido por Portugal desde o ano 2000, como desvalorizou ignorando o valor do défice Público de 1,3% em 2017 o mais baixo registado desde Abril de 1974, como desvalorizou ignorando o valor da taxa de desemprego, como desvalorizou ignorando valor mais alto do emprego, como desvalorizou ignorando todos os outros indicadores económicos que demonstram a justeza da inversão das políticas neoliberais, a justeza das políticas de distribuição e devolução de rendimentos levadas a cabo pelo governo de António Costa.
Mais, atribuiu os extraordinários resultados económicos destes últimos dois anos, apenas e tão só, à conjuntura económica externa. E o seu alheamento da realidade económica, a sua ilusão económica é tão grande que vai ao ponto de dizer que um outro qualquer governo, um outro governo que fosse, segundo ele, “amigo do investimento e das empresas” e que não se encontrasse “amarrado” ao BE e ao PCP, como por exemplo, subentende-se, o último do PSD/CDS de Passos Coelho atingiria com facilidade maiores crescimentos económicos que os agora verificados.
Rui Rio nega os efeitos muito positivos e indispensáveis ao relançamento económico levados a cabo pelas políticas de reversão de António Costa. Despreza e condena como bem declarou as políticas que fomentam o consumo através da elevação dos rendimentos das famílias, atribuindo ao consumo uma dimensão negativa no crescimento económico. Aqui é o velho liberal a falar, doutrinado nas teorias de há três séculos atrás, no pensamento “em que a oferta cria a sua própria procura” teoria requentada por Friedman no último século. E assim, no remanso desta teoria, dêem-se todas as facilidades às empresas, baixando IRC, desregulando as leis laborais, tornando os salários mais baratos, retirando força aos sindicatos “já que estes não permitem que haja uma “livre” contratação da mão-de-obra, impedindo que o valor da força de trabalho se fixe pelas leis de mercado (Friedman).” A teoria é velha mas os seus seguidores são actuais. Deram-lhe novas roupagens e criaram novos conceitos. E exigem, a bem da “modernidade”, as chamadas “reformas estruturais” para melhor e mais rapidamente concretizarem os seus objectivos anti sociais.
  Rui Rio, um homem do passado a viver no passado, com um discurso fim de Congresso desonesto, patético e fora da realidade. Uma desilusão para quem ainda acreditava ser possível a Social Democracia no PSD.